Democracy must be something more than two wolves and a sheep voting on what to have for dinner. - James Bovard
8.7.06
O Catolicismo e os Valores do Ocidente
"É muito difundida a crença de que o Catolicismo representa o retrocesso e a obscuridade e que os valores ocidentais da liberdade e da democracia foram moldados exclusivamente a partir dos movimentos de caráter iluminista que começaram, na Europa, a partir do século XVII. Contudo, ao contrário do que se costuma ensinar em escolas e mesmo em universidades, desde a Alta Idade Média até a atualidade há uma intensa complementaridade entre o Catolicismo e os valores que constituem nossa consciência ocidental em seus mais diversos matizes. É inegável a influência da tradição católica para o progresso nas áreas da economia e do direito, nas artes e nas ciências."
A revista "Georgia Straight" de Vancouver, apresenta esta semana um artigo sobre o novo primeiro ministro canadiano, com o título "Harperstein": qual a influência de think thanks como o Fraser Institute, o Civitas Society ou de Friedrich Hayek, nas suas políticas e na sua actuação até ao presente e no futuro.
In his videotaped address to the 30th-anniversary crowd, Harper showed off his $45 Fraser Institute silk Adam Smith tie and confirmed he was a big fan of the institute. Like the Fraser, he is dedicated to the ideas of Friedrich Hayek, leader of the Austrian School of economics.
Leitura recomendada.
Pode ser que sirva como mais uma fonte de inspiração à criação de organizações semelhantes em Portugal.
Esta notícia do semanário Expresso já tem quase três semanas mas merece ser divulgada:
Os sindicatos da banca estão na fase final de uma negociação que já dura há vários meses e que visa a criação de uma nova entidade para gerir as contribuições dos trabalhadores e dos bancos e escolher a melhor oferta no mercado em serviços de saúde. Esta entidade, que funcionará como uma Unidade de Serviços de Saúde Partilhados, não será proprietária de nenhuma estrutura de saúde nem ficará limitada aos serviços que os SAMS [Serviços de Assistência Médico-Social] possuem hoje. Ou seja, e segundo explicaram ao Expresso, quem oferecer melhores preços e mais qualidade, contratará com esta entidade (...)
José Sócrates é neste momento o Scolari da política nacional, dominando todos os truques do jogo. A remodelação de um ministro na véspera de um importante jogo da selecção nacional de futebol é uma manobra que vai ficar nos manuais. Substitui um elemento problemático do seu Executivo com o país distraído com o Campeonato do Mundo.
Contudo, as últimas mudanças no Executivo foram oportunidades perdidas. O ministro da Economia é que devia ter sido contemplado com o bilhete de saída e, neste caso sem a respectiva contrapartida. Ou seja, uma saída e nenhuma entrada. Pura e simplesmente, acabava-se com o Ministério da Economia. O problema de Portugal está identificado há muito: baixo crescimento económico. E como é que se resolve? Com um choque de economia. Mais mercado, mais concorrência e menos Estado.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que os bancos públicos continuem a aumentar o volume de crédito disponível e também a reduzir os spreads --diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetiva cobrada dos clientes. A informação foi dada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que participou de reunião de Lula com representantes dos bancos públicos realizada nesta quinta-feira.
Convém lembrar o ministro Mantega que o volume de crédito e spreads praticados pelas instituições financeiras depende do risco de incumprimento dos clientes. Semelhante decisão política, a médio prazo, apenas aumenta o crédito malparado.
Nos canais de televisão, durante a habitual divulgação das capas dos jornais portugueses, vejo o seguinte destaque de primeira página:
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Isto dias depois de ter lido o seguinte artigo no LvMI:
Let there be no doubt that the war on malaria has failed. It is estimated that 800,000 children in Africa die from the disease every year, and as many as three million people altogether every year.
We know how people contract it: from mosquitoes. We know how to control it: kill the carrier mosquitoes. And we know what kills them: DDT.
So why has the war on malaria failed? Because governments banned the cure. Now they claim to wonder why people are sick and dying.
(...)
Today, the big bucks are looking to fix the problem. Nearly $1 billion was spent last year alone. Warren Buffett ($31 billion) and the Gates Foundation have gotten in on the act. Where is the money going? Only a tiny portion will be spent on DDT spraying, the restrictions on which are only now being slightly loosened, provided it is sprayed in homes and not on crops.
Mostly the money is going to nets. Nets! As if this were the 19th century! It's obvious that the agencies involved in this struggle are reluctant to reach for the spray can, or even discuss it.
The hidden hand behind this horror is none other than the environmentalists. The frenzy against DDT launched their movement. It is what emboldened them, and gave their political agenda momentum. In some ways, their campaign against DDT perfectly sums up their political bent: using state power to ban products and services that help humans, and thereby cause history to roll backward.
