CMC aposta em Hillary Clinton para 2008. A Sra. Clinton parece de facto estar na pole position para a nomeação democrata, graças a uma inteligente estratégia de tentativa de colagem ao centro (procurando apagar a sua conotação com a ala esquerda do Partido Democrata) e à insensatez de Al Gore - com um radicalismo esquerdista a raiar por vezes o ridículo nos últimos tempos. Embora as sondagens atribuam vantagem sobre Hillary aos principais candidatos potenciais do lado republicano para 2008, ainda falta muito tempo e é pelo menos possível que a impopularidade de Bush venha a custar a presidência ao GOP.
Pela minha parte, como não supreenderá, não fico nada entusiasmado com um possível regresso da família Clinton à Casa Branca mas concordo plenamente com CMC num aspecto: Hillary Clinton não é um marioneta. Em alguns aspectos, antes fosse...
August 13 marks an important anniversary in American economic history. Twenty-five years ago that day, Ronald Reagan signed into law the Economic Recovery Tax Act of 1981, which cut income tax rates by about 30 percent across the board. It marked an end to stagflation and the beginning of an economic renaissance that we all benefit from to this day.
A scathing look at how the Republican Party, once the paragon of fiscal conservativism, has embraced Big Government and become even more irresponsible with taxpayer money than the Democrats.
Mais do que alguns (ainda ligeiros e frágeis) progressos no combate à hegemonia da esquerda no espaço mediático e alguma maior atenção dedicada a alternativas de inspiração liberal no domínio das políticas públicas, estou convicto de que textos como estes - pelo grau de reflexão que indiciam - constituem as melhores razões para estar optimista (ou menos pessimista) quanto à evolução futura do liberalismo em Portugal.
No que diz respeito à guerra das ideias, o panorama em Portugal (excepção feita à blogosfera) continua a ser pouco animador, mas sabemos que algum progresso está a ser feito quando a própria extrema-esquerda começa a dar sinais de desconforto por ser referida como... extrema-esquerda.
Pressure mounted on the Sudanese government on Friday to allow a U.N. peacekeeping force to replace the 7,000-strong African troops in Darfur, and both U.N. and U.S. officials warned of increasing violence.
Britain and the United States have introduced a Security Council resolution that would field up to 17,000 troops and 3,000 police in the lawless western region, despite opposition from the Arab-dominated government in Khartoum.
É apropriado que Daniel Oliveira se penitencie por ter publicado uma montagem como se fosse uma fotografia verdadeira mas não deixa de ser interessante a facilidade com que muita gente de extrema-esquerda parece capaz de acreditar nas coisas mais absurdas (e o caso desta fotografia falsa nem é dos piores...) desde que sirvam para atacar Bush ou o "imperialismo" americano.
A recent poll revealed that a quarter of British Muslims believed the 7/7 attacks were justified, with the number rising to one third among younger Muslims.
Many of these young people live in a kind of cultural limbo, stranded between the repressive culture of the Asian subcontinent and the debauched and degraded culture of Britain. And the terrible message of the jihad is a siren song for those who have been abandoned in a psychic desert and who search for a meaning to their lives.
It gives them an identity which provides self respect because it casts them in a heroic mould: fighting to ‘defend’ the kingdom of God. It is an identity built on undiluted hatred, on lies, on paranoia, on mass murder and even attempted genocide.
These are ideas that kill. And because they are ideas, some of the most significant recruiting grounds are not the backstreet mosques and madrassahs but those seats of intellectual inquiry, the universities. Britain’s campuses are now the prime hunting grounds of the jihad.
A recent Pew opinion poll across Europe revealed that, while Britain was the most respectful country of all towards its Muslim citizens, they repaid the compliment by hating their home country, the west and the Jews more than Muslims anywhere else. Why? The answer is inescapable. British Muslims are being radicalised by Britain itself.
Three years ago no one was talking about profiling at airports. Now the British are exploring how best to do it. Indeed, one of the stranger developments in recent memory is now taking place the world over: Young, Middle-Eastern, Muslim men are eyed and studied by passengers at every airport — even as governments still lecture about the evils of the very profiling that their own millions are doing daily. Muslims can thank al Qaeda, Hamas, Hezbollah, and an entire culture that won’t condemn terrorism for such ostracism, which only increases with each suicide bomber, human shield, hijacking, kidnapping, and macabre reference to genocide and Jew-killing.
In an amorphous war of self-induced Western restraint, like the present one, truth and moral clarity are as important as military force. This past month, the world of the fascist jihadist and those who tolerate him was once again on display for civilization to fathom. Even the most timid and prone to appeasement in the West are beginning to see that it is becoming a question of “the Islamists or us.”
In this eleventh hour, that is a sort of progress after all.
Depois de ter feita tanta pressão para um cessar-fogo no Líbano, a França parece recuar. Já não vai preencher a maior parte do contingente de 20.000 homens necessários à formação da força militar para desarmar o Hezbollah. Passando por cima de estupefacção que uma decisão destas poderá causar, é importante não esquecer, conforme referi na passada quarta-feira, que com este cessar-fogo, tanto a ONU, como a França, estão envolvidas no Médio Oriente até ao pescoço. Um qualquer falhanço porá em perigo o seu papel no mundo. O assunto é sério, porque há pior. Se o Hezbollah não desarmar, a guerra volta e a paz só regressará com o extermínio de um lado: Ou Israel, ou o Hezbollah. Mas ainda é possível descer mais fundo. O fim do tampão sunita que era o Iraque de Saddam, permitiu uma maior influência do Irão xiita, em todo o Médio Oriente. O medir de forças entre sunitas e xiitas é uma constante e, como bem o faz saber Vali Nasr, no seu The Shia Revival: How Conflicts within Islam Will Shape the Future, uma luta fratricida pode transformar a região num caos ainda maior.
Q. What is the current state of your relations with the Socialist movement?
Hasan Nasrallah: The socialist movement, which has been away from international struggle for a considerable time, at last has begun to offer moral support for us once again.
Political fixers at the Kremlin think they have found a solution to the failing fortunes of the party that was engineered to support President Vladimir Putin: create another one that pretends to be an opponent.
Mr Putin's aides are concerned that United Russia, the pro-Kremlin party that dominates parliament, is jaded and losing the support of the electorate. Vladislav Surkov, deputy head of the presidential administration, said Russia needed "a second major political party, which will need time to come to life, though we've become used to thinking that everything must be done at one go". He said it could eventually replace United Russia, which lacks ideology besides offering unwavering support for the president.
