O cessar-fogo libanês
Corre por aí um bichinho de satisfação pela ‘vitória’ do Hezbollah sobre Israel. Até Bashar al Assad finalmente falou, felicitando aquela milícia, que luta pelo fim do Estado judaico. Mas há alguns aspectos que as boas consciências deveriam ter em conta:
1 – Israel aceitou o cessar-fogo com base na Resolução 1701, adoptada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ora, esta resolução culpa o Hezbollah pelo início do conflito, exige a libertação dos militares israelitas reféns e o respeito da anterior Resolução 1559 que impõe o desarmamento do Hezbollah. Através dela, a ONU, decide-se também pelo envio de uma força de 15 mil homens para o sul do Líbano. Todas as exigências enunciadas por Israel, a 12 de Julho último, estão salvaguardadas. Ao contrário do Irão que finta as Nações Unidas, o Estado judaico foi rápido na adopção de cessar-fogo. A dita comunidade internacional que tanto falou durante a guerra deve agora agir e não pode falhar.
2 – A bem (através da ONU), ou a mal (por meio de uma guerra, de futuro secreta e surda) o Hezbollah terá de ser desarmado. Ademais, este grupo terá de se entregar a 100% na ajuda humanitária ao libaneses que, devido ao capricho de Hassan Nasrallah, tanto sofreu com esta guerra. Se falhar esta obrigação, o futuro deste grupo xiita é nulo, porque sem o apoio das populações de que depende não terá mais por onde se esconder. O Hezbollah resistiu, mas o fruto dessa resistência pode ser bastante amargo.
3 – A composição da força de paz, pode ser uma óptima oportunidade para trazer a Turquia para o ocidente. Tanto os EUA, como Israel, deverão defender ter este país um papel fulcral na composição desta força de paz. A Turquia é o único país muçulmano com condições para agir e apenas aquele que, não sendo árabe, poderá servir de contraponto ao Irão persa. O reconhecimento da sua importância regional, com a ajuda do ocidente, é uma excelente compensação para quem não possa entrar na União Europeia.
Esta foi uma guerra militar com consequências políticas a longo prazo. Não é apenas o futuro de Israel que está em jogo. É o Hezbollah quem se encontra em xeque. As Nações Unidas e a França que estão envolvidas. O fracasso deste cessar-fogo pode marcar o fim do papel de ambas num mundo que já acabou.
por André Abrantes Amaral @ 8/16/2006 01:42:00 da tarde
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