It is encouraging that Muslim leaders have just launched a national forum to counter extremism, specifically recognising its dangers in their midst. It must be here, and not in Whitehall, that strategies are elaborated to overcome this problem. The question many will ask, however, is: why has this initiative taken so long?
North Korea just ignores Chinese demands that the trains be returned, and insists that the trains are part of the aid program. It's no secret that North Korean railroad stock is falling apart, after decades of poor maintenance and not much new equipment. Stealing Chinese trains is a typical loony-tune North Korean solution to the problem. If the North Koreans appear to make no sense, that's because they don't. Put simply, when their unworkable economic policies don't work, the North Koreans just conjure up new, and equally unworkable, plans. The Chinese have tried to talk the North Koreans out of these pointless fantasies, and for their trouble they have their trains stolen. How do you negotiate under these conditions?
A adesão à greve da administração pública ronda os 10%, segundo o Governo. Este é um número substancialmente inferior ao apontado pelos sindicatos, da ordem dos 75 a 80%.
[RR] Métodos de contagem diferente, sem dúvida. Será que ambos os lados (patrão-estado e sindicatos) conhecem exactamente quantas pessoas pertencem ao universo dos trabalhadores da administração pública? Será que sabem exactamente a que entidades eles estão afectos? Ou a coisas estão de tal modo descontroladas que cada um dos lados se refere a um país diferente mas igualmente irreal? É que 70% de diferença não é pouco; são muitas dezenas de milhares de funcionários públicos.
Troops from both sides mixed freely helping to set up the event. Many of the Chinese soldiers brandished cameras instead of guns.Businessmen from both sides crossed into each other's territory by bus to attend trade fairs after the ceremony. The visits are to be symbolic and no one will carry goods, said S.P. Subba, who heads Sikkim's Industries Directorate. But China views the pass as more than just a symbol, said Sun Yuxi, China's ambassador to New Delhi. "It is not just symbolic, we mean business," Yuxi said before crossing over the border into China
... podemos nós bem, terão pensado os agentes do governo francês.
France has defended visits by officials to a U.S. military camp at Cuba's Guantanamo Bay between 2002 and 2004 following a report which has thrown a terrorism trial into turmoil.(...) "These missions, which were of an administrative nature, were aimed at identifying precisely French citizens who might have been at Guantanamo and at assessing their situation in a general manner," it [the French Foreign Ministry] said in a statement dated Wednesday. It added that the aim was also to gather information needed to allow France to prevent terrorism and that representatives of other government officials had taken part in these missions to help achieve both these goals.(...) A top French court has already ruled that the detention of suspects in the U.S. naval base was illegal, and defense lawyers said the prosecution's case was based in large part on information gleaned from the secret interviews. The failure to include the interviews in the case file was a serious breach of defendants' rights which could later see a superior court rule the trial invalid, the lawyers told reporters.
Não me venham com tretas sobre não se poder dizer mal do árbitro e queixarmo-nos de sermos um país recém-chegado a estas coisas da alta bola. É evidente que o árbitro não marcava o penalty contra a França se a mesmíssima e exactíssima situação entre o Ricardo Carvalho e o Thierry Henry ocorresse na área francesa. Porquê? Porque desde o jogo com a Holanda que houve uma campanha da Holanda e de todos os países que podiam vir a encontrar Portugal (incluindo o Brasil, enquanto teve hipóteses de vir a jogar connosco na meia-final) para criar a fama de que a nossa equipa era violenta, fiteira e feita de mergulhadores. Não vi nenhum jogador português fazer uma falta como aquela que o Cristiano sofreu contra a Holanda ou como aquela que o Ricardo Carvalho sofreu contra a Inglaterra. Um mergulho como o do Henry feito pelo Pauleta na área francesa seria tido por um mergulho. O mergulho do Henry transforma-se numa falta de um violento português (logo o R. Carvalho, um dos mais correctos jogadores do Mundial). Já agora, alguém me explica que orquestração foi aquela para que, desde a primeira vez que tocou na bola, o Cristiano fosse sistematicamente assobiado? A sério, gostava de saber. Diz-se: ah, não-sei-quê, Portugal devia ter jogado mais. E a França, não devia? Esteve o jogo todo à rasquinha e ganhou com uma arma que Portugal não tinha: uma reputação injustamente criada. Portugal devia ter jogado mais? Se calhar podia ter jogado mais, mas tinha menos armas do que o adversário. Entre equipas de nível equivalente, como as de ontem, ganha-se por ligeiríssimas vantagens. Estávamos a jogar contra a França, caramba, não era uma equipa qualquer. Se eles ainda por cima têm mais qualquer coisa, só se nos superássemos de forma quase sobrehumana poderíamos ter feito melhor. A parolice do "somos pequeninos" não deve ser substituída pela parolice de que os outros são sempre impecáveis e nós temos de o ser também. O jogo de ontem não foi ganho dentro de campo. Foi ganho cá fora, nos jornais e nas conferências de imprensa. Tenho dito.