Como bem notou o FCG, existe uma notória continuidade de práticas desde a Rússia Czarista à Rússia "democrática" (incluindo o periodo da URSS). Era corrente o hábito de criar partidos para suportar o establishment no periodo final da Rússia czarista.
A CounterPunch entrevistou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah. Para além dos agradecimentos a Chavez, destaco a declaração de Nasrallah no final da entrevista.
Peace cannot be unilateral. So long as there is imperialism in the world, a permanent peace is impossible. This war will not come to an end as long as there are occupations in Iraq, Afghanistan and Palestine.
A publicação da carta de adesão de José Carlos Rates, fundador e primeiro secretário-geral do PCP, à União Nacional em 1931: no ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO.
A ONU decretou, está decretado. Cessar-fogo no Líbano. Israel retira? Sim, mas o exército regular do Líbano assume a função de desarmar o Hezbollah. Acontece que grupo terrorista não está disposto a entregar as armas, e aparentemente os libaneses também não estão com grande vontade de cumprir o seu papel. Ora, a força multinacional, liderada pelos países europeus, em especial a França, não pretende enviar tropas se houver riscos de encontrar brigadas do Hezbollah armadas até aos dentes. Os israelitas também já manifestaram que não é fácil desmobilizar todo aquele exército de uma forma expedita. Uma triste figura: da ONU e da Europa, reféns do "politicamente correcto", e que por orgulho decidiram aceitar um "presente envenado": tentar provar aos EUA e à comunidade internacional que com a sua urbanidade e civilidade conseguiriam resolver as tensões no Líbano sem "sujar as mãos", coisa que, já se havia visto, não é possível; a esta hora, Bush, que já leu "O Estrangeiro" de Camus, estará mais habilitado a compreender a "crise existencial" dos europeus em matéria de política externa; as hienas que se riram, agora chorem, com esta realidade deprimente: o governo do Líbano - como muitos outros de Estados em seu redor - estão limitados pelas suas fragilidades, dominados pelas forças terroristas e pelos que os financiam (como o Irão). E a Europa, vai agora pagar o preço? Quem envia as tropas? Quem desarma os terroristas? Israel? Não pode. O Libano? Não consegue (nem quer). Os EUA? Bush não tem tempo: está agora a tentar ler Sartre...
O facto de se tratar de uma ameaça à existência de Israel provavelmente ajuda, mas não deixa de ser notável que um número tão substancial de figuras de peso em Hollywood subscrevam uma abaixo-assinado com este teor:
We the undersigned are pained and devastated by the civilian casualties in Israel and Lebanon caused by terrorist actions initiated by terrorist organizations such as Hezbollah and Hamas
Entre os singnatários incluem-se Nicole Kidman, Michael Douglas, Dennis Hopper, Sylvester Stallone, Bruce Willis, Danny De Vito, Don Johnson, James Woods, Kelly Preston, Patricia Heaton e William Hurt, assim como os realizadores Ridley Scott, Tony Scott e Michael Mann.###
Todos os impostos são suportados, em última instância, pelos consumidores. Ou pela imposição directa dos tributos; ou então diluídos no preço: os impostos são para as empresas custos de produção (como os salários, os encargos sociais, as matérias-primas). Numa economia aberta à concorrência, as empresas que não conseguem repercutir a totalidade dos seus custos não sobrevivem. Os capitais, se alocados a uma dada produção, não apresentam rentabilidade, são canalizados para investimentos mais satisfatórios. Os países que são exportadores líquidos transferem para os consumidores de outras jurisdições parte da carga fiscal destinada a financiar o Estado de origem da empresa produtora. A inversa ocorre no caso dos países como Portugal, importadores líquidos. Os conceitos de dupla tributação económica/internacional são válidos, mas formais, analíticos, servem para perceber como é que os Estados obtêm a sua receita (o seu domínio é também fundamental para que uma empresa seja competitiva). Os Estados fraccionam a sua cobrança - entre IRS, IRC, IVA, Imposto do Selo, Imposto sobre Produtos Petrolíferos, Imposto de Circulação, Impostos Especiais sobre o Consumo - para que os consumidores fiquem com a sensação que o encargo é repartido pelos vários agentes económicos. Abrindo espaço para que muitas empresas busquem vantagens relativas em juridições onde a combinação dos distintos factores - entre os quais o fiscal - conduzem a um mix que possibilita uma redução dos custos. Para serem mais competitivas. Agora, substantivamente, repito, os impostos são sempre suportados pelos consumidores.
A onda de falso pudor despertado pela tardia revelação de Grass assume proporções pouco mais que ridículas. É de espantar que a esquerda alemã, que cobre um arco latitudinal que recobre a burguesia bem-pensante, os "ocupas", os nostálgicos da RDA mais os sempiternos ingénuos, responda com pesar e indignação à confissão amargurada do Nobel.
(...)
Grass escolheu as SS. Tratou-se, evidentemente, de uma escolha ideológica. Ninguém o obrigou e o próprio confessa que foi a porta de fuga para se subtrair à autoridade dos pais. Nesse simples comentário diz tudo: o nazismo foi, como o comunismo, um movimento que conseguiu, com mestria, impor o poder dos jovens - da violência, do sentimento, da vontade - sobre sociedades firmemente ancoradas na autoridade. Ora, então, não é de espantar que o percurso subsequente de Grass - militante daquela esquerda roçando o comunismo - poucas diferenças apresente em relação às suas primícias. Essa esquerda e aquele tribalismo - desfiles, emoções, sonhos, cânticos, massas, anulação do indivíduo - são expressão de uma mesma estética. Grass não se enganou. Escolheu, apenas, aquilo que melhor se enquadrava na sua visão do homem e da sociedade.
Em relação à escapatória dos custos de transição que o governo alega, para empurrar o problema e a solução mais para frente, como fizeram todos os outros governos que o precederam, André Azevedo Alves não refere que a falácia do governo se sustenta duma questão muito simples frequentemente esquecida: a contabilidade pública não é uma contabilidade de custos e proveitos, com um balanço que reflecte a situação patrimonial e uma demonstração de resultados, mas uma contabilidade de receitas e despesas. Resulta deste pecado original que só são reflectidas nas contas dum ano as despesas liquidadas nesse ano, como em tempos aqui recordei.
É por isso que o governo se preocupa com as consequências naturais da adopção desse sistema misto que o obrigaria a relevar as enormes responsabilidades já incorridas por pensões a pagar e o gigantesco volume das responsabilidades futuras por direitos adquiridos dos actuais activos. É como um icebergue de que se esconde a grande massa submersa. Submersa na incúria, negligência e manipulação fraudulenta do sistema de segurança social a que os governos sem excepção se têm dedicado.
