18.8.06

A Europa é de Vénus

Que esperavam?

A ONU decretou, está decretado. Cessar-fogo no Líbano. Israel retira? Sim, mas o exército regular do Líbano assume a função de desarmar o Hezbollah. Acontece que grupo terrorista não está disposto a entregar as armas, e aparentemente os libaneses também não estão com grande vontade de cumprir o seu papel. Ora, a força multinacional, liderada pelos países europeus, em especial a França, não pretende enviar tropas se houver riscos de encontrar brigadas do Hezbollah armadas até aos dentes. Os israelitas também já manifestaram que não é fácil desmobilizar todo aquele exército de uma forma expedita. Uma triste figura: da ONU e da Europa, reféns do "politicamente correcto", e que por orgulho decidiram aceitar um "presente envenado": tentar provar aos EUA e à comunidade internacional que com a sua urbanidade e civilidade conseguiriam resolver as tensões no Líbano sem "sujar as mãos", coisa que, já se havia visto, não é possível; a esta hora, Bush, que já leu "O Estrangeiro" de Camus, estará mais habilitado a compreender a "crise existencial" dos europeus em matéria de política externa; as hienas que se riram, agora chorem, com esta realidade deprimente: o governo do Líbano - como muitos outros de Estados em seu redor - estão limitados pelas suas fragilidades, dominados pelas forças terroristas e pelos que os financiam (como o Irão). E a Europa, vai agora pagar o preço? Quem envia as tropas? Quem desarma os terroristas? Israel? Não pode. O Libano? Não consegue (nem quer). Os EUA? Bush não tem tempo: está agora a tentar ler Sartre...

Rodrigo Adão da Fonseca