Naquela cidade que espero nunca mais visitar, viajando pela marginal do Vieux Port em direcção a Norte, quase à vista do Chateau D'If há um cartaz gigante há pelo menos nove anos, com a cara de Zidane e a frase: "Made in Marseille". Mesmo que os dois únicos jogos em que me sinto francês sejam contra o Irão ou a Alemanha, o herdeiro de Maradona não é Ronaldinho, é Zizou. Agora, foi-se Portugal, foi-se Espanha e pelos miguelangelos, vamos a eles squadra!
Bem já que não chegámos à final, passo a declarar o meu apoio à Itália, não por que eu seja antifrancês, mas apenas porque gosto mais da Itália e da equipa italiana.
Quanto a Portugal, fez um bom campeonato, mas não houve um jogo que fosse excepcional, a não ser quanto à vontade de vencer que essa esteve sempre lá. Mas, apesar de termos excelentes jogadores a equipa tinha pouco poder de fogo: Pauleta, Pauleta e Pauleta (e como este não estava inspirado, nicles); Postiga e Nuno Gomes não contavam para o totobola.
É um problema que Scolari tem que resolver se continuar em Portugal que, por mim, pode continuar a ser o seleccionador português.
No que respeita à França, só posso dizer que há quinze/vinte dias atrás os fãs franceses dificilmente poderiam imaginar a chegada à final. Estive em Paris em Junho, tendo chegado no dia seguinte ao do empate da França com a Suíça. O tom na imprensa e na televisão era absolutamente deprimente (tenho pena de ter deitado fora o L'Équipe e o Le Figaro que comprei nesse dia; tinham uns comentários giros). Quem ouviu os franceses então (o Domenech era de burro para cima) e quem os ouve agora! Nem parecem os mesmos. Mas, enfim, não tendo jogado muito mais que Portugal, foram suficientemente espertos para manterem aquela vantagem mínima.
Bem, apesar de tudo Portugal não se pode queixar: fez um Mundial muito acima do que está habituado. E isso é mérito do Scolari (mas que o homem também tem defeitos, ai isso tem!)
The Netherlands is to hold elections on 22 November, following last week's collapse of the government, a negotiator has announced.(...) The centre-right government resigned because of an internal dispute about Immigration Minister Rita Verdonk.(...) The centrist D-66 party walked out after failing to get Mrs Verdonk sacked. It accuses her of mishandling the case of MP Ayaan Hirsi Ali, who had admitted telling lies on her asylum application in 1992. Mrs Verdonk threatened to strip Ms Hirsi Ali of her Dutch citizenship, but later did a U-turn, claiming she had found a legal loophole that would allow the lawmaker to stay in the country.
Deixemos a bola. No campo da política, o governo continua a dominar a agenda.
A oposição mantém-se muito lenta, dando todo o espaço à equipa do governo. Não fazem marcações ministro a ministro nem sectoriais e aparentam ter sempre menos elementos em campo. No entanto, apesar das facilidades concedidas pela oposição, o governo não tem aproveitado bem os espaços. Rematam muito, mas quando se analisa as repetições, apercebemo-nos que os remates têm pouca força e direcção e raramente entram na baliza, apesar do estardalhaço na comunicação social que se farta de gritar golo antes de tempo.
Post do goleador blasfemo jcd. Leitura recomendável.
O Bloco de Esquerda (BE) exigiu hoje o fim da criminalização do aborto e anunciou que "apoiará todas as iniciativas" para mudar a lei, após três mulheres e um médico terem sido condenados em Aveiro pela prática de aborto.
Para este partido minoritário, a democracia é um obstáculo aos seus objectivos políticos. Permitir que uma maioria dos eleitores decida em referedo sobre a prática de aborto é, para estes, continuar a "perseguição judicial das mulheres".
Sobre a questão da interrupção voluntária da gravidez, bloquistas - e militantes de outros partidos - afirmam que o direito da mulher ao seu próprio corpo não pode ser, pelo Estado, usurpado. Este argumento é, no mínimo, curioso vindo de estatistas que defendem políticas de confiscação do produto do nosso próprio corpo...
Liberais podem, por isso, sentir-se tentados a concordar com as afirmações daquele partido de extrema-esquerda. Mas o assunto é mais complicado que o BE quer fazer parecer. A discussão não deve limitar-se apenas ao direito da mulher mas deve incluir, também, o direito do feto à vida. Para esse fim, volto a perguntar: quando, durante o período de gestação, deve o feto deixar de ter o estatuto de "parasita"?