Governo português coloca PE no seu devido lugar (2)
A confirmar-se esta notícia, é de aplaudir antes de mais o sentido de Estado de Luís Amado e José Sócrates ao não cederem ao circo montado pela ridícula (e abusiva) comissão do Parlamento Europeu.
O Governo português deverá recusar fornecer informações ao Parlamento Europeu, que está a investigar o envolvimento de países europeus em actividades suspeitas da CIA, nomeadamente a realização de voos ilegais.
Segundo uma fonte próxima do primeiro-ministro, citada pelo DN, o «Governo português responde perante a Assembleia da República e não perante o Parlamento Europeu».
Algumas considerações adicionais:
1. É claro que no sistema político português a (necessária) identificação da maioria parlamentar com o governo retira quase toda a eficácia e credibilidade aos "inquéritos parlamentares".
2. Ainda bem que foi um governo socialista a tomar esta decisão. Imagino o que alguns diriam se o governo fosse outro...
Last week, British authorities arrested 24 members of a terrorist cell plotting to blow up about a dozen U.S.-bound planes simultaneously. As a result of those arrests, we learned:
1) Nothing being done by airport security since 9/11 would prevent a bomb from being brought onto an airplane; and
2) This terrorist plot — like all other terrorist plots — was stopped by ethnic profiling.
Last week marked the first official admission that everything government airport screeners have been doing until now is completely pointless — unless you're an airport security guard with a thing for women's undergarments, in which case it's been highly effective.
Depois do início do cessar fogo, todos parecem concordar com a sua necessidade mas ninguém pretende tomar a iniciativa. O próprio "governo" libanês entende era a Israel que competia essa missão.
The Lebanese Cabinet agreed Wednesday to deploy the Lebanese army south of the Litani River starting the next day, a key demand of the cease-fire that halted 34 days of fighting between Israel and Hezbollah. But it left unclear the issue of disarming the Islamic militant group.
1. As forças imperiais. São sempre elas que estão em jogo. Os cidadãos de esquerda deste mundo, os que não são esquerda e os que não são cidadãos, todos eles poderiam ter embarcado num dos aviões que explodiriam na semana passada. Ou em 1995, quando foi abortado um plano para explodir aviões sobre o Pacífico antes do Iraque e do Afeganistão. Ou em 2001, num dos andares do WTC. Francisco Louçã não encaixa nada disto na sua leitura dos factos. Nada disso importa. Nada disso se relaciona com o integrismo do Hezbollah, do Irão, da Al-Qaeda. Quando Louçã olha para as forças imperiais, encontra um só Darth Vader que quer «a política da guerra». Simples como um biscoito.
O André Azevedo Alves referiu ser, na politica externa, a escola realista a melhor alternativa, para a direita, à influência neoconservadora que parece esmorecer nos meandros da administração Bush. No entanto, embora concorde com o André, devo chamar a atenção que esta mudança de estratégia da política externa norte-americana não é de agora.
Já no discurso da tomada de posse de George W. Bush para um segundo mandato presidencial, este, mesmo dando ênfase à causa da liberdade, evidenciava que a política norte-americana iria sofrer, nos quatro anos seguintes, uma aproximação à escola realista.
Por sua vez, a revista ‘The National Interest’, na sua edição de Inverno de 2005, chegou a apresentar uma série de ensaios a que intitulou ‘Cismas Conservadores’, numa alusão ao ajuste que a política externa americana poderia vir a sofrer nos próximos anos. Num desses artigos, Robert Ellsworth e Dimitri K. Simes apontaram aquela que, no seu entender e num forte pendor realista, deveria ser a trajectória da política externa de George W. Bush. Diziam eles, numa crítica velada aos neo-conservadores, que, "Neoconservatives both in and outside the administration to make American foreign policy more effective is to change the tone of American statements and to engage in better public relations. This is fantasy. What is required is not just a change in salesmanship, but rather how U.S. policy is conducted”, acrescentando que “(…) President Bush will enhance his legacy and do a lot of good for U.S. foreign policy effectiveness if he makes high-minded realism his foreign policy motto”. Mencionavam de seguida que esse realismo se deverá basear em cinco importantes princípios que são, a) o combate ao terrorismo, b) o restabelecimento dos EUA como líderes do Ocidente em matéria de política externa, c) o seguir os conselhos de Theodore Roosevelt “to speak softly while carrying a big stick”, quando se dirigir aos seus aliados e adversários, d) abandonar a ideia que todas as nações e povos partilham os mesmos valores e, por último, e) não encarar a democracia como uma imposição imperial, mas procurar que os povos, por si a queiram, aceitem e por ela lutem.
Ora, no seu discurso de tomada de posse para um segundo mandato, George W. Bush, pareceu ir ao encontro destas pretensões e conselhos realistas quando, por exemplo, mencionou que “This is not primarily a task of arms” e “America will not impose our own style of government on the unwilling. Our goal instead is to help others find their own voice, attain their own freedom, and make their own way.” Numa série de passagens do seu discurso, Bush deu-nos a entender que, se pretendia manter os mesmos objectivos de liberdade, iria também ter um maior cuidado na implementação da sua política e na forma com que iria abordar, não apenas os seus adversários, mas também o seus aliados. O discurso está cheio de frases e palavras subtis, tais como “The great objective of ending tyranny is the concentrated work of generations” que nos demonstram ter este presidente concluído não conseguir mudar o mundo em tão pouco tempo. Na verdade, como o próprio o refere, “America’s influence is not unlimited (…)”.
Bush não é o primeiro presidente a falar de liberdade no seu discurso de tomada de posse. Já Kennedy o fez, numa altura em que pouco se falava das correntes neo-conservadoras, quando disse: "Let every nation know, whether is wishes us well or ill, that we shall pay any price, bear any burden, meet any hardship, support any friend, oppose any foe to assume the survival and success of liberty." Nada há de mais, pois, na ênfase dada à liberdade por George W. Bush. Pelo contrário, e baseado nas razões aludidas, creio que já em Janeiro de 2005 era previsível assistirmos, no segundo mandato presidencial, a uma correcção realista da política externa norte-americana, o que o papel de Condeleeza Rice, à frente da Secretaria de Estado, só veio confirmar.