De acordo com Jorge Castañeda, ex-ministro de Relações Exteriores do México (2000-2003) e professor de Política e Estudos Latino-Americanos da Universidade de Nova York, os 36% de votos que Felipe Calderón obteve dificilmente representam um mandato.
Ora, Salvador Isabelino Allende Gossens foi eleito presidente do Chile com 36,2% dos votos válidos e graças ao apoio que recebeu da Democracia Cristã no Congresso, apoio que, por sinal, estava condicionado à assinatura do Estatuto de Garantias Constitucionais, um documento que determinava que o governo da Unidade Popular comprometia-se a respeitar a Constituição e assegurar a sobrevivência do regime democrático.
No ano seguinte, em entrevista a Régis Débray, Allende confessou que assinou esse documento como uma mera necessidade tática para obter o poder.
Estou totalmente de acordo com Jorge Castañeda. 36% dos votos podem legalmente garantir um mandato, de acordo com as regras democráticas de determinados países, mas não bastam para legitimá-lo ou para torná-lo de fato representativo. Mas quem concorda com isso deve automaticamente aceitar que o governo de Salvador Allende, no Chile, foi legal mas não legítimo e não teve representatividade (aliás, o próprio Allende declarou que não era o presidente de todos os chilenos).
Vá lá Vá lá, faltam só 90 minutos, a bola é redonda e, na verdade, tudo pode acontecer. Não vale a pena desvalorizar a equipa francesa, que tal como nós é uma equipa de ratolas que joga muito bem quando possível. Na realidade, a equipa francesa é uma equipa, como vem no Dicionário da Academia das Ciências, f****a. Mas também não vale a pena deixar de imaginar que lhes podemos ganhar. O espertalhão nacional continua a achar que o que a selecção fez até agora foi mais ou menos por acaso. Deve ter sido. O mesmo espertalhão nacional deve achar que despachar a Holanda e a Inglaterra é ocasional. De acordo com as informações mais recentes, Holanda e Inglaterra são duas das melhores selecções do mundo, a menos que o facto de terem perdido com Portugal as tenha colocado entretanto entre as piores. É verdade que chegámos até aqui com um futebol assim ao estilo de um tractor, mas chegou para aquelas duas. Assim como chegou para o México, uma equipa que ia ganhando à Argentina, e jogámos com a nossa equipa B.###
O espertalhão nacional deve estar à espera de perdermos na final para arrasar definitivamente a selecção e Scolari, isto num campeonato em que as supostas maravilhas brasileira e argentina já meteram a viola no saco. A acumulação de jogadores incríveis nas selecções do Brasil e da Argentina torna a vida de qualquer treinador mais fácil. Foram estes treinadores que se deram ao luxo de deixar Messi e Robinho no banco a maior parte do tempo e, mesmo assim, ainda terem os melhores jogadores do campeonato em campo. Já Portugal, quando não estão (ou estão mal) Deco, Figo ou Cristiano, vê baixar drasticamente a qualidade média da equipa. É por isso que, independentemente do que possa acontecer hoje, já foi um belíssimo percurso, se pensarmos em selecções que tiveram o caminho muito mais facilitado.
O estilo desta selecção é o que me faz nunca ter gostado de Scolari: é pouco imaginativo, pouco arriscado e muito previsível. E é trágico quando apanhamos uns tipos que jogam da mesma maneira mas são mais ratolas do que nós, como a Grécia da final do Euro. Por outro lado, por comparação com o historial de treinadores da selecção, Scolari é magnífico (será necessário recordar Oliveira, Artur Jorge e Carlos Queirós, as diversas nulidades, entre o boçal e o pseudo-intelectual, que o antecederam?). Nessa perspectiva, Scolari é sem dúvida o melhor treinador da selecção desde, provavelmente, Otto Glória. O que não basta para ser um treinador excepcionalmente apreciável.
Dentro do tal estilo tractor, não se pode deixar de louvar a flexibilidade demonstrada até agora, que, com os recursos existentes, se tem adaptado bem a cada um dos adversários. Por causa de castigos, lesões e jogos atípicos, a selecção ainda não teve praticamente oportunidade de jogar como deve ser, ou seja, com a parte da frente da equipa estabilizada na linha preferível: Costinha, Deco, Maniche, Figo, Cristiano e Pauleta ou Nuno Gomes. Em princípio, estarão todos prontos para jogar contra a França. Seria então a altura de esquecer o espartilho scolariano e, finalmente, sacar aquela exibição que a gente sabe de que a nossa selecção é capaz. Até se podia perder. Mas da outra maneira também– já estamos aqui a lidar com a crème de la crème. E que melhor maneira de ganhar do que mostrando o que é jogar futebol?
Desde há muito que a simples ideia de império causa arrepios. A segunda metade do século XX foi marcada pelo fim dos impérios europeus e o nascer de novos Estados. A independência, ao menos formal, tornou-se um fim desejado e finalmente conseguido. Sucede que depois da bonança, veio a tempestade, com a surgimento de inúmeros Estados falhados que, quando tomados por grupos terroristas, colocam em risco a tranquilidade de qualquer potência. Perante a nova realidade, vai regressando a ideia do império. Até que ponto não será desejável repensar o conceito que dele temos?
Os impérios nem sempre foram iguais. Houve os que se expandiram em territórios despovoados e os que dominaram populações inteiras. Os que foram de matriz continental, enquanto outros de carácter essencialmente marítimo. Os marcadamente centralizados e aqueles que apostaram na descentralização do poder, como forma de conservar o seu domínio. São muitas as diferenças, mas uma semelhança a quase todos é comum: Um certo desenvolvimento económico aliado à pacificação dos territórios sob o seu controlo.
Felizmente tudo está por inventar até mesmo o conceito de império liberal. Desde que, aquando da intervenção no Iraque, os EUA sentiram que os compromissos do passado não seguravam os seus aliados de sempre, um novo equilíbrio passou a ter de ser encontrado. A partir do momento em que China e Rússia começaram a bater o pé às iniciativas norte-americanas, uma nova rede de aliados começou a ter de ser elaborada. ### Niall Ferguson, no seu livro Colossus, salientando que os EUA são um verdadeiro império, chama a atenção para a necessidade de este não dever apenas aceitar o comércio livre, mas pugnar verdadeiramente por ele. Para isso, é importante o desenhar de um conjunto de alianças com vários Estados, com o objectivo comum de defesa das liberdades individuais, objectivo que se estenda e se alargue, como um verdadeiro império. Um império liberal, com colónias liberais.
A originalidade está na diversidade. O ambiente que se vive neste início de século pode ser o ideal para este novo tipo de império. Nos finais dos anos 40 do século passado, George Kennan defendeu que o equilíbrio de poder só podia ser restaurado com a diversificação dos centros de decisão. A América precisava de aliados que pensassem pela sua cabeça, em oposição ao centralismo da União Soviética. A força das alianças dos EUA com outros Estados encontrava-se na defesa de interesses comuns e na autonomia para a definição de políticas. O que as unia era a defesa do mundo livre, objectivo para o qual a força militar nem seria a preponderante. O sonho de Kennan não se concretizou devido, essencialmente, à fraqueza da Europa e do Japão. Hoje, não é assim. Os centros de poder europeu e japonês são fortes e podem ter um papel importante na adopção de certas políticas. Com aliados fortes, o império liberal pode enfrentar os seus adversários com imaginação e flexibilidade.
É entre as colónias liberais que um país como Portugal poderá agir. O nosso país tem especiais ligações com o Brasil (uma potência emergente) e África. Não me recordo quem disse que na Europa, apenas Portugal, a França e o Reino Unido percebem alguma coisa daquele continente. Como elo de ligação entre os continentes europeu, americano e africano, o papel de Portugal é indispensável e desprezá-lo um desperdício, não apenas para nós, mas para o dito império de liberdades individuais que cabe defender neste século XXI.
Nota: A imagem no início deste texto pode não ter sido a mais bem escolhida. Se Atenas foi o berço da democracia, a teia de alianças que construiu no Mar Egeu, foi tudo menos liberal. Atenas não teve aliados, mas vassalos. Ao invés, Esparta, uma cidade autoritária, ao dar autonomia aos seus aliados, conseguiu estar bem mais perto do que aqui se escreve dever ser um império liberal.
"Um jovem torcedor curdo tentou se suicidar por causa da eliminação da seleção brasileira da Copa do Mundo da Alemanha. Segundo a agência iraquiana de notícias Aswat al-Iraq, Ziad Abdullah, de 19 anos, aplicou inúmeras facadas no peito, na cidade de Akkra, localizada 400 quilômetros a nordeste de Bagdá. Ele foi encontrado pelos pais desacordado no chão da casa da família. O hospital local informou que o estado do torcedor é estável."
O Governo não conseguiu garantir a implementação na totalidade das medidas previstas nos primeiros três meses do programa de simplificação administração (SIMPLEX). José Sócrates impôs aquele prazo para o cumprimento de 81 medidas, mas 25 estão ainda por cumprir.(...)
Quanto à justificação para os atrasos, lê-se de tudo, desde a falta de formulários ou pareceres, até ao facto de a medida ser mais complicada do que aquilo que o Governo tinha avaliado.