A forma como os neo-conservadores se posicionam face à realidade à medida que esta evolui não auspicia em nada o seu fim. Estamos a falar de gente que consegue como ninguém marcar a agenda mediática. Veja-se como Francis Fukuyama se demarcou do movimento neoconservador, sem renegar aos seus princípios fundamentais, quer em 2004, no The Neoconservative Moment (The National Interest, Summer, 2004; podem ler o artigo completo aqui: cortesia findarticles.com), defendendo, sem reservas, a "ex post legitimacy"; ou acusando os seus pares de terem extremado os valores essenciais do pensamento original, abusando da expressão "excessive"; quer no seu mais recente livro, "After the Neocons: America at the Crossroads":
"Having long regarded myself as a neoconservative, I thought I shared a common world view with many other neoconservatives - including friends and acquaintances who served in the administration of George W Bush . . . I have concluded that neoconservatism . . . has evolved into something that I can no longer support."
Lendo aquilo que em 2004 e 2005 foi sendo escrito na The National Interest no debate mantido com Krauthammer, ou o que se publica aqui, ninguém diria que Fukuyama foi um dos principais artífices, no plano da justificação, da intervenção no Iraque.
Como bem assinala Martin Jacques no The Guardian, "Fukuyama is good at reading «the moment»", característica que pode ser alargada a outros pensadores da corrente neoconservadora. Importa, assim, nunca menorizar a capacidade dos que, acreditando numa realidade construída numa base dialéctica, mas fechada, são capazes de se ir adaptando às contingências não previstas do processo histórico. E não se julgue que esta é uma realidade longínqua apenas constatável nos meios intelectuais e políticos norte-americanos: Portugal está recheado destes artífices da cosmética ideológica.
(...) A influência neoconservadora não tem sido suficientemente desmascarada pelas direitas europeias, que optam pelo apoio expresso ou envergonhado a correntes que não encontram qualquer acolhimento na nossa forma de pensar: nem a visão internacionalista de Krauthammer, nem o pensamento ziguezagueante de Fukuyama (num misto de arrependimento justificado na crença da superioridade Moral norte-americana e de crítica aos que, assolados pela realidade, e com tanta luz, já não a conseguem discernir) nos servem (...)
As a supporter of the peace movement in the 1980s, I could never have imagined that many of the same crowd I hung out with then would today be standing shoulder-to-shoulder with militantly anti-feminist Islamic fundamentalist groups, whose views on women make western patriarchy look like a Greenham peace picnic. Nor would I have predicted that today’s feminists would be so indulgent towards Iran, a theocratic nation where it is an act of resistance to show an inch or two of female hair beneath the veil and whose president, Mahmoud Ahmadinejad, is not joking about his murderous intentions towards Israel and the Jews. (...) Women are perfectly entitled to oppose the war in Iraq or to feel that Israel is brutally overreacting to Hezbollah’s provocation. But where is the parallel, equally vital debate about how to combat Islamic fundamentalism? And why don’t more peace-loving feminists regard it as a threat? Kira Cochrane, 29, is the new editor of The Guardian women’s page, the bible of the Greenham years, where so many women writers made their names by staking out positions on the peace movement. She has noticed that today’s feminists are inclined to keep quiet about the march of radical Islam. “There’s a great fear of tackling the subject because of cultural relativism. People are scared of being called racist,” Cochrane observes.
No que diz respeito à política externa, a questão fundamental para os EUA nos próximos tempos é que qualquer alternativa credível à direita em termos de política extrerna deverá sempre assentar em bases realistas e nunca nos perigosos delírios isolacionistas que alguns conservadores e liberais (muitos certamente cheios de boas intenções) gostam de alimentar. Não haverá alternativa ao neoconservadorismo se à direita não se admitir que há ameaças reais que precisam de ser confrontadas e inimigos cujas acções não são meramente reactivas mas reflectem uma agenda autónoma e extremamente agressiva.
Partilho a satisfação do RAF ao ler as críticas acertadas do ENP e do HR ao movimento neo-conservador, mas não partilho do optimismo do HR sobre o fim do momento neocon nos EUA.
À direita, porque o conservadorismo, apesar de uma forte implantação nas bases republicanas (e em algumas bases democratas também...), atravessa um período de marasmo intelectual, que os neocons - muito minoritários mas extraordinariamente talentosos e bem organizados - souberam aproveitar na perfeição, tornado-se os "ideológos de serviço" do GOP e quase monopolizando o debate interno. Dois bons exemplos disso são a fraqueza das posições realistas em matéria de política externa à direita e o silenciamento quase total dos small government conservatives perante a expansão da despesa pública motivada pelas políticas social-democratas de George W. Bush em vários domínios. A excepção em termos de vitalidade intelectual à direita nos EUA são os libertarians mas estes, como quase sempre, encontram dificuldades para expandir a sua influência para além de círculos relativamente restritos de elites (em grande parte por culpa própria, mas isso seria outra discussão).
À esquerda, porque é bem possível que, no caso de os democratas tomarem o poder, se assista a uma migração de muitos neocons para esse campo (não seria a primeira vez...) mantendo - ou porventura até aumentando - a sua influência no âmbito da política externa. Qualquer candidato presidencial democrata credível nos EUA precisará de se demarcar claramente da extrema-esquerda do partido - particularmente em matéria de política externa - e os neoconservadores poderão oferecer uma plataforma intelectual atractiva com uma agenda de intervencionismo internacional com vista à promoção da democracia.
É importante não subestimar a capacidade de regeneração do movimento neoconservador nem o seu contributo real nas últimas décadas (até porque a sua ascensão veio preencher um vazio programático real na direita norte-americana). O ideal nos EUA seria um reequilíbrio interno à direita com a recuperação de muitas das ideias-chave do conservadorismo (norte-americano) tradicional e uma maior incorporação de princípios liberais clássicos. Urge recuperar autores conservadores como Robert Nisbet, Richard M. Weaver e, talvez acima de tudo, Frank S. Meyer. É possível que a regeneração da direita americana não se possa fazer sem uma passagem pela oposição, mas ainda que esse seja o custo, ela é indispensável.
O Filipe Moura anda bastante insatisfeito por ver que uma revista de economia que acompanha o jornal onde estagia é supostamente "dominada" por colaboradores do Insurgente. Certamente preferiria este nosso grande amigo que na Dia D pupulassem textos de opinião a favor dos preços controlados, da planificação dos meios de produção, e outras pérolas que durante anos encheram as páginas dos nossos media.
Já no Blogue da Atlântico, leio com interesse os posts, quer do ENP, quer do HR, sobre o movimento neo-conservador. Sobretudo pelo seu conteúdo (caro AAA, finalmente temos quem nos acompanhe nas críticas ao neoconservadorismo, com os argumentos certos). Tenho dúvidas que o movimento neocon tenha chegado ao seu fim, ou que vá ficar afastado do poder nos EUA na próxima década. Mas certamente impõe-se aquilo que escrevi, aqui (e na tal Dia D) e aqui, sobre uma via europeia.
The 20-year veteran civil defense worker said he shows dead children to photographers to make clear that Israeli airstrikes killed young Lebanese during the monthlong conflict. Some Internet bloggers have accused him of setting up photos and of treating the dead insensitively.
In one photograph, taken after an Israeli airstrike hit a building in the village of Qana, Daher held a dead infant over his head. The boy’s blue pacifier was pinned to his nightshirt.
“I did hold the baby up, but I was saying ‘look at who the Israelis are killing. They are children,’” Daher said. “These are not fighters. They have no guns. They are children, civilians they are killing.’ ”
He said he had no regrets and he made no apologies. “I wanted people to see who was dying. They said they were killing fighters. They killed children.”
Não há nenhum procedimento estabelecido na resolução 1701 da ONU para regulamentar de que forma devem se retirar os homens do Hizbollah e de que forma deve se mobilizar o exército libanês, reforçado com as novas tropas da força interina da ONU no Líbano, nem para evacuar do território os soldados israelenses que continuam em suas posições ocupadas.
O comandante em chefe da força da ONU, Alain Pellegrini, entrou em contato com os chefes militares libaneses e israelenses para preparar essa grande operação. A rapidez de sua mobilização, como declarou o enviado especial da ONU, o diplomata latino-americano Álvaro de Soto, é crucial para poder levá-la a cabo.
Acho que é uma opinião muito objectiva. E digo isto porque a partilho e não conheço o João pessoalmente.
Quanto a toda esta Inquisição, parece que o meu último artigo e a "dose" desta semana começaram a causar muita urticária por aí. E o tom é sempre o mesmo -- a incapacidade total para discutir o que está em causa no conteúdo dos artigos. basta reparar que nenhuma das respostas publicadas aqui n'O Insurgente aborda críticas ao que foi dito no artigo. Simplesmente porque nem sequer há críticas concretas, apenas ataques ou à publicação ou aos autores (ver Paulo Querido, Spectrum, etc).
A outra coisa que me surpreende é a defesa da pluralidade de opinião nos meios de comunicação que tanta gente faz constantemente. Quando a opinião começa realmente a ser plural, embora mínima, gera-se um coro de protestos.
Claro que também podemos dizer que a Dia D não é propriamente plural em termos de colunistas. Mas alguma das pessoas que se queixa e defende o pluralismo e a liberdade de expressão/imprensa se sentiu incomodada pela ausência de uma opinião liberal significativa em todas as outras publicações ou se insurgiu contra um património avassalador de análise económica tipicamente intervencionista?
Corre por aí um bichinho de satisfação pela ‘vitória’ do Hezbollah sobre Israel. Até Bashar al Assad finalmente falou, felicitando aquela milícia, que luta pelo fim do Estado judaico. Mas há alguns aspectos que as boas consciências deveriam ter em conta:
1 – Israel aceitou o cessar-fogo com base na Resolução 1701, adoptada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ora, esta resolução culpa o Hezbollah pelo início do conflito, exige a libertação dos militares israelitas reféns e o respeito da anterior Resolução 1559 que impõe o desarmamento do Hezbollah. Através dela, a ONU, decide-se também pelo envio de uma força de 15 mil homens para o sul do Líbano. Todas as exigências enunciadas por Israel, a 12 de Julho último, estão salvaguardadas. Ao contrário do Irão que finta as Nações Unidas, o Estado judaico foi rápido na adopção de cessar-fogo. A dita comunidade internacional que tanto falou durante a guerra deve agora agir e não pode falhar.
2 – A bem (através da ONU), ou a mal (por meio de uma guerra, de futuro secreta e surda) o Hezbollah terá de ser desarmado. Ademais, este grupo terá de se entregar a 100% na ajuda humanitária ao libaneses que, devido ao capricho de Hassan Nasrallah, tanto sofreu com esta guerra. Se falhar esta obrigação, o futuro deste grupo xiita é nulo, porque sem o apoio das populações de que depende não terá mais por onde se esconder. O Hezbollah resistiu, mas o fruto dessa resistência pode ser bastante amargo.
3 – A composição da força de paz, pode ser uma óptima oportunidade para trazer a Turquia para o ocidente. Tanto os EUA, como Israel, deverão defender ter este país um papel fulcral na composição desta força de paz. A Turquia é o único país muçulmano com condições para agir e apenas aquele que, não sendo árabe, poderá servir de contraponto ao Irão persa. O reconhecimento da sua importância regional, com a ajuda do ocidente, é uma excelente compensação para quem não possa entrar na União Europeia.
Esta foi uma guerra militar com consequências políticas a longo prazo. Não é apenas o futuro de Israel que está em jogo. É o Hezbollah quem se encontra em xeque. As Nações Unidas e a França que estão envolvidas. O fracasso deste cessar-fogo pode marcar o fim do papel de ambas num mundo que já acabou.
Palestinians, some taking pictures with their mobile phones, gather around the body of an alleged ‘collaborator’ after gunmen, who identified themselves as members of the Islamic Jihad group, shot him and killed him in a public square in the West Bank town of Jenin Sunday Aug. 13, 2006.
Um dos melhores exemplos da persistência de uma gravoso complexo de esquerda nos media nacionais é o facto de alguém com as notáveis qualidades e indiscutível sucesso do João Miranda não ter ainda sido recrutado como colaborador regular por nenhum dos principais orgãos de imprensa portugueses.
É uma situação particularmente chocante se tivermos em conta que, apesar de algumas notáveis excepções, nas páginas dos principais jornais e revistas nacionais abundam colunistas medíocres cuja único talento parece ser alinharem com o pensamento politicamente correcto, repetindo continuamente as mesmas banalidades e falácias.
Apesar de ser suspeito por ser amigo do João, creio não pecar por falta de objectividade neste exemplo. Certamente não peco também por amiguismo nesta referência na medida em que, num país onde a esquerda continua a manter uma quase hegemonia a vários níveis, o mais provável é que este texto reduza ainda mais as hipóteses de o João Miranda ter o reconhecimento e destaque devidos, pelo menos a curto prazo.
As reacções de incomodidade - por vezes acompanhadas de delírios conspirativos mais - que a publicação de alguns artigos de opinião de orientação liberal na imprensa mainstream vem suscitando nos últimos meses evidencia a persistência de um forte complexo de esquerda nos media nacionais. Apesar dos consideráveis avanços realizados ao longo dos últimos tempos, há ainda um longo caminho a percorrer em Portugal até que possamos contar com um panorama minimamente equilibrado.