O meu artigo, publicado ontem na revista Dia D, do jornal Público.
Portugal é um país engraçado. Pequeno, estreito, com uma enorme faixa litoral e sempre preocupado com a desertificação do interior. Até Cavaco Silva, na primeira vez que saiu de Belém, teve o cuidado de visitar o Alentejo vazio. Mas a piada vai ainda mais longe quando as próprias regiões do litoral se irritam com a centralização do poder em Lisboa. É na capital que está o problema e na capacidade de negociar com o governo que se encontra a virtude de qualquer político de província. Lentamente, esta espiral de disparates atingiu níveis assustadores e, pior que tudo, catastróficos.
A nova lei das finanças locais, apresentada há dias pelo ministro António Costa, tem o condão de mudar alguma coisa, mas o objectivo que deveria conduzir toda a reforma sobre os municípios exige que se vá mais longe. Que exista uma relação directa entre os munícipes e os autarcas. Que os primeiros escolham os últimos e que estes prestem contas àqueles.
Acreditando solucionar todos os problemas, o Estado central colocou o poder local sob a sua alçada. É Lisboa quem cobra receitas e as distribui pelo país. Aos autarcas cabe apenas negociar com o Terreiro do Paço e mostrar os frutos da sua influência ao povo da terra. Para isso, constroem mil e uma obras de proveito duvidoso, mas de vitória eleitoral assegurada, porque o seu custo real não foi pago pelos munícipes da terra, mas pelos cidadãos de todo o país. Este povoa-se com construções inúteis, o território desordena-se com tanto planeamento. Enquanto isso, os senhores de Lisboa dão a machadada final no municipalismo português, lembrando que qualquer descentralização do poder implica mais políticos como Valentim Loureiro e Fátima Felgueiras. Porque a democracia consiste na aproximação do poder aos cidadãos, é este círculo vicioso e cínico a que se tem de pôr cobro.
O que mina o poder local é a sua dependência directa de Lisboa. Ao não poderem cobrar os impostos directos, os autarcas não têm de prestar, aos seus eleitores, contas dos custos das suas políticas. Tão só de negociar as receitas com o poder central. O resultado é a desresponsabilização das autarquias. Se apenas apresentam obra, nunca pedem sacrifícios. Pelo contrário, o custo do que constroem é diluído nos impostos pagos por todos, principalmente por aqueles que nunca irão saber como foi aplicado o seu dinheiro. Ao receberem as receitas directamente do Estado central e não dos seus habitantes, os municípios são financiados pelos cidadãos do todo o país que não podem penalizar o mau uso do seu dinheiro por um autarca de outro município. Ou seja, um habitante de Faro, não penaliza Fátima Felgueiras pelo uso indevido dos dinheiros públicos. Está legitimado o regabofe. Qualquer autarca vai querer tirar aos outros o máximo que puder. É esta dependência de Lisboa que conduz a que os municípios se digladiem por uns míseros euros.
O conceito do poder local não está errado. O problema é ele não ser mais que uma delegação do Estado central. Um poder autárquico forte implica ser responsável. Deriva de um controlo eficaz por parte dos eleitores que consigam medir os prós e os contras do mandato dos seus eleitos. Que sintam no bolso o custo do que foi feito e possam retirar o poder a quem utilizou mal o seu dinheiro.
A nova lei das finanças locais permitirá às autarquias receber parte do IRS cobrado nos seus concelhos, sendo-lhes possível reduzi-lo até 3%. No entanto, este objectivo é curto. Ao Estado não cabe estimular a competitividade fiscal, mas sim a defesa de democracia o que, neste particular, passa pela aproximação dos cidadãos às autarquias.
O país não precisa de ser divido em regiões e descentralizado por inúmeros institutos. O que lhe falta é aprofundar a democracia e ela passa por permitir escolher quem nos cobra impostos. A democracia implica responsabilizar tanto os eleitos como os eleitores. Tudo o que fuja a este esquema conduz à corrupção e ao descontrole de quem manda.
...gestão dos negócios aplicada à filantropia. No último número da Economist num artigo intitulado "Billanthropy":
Rather like the venture capitalists behind the American software industry, Mr Gates is a venture philantropist: he backs schemes, assesses them and dumps failure.
Propaganda comunista em estado puro à qual se acresenta outra um pouco mais (mas não muito) dissimulada em várias das restantes questões. É também para isto que serve a estatização do ensino...
What is so remarkable about the current wave of violence in Gaza is that the event at the origin of the "cycle" is not at all historical, but very contemporary. The event is not buried in the mists of history. It occurred less than one year ago. Before the eyes of the whole world, Israel left Gaza. Every Jew, every soldier, every military installation, every remnant of Israeli occupation was uprooted and taken away. How do the Palestinians respond? What have they done with Gaza, the first Palestinian territory in history to be independent, something neither the Ottomans nor the British nor the Egyptians nor the Jordanians, all of whom ruled Palestinians before the Israelis, ever permitted? On the very day of Israel's final pullout, the Palestinians began firing rockets out of Gaza into Israeli towns on the other side of the border. And remember: those are attacks not on settlers but on civilians in Israel proper, the pre-1967 Israel that the international community recognizes as legitimately part of sovereign Israel, a member state of the U.N. A thousand rockets have fallen since.
Segundo os resultados provisórios, Felipe Calderón parece ter uma margem suficiente para que a sua vitória não esteja em causa mas López Obrador, na boa tradição anti-democrática da esquerda, continua a dar sinais de que só aceitará a derrota se não tiver outra alternativa. Esperemos que seja o caso e que as expectativas dos que desejam ver o México enveredar pelo mesmo caminho desastroso de populismo socialista da Venezuela e da Bolívia tenham uma grande desilusão.
López Obrador considerou que o Programa de Resultados Eleitorais Preliminares do Instituto Federal Eleitoral (IFE), que com 96,2% dos votos apurados dá uma ligeira vantagem ao seu principal rival, Felipe Calderón, teve uma evolução «atípica».
(...)
De acordo com a última actualização dos resultados feita pelo IFE, às 09:20 (15:20 em Lisboa), com 96,2% dos votos apurados, Felipe Calderón surgia com 36,43% dos votos, contra 35,40% de López Obrador.
Quando a pesada herança socialista começa a ser finalmente ultrapassada, o desenvolvimento da Índia apresenta sinais francamente positivos: 'The Most Optimistic Country in the World', por Val MacQueen.
In the mid-1980s, India's middle class comprised just 10 percent of the population. Today, it's larger than the entire population of the United States and is predicted to grow to 445 million by the end of this decade. For 70 years, Mohandas Gandhi's myopic vision of backward-looking socialism as a template for national advancement was accepted as revealed wisdom by a string of Indian prime ministers, starting with his acolyte, Nehru. Despite a plenitude of cotton, Gandhi didn't think India should create a cotton industry, believing instead that every family should own a spinning wheel and spin its own. He didn't believe India should develop a manufacturing base, which not only caused the dead hand of "import substitution" to smother native initiative, but the failure to develop factories meant there was also a failure to develop infrastructure like roads and ports to take goods to market.
Now at last, riding on a new surge of confidence at home and overseas, Indians have ditched austerity, the spinning wheel and the Mahatma and are spending it up like maharajas. In a recent survey, 90 percent of them cheerfully admitted that they spend their disposable income on non-essentials.
A França venceu, e bem, o Brasil. Para grande pena minha, mas foi assim. Sucede que há algo que deveria assustar os franceses. Embrulhados que estão numa grave crise social, com distúrbios vários há muitos meses; com os líderes de um governo corrompido à bulha por um lugar no Eliseu; o proteccionismo económico que ameaça isolar aquele país do resto do mundo; o perigo da extrema-direita, com toda a violência que esta preconiza, sempre à espreita. A França já há muito que não parecia um país da velha Europa. Quando esquece todos os seus problemas e festeja, de forma eufórica, a ida às meias-finais de um campeonato de futebol, assemelha-se a um país do Terceiro Mundo, mais precisamente ao Brasil dos anos 70/80. De facto, o mundo muda e, com ele, as prioridades de cada um.
"Uma estátua com 7,25 metros de altura, em homenagem a Ronaldinho, instalada na Avenida Getúlio Vargas, na cidade de Chapecó, em Santa Catarina, amanheceu queimada na madrugada do último domingo. (...) De acordo com autoridades, sobrou apenas uma das mãos, um pedaço da bola e alguns arames retorcidos da estátua. Até bandeiras do Brasil foram queimadas."
Visando o reforço do Colectivo Insurgente, não olhámos a despesas e persuadimos o Rui Carmo, um dos nossos mais brilhantes comentadores e atentos correspondentes, a passar ao activo. Perco desta forma a fonte de uma boa parte dos meus posts, mas ficam certamente a ganhar os leitores.
WAYNE ROONEY last night sensationally accused Cristiano Ronaldo of deliberately getting him sent off - as England crashed out of the World Cup against Portugal after a nerve-shredding penalty shoot-out.
He revealed that his Manchester United team-mate spoke to him just before the game and said: "I am going to get you sent off."
Rooney, in tears and raging, told fellow players in the dressing room: "I can never play with him again. I am going to f****** sort him out."