O problema é que, para além da profunda e grosseira iliteracia económica evidenciada, não sei de que outra forma se podem classificar afirmações como as seguintes:
Não precisei de ler Marx para nessa altura formar o essencial da minha consciência política. Sendo filho de trabalhadores por conta de outrem, já achava na altura que os trabalhadores deveriam saber dirigir os meios de produção, e não uma elite improdutiva. E sempre me escandalizou como os comerciantes poderiam decidir vender os bens de consumo aos preços que bem lhes apetecesse, sem controlo. O preço destes bens deveria ser fixado pelo governo, e deveria ser tal que os tornasse acessíveis a todos os trabalhadores, de modo a que tods pudessem viver com dignidade. Da mesma forma, o governo deveria combater o desemprego com todos os meios possíveis, adaptando a carga horária laboral de modo a haver trabalho e pão para todos. Era este o meu pensamento político quando tinha treze, quinze, dezoito anos (e no essencial, no ideal, é-o ainda hoje).
Continuo a achar que a incomodidade particularmente aguda que o Insurgente provoca ao Filipe Moura se deve, acima de tudo, ao facto de por aqui se ter já por várias vezes evidenciado a pobreza intelectual dosseustextos (o exemplo mais recente é este). É compreensível (embora não muito saudável...) que o Filipe Moura não goste de ver apontados os erros factuais e a inconsistência lógica do que escreve, e por isso até percebo que reaja de uma forma tão disparatada como esta. Mas nem tudo é desperdício: ter a oportunidade de ler, entre muitos outros disparates escritos pelo Filipe Moura, que defendo (?) uma (altamente improvável) combinação de "táctica maoísta, combinada com a mentalidade McCarthista" justifica, por si só, o tempo perdido a ler os posts em causa.
The Westerners know that fascism is an extremist nationalist movement, which emerged from the European society, and was responsible for destructive wars caused by its premises, which are based on discrimination, racism and hatred. This approximation is correct when you apply it to the literature of the Islamic extremists. The same as the Europeans fought fascism and the fascists by word and by gunpowder, the world will fight the extremist Islamists. This is what the good Muslims, who are at the forefront of those hunting down Al-Qaeda, do; the same as the Muslim who exposed the latest conspiracy to hijack the airliners, when he hastened to inform the security authorities when he suspected what was happening in the neighborhood. "This is why I do not understand what those people - who want to protect reputation and image from the Westerners - want to call the Muslim extremists who resort to violence. Do they want to call them Khawarij (the earliest Islamic sect, which traces its beginning to a religious-political controversy over the Caliphate)? The problem is that no one (in the West) understands its historical meaning. Do they call them by their names only, such as Osama, Ayman, Muhammad, and Zamani? Do they call them according to the sarcastic Egyptian way: 'people who should remain nameless?'"
É ou não o heterossexismo uma estrutura de privilégio? É. Porque é tão difícil admiti-lo? Porque a categoria desprivilegiada surge demograficamente como uma minoria; ao contrário das mulheres, dos pobres, dos não "brancos". Mas este é justamente the crux of the matter: o heterossexismo é tão bem sucedido como estrutura de privilégio que impede o próprio "crescimento demográfico" da categoria desprivilegiada.
Discursos como este podem parecer apenas ridículos, mas são muito mais do que isso: representam (e até certo ponto descrevem) uma agenda em marcha que transcende largamente as "causas fracturantes" em que se vai apoiando ao longo dos tempos, consoante os oportunismos políticos e as possibilidades de actuar junto da opinião pública em cada momento.
No sentido de facilitar o visionamento dos videos, alterei o refresh para um período mais longo. Se os problemas persisitirem, agradeço que chamem a atenção, seja nos comentários ou por e-mail.
O Filipe Moura acha que o Insurgente, provavelmente através de conspirações maléficas, colonizou as colunas de opinião da Dia D. Não concorda com o que lá vem escrito mas infelizmente não parece saber porquê. A não ser que as contas de capitalização da segurança social sejam parte das teses criacionistas que diz defendermos. E, pelos vistos, também não gosta de links. Paciência...
"O grupo xiita libanês Hezbolá disparou uma dezena de foguetes na madrugada desta terça-feira (na noite desta segunda-feira, de acordo com o horário de Brasília) contra posições ocupadas pelo Exército israelense no sul do Líbano, apesar do cessar-fogo decretado na manhã de segunda-feira, informou um porta-voz militar israelense. (...) o Exército israelense não respondeu ao ataque, apesar da ação violar a trégua."
Aqui fica o meu artigo publicado na Dia D de 14 de Agosto.
O mito dos custos de transição
A implementação da recente proposta de reforma da Segurança Social apresentada pelo PSD, que prevê a criação de um modelo misto em que parte das contribuições seria dirigida para contas individuais de capitalização, seria um importante passo no sentido de uma solução verdadeiramente sustentável e transparente. O carácter misto do sistema seria garantido pela combinação de uma componente fixa da pensão de reforma – garantida a todos os trabalhadores – com uma componente variável dependente da capitalização da conta individual de cada trabalhador. Convém recordar que, no âmbito do modelo actualmente em vigor, o ónus recai integralmente sobre os mais jovens, que são forçados a financiar com as suas contribuições obrigatórias as reformas devidas aos actuais pensionistas. Simultaneamente, a actual geração de trabalhadores activos não dispõe de qualquer garantia relativamente às suas pensões futuras, já que as suas contribuições não são capitalizadas para esse fim. Contrariamente às alterações introduzidas pelo governo socialista (que mais não possibilitam do que adiar por alguns anos a ruptura financeira do sistema), a criação de um pilar de capitalização individual permitiria assim evitar, ainda que de forma parcial, os problemas intrínsecos do actual modelo de repartição. Só um modelo de Segurança Social assente na capitalização pode ser verdadeiramente sustentável, acautelando o futuro e acabando com as cíclicas alterações na fórmula de cálculo das pensões.###
Infelizmente, o actual Primeiro-Ministro preferiu privilegiar uma visão populista e de curto prazo em detrimento da construção de um consenso alargado com vista a começar a resolver os problemas estruturais da Segurança Social. A crítica de Sócrates centrou-se no argumento, aparentemente intuitivo, de que a transição para um modelo parcialmente assente na capitalização acarretaria um forte aumento da dívida pública por criar um novo défice durante o período de transição. No entanto, apesar de intuitiva, esta crítica é, na sua essência, insustentável – pela simples razão de que a proposta apresentada por Marques Mendes não acarreta nenhum aumento real da dívida pública.