Com o mundo moderno de olhos postos no Mundial de Futebol, o seu homónimo espaço ressente-se. Alguns comentadores avisam que esta é uma boa altura para o Governo "pedir sacríficios". Não há, no entanto, razão para o caro leitor se preocupar. Para isso seria necessário que o Governo fizesse o sacríficio de olhar um pouco menos para o que se passa nos relvados da Alemanha. Se não fosse a demissão do Ministro dos Negócios Estrangeiros, até se poderia pensar que a única questão de política externa de Portugal era a suposta entrevista de Pauleta a um orgão da imprensa inglesa. No mundo real, um soldado israelita foi raptado por terroristas palestinianos. As boas consciências temem que a reacção israelita coloque "entraves" ao "processo de paz". Segundo o DN, Chirac rejeita uma visão "apocalíptica" da França. A não ser que esteja a falar da selecção de futebol, isso só quer dizer que tem mantido os olhos bem fechadinhos. Warren Buffett, milionário norte-americano, doou mais de metade da sua riqueza à fundação filantrópica de Bill Gates, mostrando mais uma vez a abjecta perversidade do "grande capital".
"Bento XVI considera que a solidariedade é a chave para que a globalização se converta em uma aliada (e não em uma inimiga) da luta contra a pobreza. (...) Neste contexto, explicou, 'a Igreja, ao considerar o exercício da caridade como uma dimensão essencial de seu ser e sua missão, desenvolve de maneira abnegada uma valiosa atenção aos necessitados de qualquer condição ou proveniência, e colabora nesta tarefa com as diversas entidades e instituições públicas, a fim de que não falte uma mão amiga a ninguém que busque apoio para superar sua dificuldade'."
Caridade, sim. Mas nunca por obrigação. A virtude cristã da caridade pode e deve ser sempre incentivada, mas não deve ser imposta através de artificialidades estatais ou mecanismos redistributivos que tolhem as iniciativas individuais e inibem o pleno desenvolvimento das capacidades. A preocupação sincera com o bem estar do próximo é conseqüência do fortalecimento moral e não da aniquilação das liberdades.
Freitas do Amaral demitiu-se ontem do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros por motivos de saúde. Esta foi a versão oficial, mas, segundo apurou o CM, a demissão deveu-se a um acumular de situações, sendo decisivas discussões com o embaixador norte-americando e conflitos com um assessor diplomático de José Sócrates.
Os dez mil alunos e professores das três faculdades do pólo universitário da Ajuda, em Lisboa, estão a organizar-se para "fazer um cordão humano de estudantes junto ao Ministério da Administração Interna e exigir mais policiamento na zona", revelou ao DN a presidente da Associação de Estudantes do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Sofia Ferreira. Essa acção foi ontem aprovada em assembleia geral de alunos daquele instituto.
"Vamos convidar os ministros para cá virem e apresentar-lhes a insegurança que se vive aqui. Passamos cá quatro anos de inferno", relata a mesma responsável.
Denuncia casos de prostituição e toxicodependência, ameaças e roubos a alunos e professores à porta das faculdades e a falta de autocarros, "que acabam quase todos pouco depois das 21.00 e não há mais transportes. Estamos aqui metidos num desterro onde não há nada. Nem sequer há um café onde ir pedir ajuda". Por isso mesmo, "há alunos que até deixam de vir às aulas e só vêm fazer os exames".
A educação no Chile vista por Hermógenes Pérez de Arce
Sobre a educação no Chile e a acção destrutiva do socialismo em matéria educativa em geral: Ejercicio general del ridículo, por Hermógenes Pérez de Arce.
Sobre a importância de uma oposição liberal, por RAF, com um generoso benefício da dúvida atribuído a JPP (que eu, embora menos generoso do que o meu amigo RAF, também me sinto tentado a dar).
"Os dois grupos [intelectuais petistas e tucanos] são formados por intelectuais originados da ortodoxia marxista. Houve um bom período de domínio hegemônico dessa corrente na universidade. Os partidos comunistas mais ortodoxos sustentavam grupos universitários de poder, controlando cargos acadêmicos, formação de colegiados e até publicações. Nem precisava ser membro de algum desses partidos para ter essa sustentação, bastava ser uma linha auxiliar, um simpatizante. Essa instrumentalização hoje se mantém, ainda que com menor vigor. Esses monopólios são difíceis de ser quebrados. (...) Em seus trabalhos de pesquisa, as pessoas se citam reciprocamente, e abundantemente. Se você procurar a literatura publicada imediatamente depois do meu livro, não encontrará nenhuma citação. Isso só foi ocorrer anos depois. A censura ideológica neste país é muito grande."
Maria Sylvia de Carvalho Franco, em entrevista à revista VEJA