O argumento dos alegados «custos de transição» é frequentemente avançado para criticar a alteração para um sistema de capitalização porque a mudança implicaria de facto uma redução das receitas do regime de repartição. É no entanto falso que a transição implique um aumento da dívida pública real, a menos que se defenda que o Estado não tem qualquer obrigação concreta de pagamento de pensões para com os trabalhadores que financiam o sistema com as suas contribuições. Se admitirmos que os descontos efectuados pelos trabalhadores no activo geram uma obrigação por parte do Estado no sentido de pagar pensões de reforma, os passivos em causa já existem, ainda que não sejam reconhecidos nas contas públicas. Esses passivos, tais como as restantes obrigações do Estado, terão de ser pagos recorrendo a impostos, dívida pública ou redução de outras despesas.
Assim, a menos que o actual governo socialista entenda que as obrigações assumidas pelo Estado não são para cumprir (caso em que deveria anunciar publicamente de forma explícita que o Estado não tenciona honrar os seus compromissos com os contribuintes que são hoje forçados a sustentar o sistema de Segurança Social), a proposta apresentada pelo líder do PSD não pode ser criticada por fazer aumentar a dívida pública. Qualquer transição para um regime de capitalização não aumenta a dívida pública real uma vez que se trata apenas do reconhecimento de passivos já existentes mas não contabilizados. Ao reconhecer esses passivos e caminhar no sentido de um regime assente na capitalização o Estado promoveria verdadeiramente não só a sustentabilidade e transparência da Segurança Social mas também uma situação socialmente mais responsável e com maior justiça intergeracional.
O Filipe Moura, um activista de extrema-esquerda que está a estagiar no Público, anda preocupado com o facto de alguns bloggers que escrevem no Insurgente colaborarem na Dia D.
No que diz respeito a este humilde blog, a preocupação será provavelmente motivada pelo facto de, para além de o Insurgente não alinhar pela cartilha de extrema-esquerda em que o Filipe Moura se revê, se ter por aqui no passado evidenciado por mais de uma vez a pobreza intelectual dosseustextos.
Já quanto à Dia D, a única explicação possível para o que o Filipe Moura escreve é que ele não lê a revista com atenção. Por muito que gostássemos de poder reclamar o crédito por todas as colunas de opinião da Dia D, a verdade é que muitos dos colaboradores não escrevem no Insurgente (um outro indício de que o Filipe Moura não tem andado muito atento é o facto de, apesar de estagiar num jornal, achar que as críticas a livros fazem parte do "conteúdo noticioso")
Quanto às considerações que me são mais directamente dedicadas, lamento ter de chamar a atenção para (mais um) erro do Filipe Moura, mas a verdade é que o artigo desta semana não é a minha primeira colaboração na Dia D. Um erro factual que se soma a outro, já que os artigos na Dia D não são sequer os primeiros que publiquei na imprensa (a propósito, aproveito para fazer publicidade ao meu artigo na Atlântico do próximo mês sobre as manifestações pró-Hezbollah dos compagnons de route do Filipe Moura). Um pouco mais de atenção aos factos (apesar de estes serem sempre reaccionários) não faria mal ao Filipe Moura.
O único ponto que posso confirmar do pouco conseguido mas empenhado texto-denúncia do Filipe Moura é o relativo à rígida estrutura hierárquica do Insurgente já que, como é do conhecimento dos leitores regulares, exerço em conjunto com o Comandante Miguel a liderança deste projecto com punho de ferro (incluindo no que diz respeito aos obrigatórios "smyleys" que devem ser deixados nas caixas de comentários no seguimento de todo e qualquer novo texto escrito pelo Grande Timoneiro). Tudo em nome da (Contra-)Revolução.
Onze coisas são impuras: a urina, os excrementos, o esperma, as ossadas, o sangue, o cão, o porco, o homem e a mulher não-muçulmanos, o vinho, a cerveja, o suor do camelo comedor de porcarias. Se o homem sodomizar o filho, o irmão ou o pai de sua esposa após o casamento, este permanece válido. A mulher que tiver nove anos completos ou que ainda não tiver chegado à menopausa deverá esperar três períodos de regras após o divórcio para poder voltar a casar.
Não, não são alíneas do programa do BE, decretos de Zapatero nem os estatutos de nenhuma ONG. Vão lá ler o artigo. Let’s be neutral, shall we?
O que devia ser independente de qualquer decisão da entidade reguladora é apontado como um possível "remédio" para aprovar uma fusão que por sua vez também não deveria depender, na sua essência, da autorização dos poderes públicos: AdC admite criação novo operador móvel após fusão Optimus/TMN
A entrada de um novo operador móvel no mercado após a fusão da Optimus com a TMN, no âmbito da OPA lançada pela Sonaecom sobre a Portugal Telecom, é um dos remédios que a Autoridade da Concorrência (AdC) admite impor para aprovar a fusão entre a Sonaecom e a PT.
Há um longo caminho a percorrer até termos uma economia de mercado verdadeiramente concorrencial...
Um pacifista genuino tomará partido pela paz quer o agressor seja Israel quer seja um dos muitos grupos terroristas que combatem Israel. O pacifista oportunista lutará pela paz apenas quando o agressor é Israel. Ignorará todas as ameaças à paz com origem em grupos terroristas ou países que combatam Israel.
Creio que agora é que vamos ver quem são os verdadeiros defensores da paz e quem são aqueles que usam a paz como pretexto para tomar partido na guerra contra Israel. Se a paz é realmente um bem, então quem é pela paz não poderá deixar de tomar partido pelo desarmamento de um grupo terrorista.
Que deverão, então, fazer as empresas com créditos sobre o Estado? Empresas que esperam anos pelos pagamentos, mas que têm de entregar o IVA a horas, que têm de pagar à Segurança Social sem atrasos, que não podem falhar na entrega do IRS retido aos trabalhadores.
Se o Estado diz que honra sempre os seus compromissos, faz todo o sentido que as empresas possam pagar as suas dívidas ao Estado com créditos que sobre ele detêm. Uma empresa que tenha de pagar Segurança Social, mas que tenha dificuldades em fazê-lo porque uma câmara local não lhe paga os serviços prestados, deveria poder pagar com os seus créditos sobre a autarquia. Esta liquidaria a dívida directamente à Segurança Social. O Estado, que nos obriga a assumir que as autarquias pagam sempre, não se deveria importar por receber estes créditos como forma de pagamento.
A simple thing happened: We were drugged by political correctness. The political correctness that has come to dominate Israeli discourse and Israeli awareness in the past generation was totally divorced from the Israeli situation. It did not have the tools to deal with the reality of an existential conflict. It did not have the tools to deal with a reality of an inter-religious and inter-cultural conflict. That is why it focused entirely on the Palestinian issue. It made the baseless assumption that the occupation is the source of evil. It assumed that it is the occupation that is preventing peace and causing unrest and perpetuating the instability.
At the same time, political correctness assumed that Israeli strength is a given. That Israel is insanely strong. Therefore, political correctness disdained any attempt to build and maintain Israeli strength. The defense budget was cut, the values of volunteerism were mocked, the concepts of heroism and fortitude became despicable. Since the Israel Defense Forces was identified as an army of occupation - rather than as an army defending feminists and homo-lesbians from the fanaticism of the Middle East - they had reservations about it, they shook it off and became alienated from it. After all, in the spiritual world of political correctness, power and army have become dirty words.
(...)
Israel tried with all its soul and all its might to be Athens. However in this place, in this era, there is no future for an Athens without a speck of Sparta. There is no hope for a society-of-life that does not know how to organize itself to deal with death. Therefore, after decades during which the right and the left and the center took Israeli power for granted and wastefully exploited it, now there is no escaping the need to place the renewed building of Israeli power at the top of the agenda. We are returning to the encounter with our fate; returning to what is decreed by the reality of our lives.
(agradeço ao leitor lucklucky a indicação do link)
A diplomacia como meio de resolução de conflitos pressupõe dois lados em condições de diálogo, suponho. Mais ainda, pressupõe que quem se senta de cada lado da mesa (literalmente), tenha uma qualquer legitimidade que lhe seja conferida pelos beligerantes. Nas sociedades Ocidentais e à custa de muito sangue, pelo génio da civilização grega, do Direito Romano e da mensagem de Cristo, é adquirido que essa legitimidade é conferida por nós de acordo com um processo político relativamente bem definido, fundado na razão. Deus não tem nada que ver com os assuntos dos homens. No caso dos grupos islamistas e até dos próprios países Islâmicos, quem tem legitimidade para negociar? Se as acções do Hamas, do Hezzbollah, da Al-Qaeda são a vontade de Deus na Fé dos seus autores, com quem devem negociar os diplomatas ocidentais? Talvez devam esperar pelo 12º Imã ou, se tiverem muita pressa, falar directamente com Ele em videoconferência ou quem sabe pelo telefone. A legitimidade diplomática do lado islamista é pertença de Deus ou de quem fale em seu nome. Descalcem lá esta bota.
Confesso-me um pouco desiludido por MVA não ter feito qualquer referência a investimentos portugueses na Polónia na sua fracturantedenúncia da colonização da sociedade polaca "pelos sectores fundamentalistas católicos".
Uma oportunidade perdida para a causa das teorias da conspiração fracturantes da extrema-esquerda.
(post também publicado aqui. Por manifesta falta de criatividade deste que vos escreve, esta semana não há Mundo Moderno)
Quando o conflito no Médio Oriente estalou, Newt Gingrich, antigo líder dos republicanos no Congresso americano, terá afirmado que o mundo poderia estar às portas da III Guerra Mundial. As declarações de Gingrich têm sido, na melhor das hipóteses, ridicularizadas, e na maior parte dos casos tidas como mais uma prova do suposto apetite bélico dos "neo-conservadores do Pentágono". Deviam, no entanto, ter sido encaradas com maior prudência. Deviam, acima de tudo, ter sido encaradas como um aviso a ter em conta. Porque, ao contrário do que os pacifistas europeus tendem a pensar, o destino do mundo não está nas mãos de Bush. Ao contrário do que as boas consciências tendem a pensar, uma eventual III Guerra Mundial não depende só de nós (Ocidente em geral). O que as declarações de Gingrich, se vistas com serenidade, nos lembram, é que se nos quiserem colocar numa III Guerra, essa será uma realidade á qual não poderemos fugir. Os nossos adeptos da diplomacia dos bons sentimentos parecem não colocar a hipótese do Irão atacar Jerusálem, por exemplo, ou ordenar ao Hezbollah um atentado em Londres, cenários que obrigariam a um agravamento do conflito.
Ao contrário do que os mais entusiasmados adeptos da neutralidade pensam, os defensores da guerra do Iraque não são uns "amantes da guerra", obcecados com a conquista de novos poços de petróleo. São, isso sim, pessoas que por variadas razões, consideraram que a intervenção no Iraque era necessária. Não olham, por isso, para o cenário especulado por Gingrich com satisfação, como certamente Gingrich também não. Mas o que é realmente trágico é que podemos ser arrastados para esta situação, mesmo não a querendo. Numa guerra, para que dois inimigos se enfrentem, basta que um tenha vontade de o fazer. É por isso que o pacifismo não funciona. E é por isso que as boas consciências se deveriam preocupar mais com o Irão do que com os "neo-conservadores" ou "esse Bush".
Aguarda-se para breve o relatório das autoridades competentes
Para o caso (improvável) de a iniciativa passar despercebida a quem de direito, aqui fica a informação de que o "Acampamento d@s Jovens do Bloco de Esquerda" decorreu em Lamas de Mouro, Melgaço de 9 a 13 de Agosto de 2006.
Ficamos todos à espera d@ relatóri@ sobre os esforços de recrutamento do BE junto dos jovens.
Adenda: sobre as potencialidades do acampamento bloquista no que diz respeito à "reinvenção do género", recomendo a leitura deste post de Helena Matos.
Uma coisa é certa: para mal da América Latina, que continuará a padecer dos males do socialismo, Fidel Castro parece ter encontrado em Hugo Chávez e Evo Morales dois sucessores à altura do legado do seu ídolo.
Por mais danos e horrores que o comunismo cause, há sempre quem esteja disposto a ajudar a propagar a infecção.
Whereas Israel makes every effort to avoid civilians, Hezbollah not only does not have a similar policy but actually regards attacks on civilians as a legitimate strategy--even when those civilians are Muslims. As Hala Jaber has noted, “Religious scholars have, according to Hezbollah, deduced that if the enemy uses Muslims as human shields, then Muslim fighters can kill them in their quest to eliminate the enemy.” Hezbollah has justified its own use of human shields on similarly utilitarian grounds, reasoning, in Jaber’s summary, that “any action which constrains the enemy and foils their schemes is permissible under Islam.”
As versõeseditadas do blogómetro. Um próximo passo interessante seria a apresentação de versões temáticas do blogómetro, começando desde logo pelos blogs de comentário político.
Manuel Alegre ficou indisposto com o caso do avião israelita que terá efectuado uma escala nas Lajes. Afirma que "Portugal não pode tomar partido [na guerra contra o Hizbollah]".
Passaram cinco anos e há quem não tenha aprendido nada.