Democracy must be something more than two wolves and a sheep voting on what to have for dinner. - James Bovard
3.6.06
Interpretação autêntica... ou não?
Quando coloquei esta entrada não sabia que ela mereceria as honras das "invectivas" de um dos guardiães do templo da verdade unâmime e totalitária dos aquecimento global antropogénico. Para além destas duas entradas, já houve esta intervenção do André e uma tréplica do Filipe. Onde este já vai! E o objectivo da entrada original era tão modestizinho...
Para irmos por partes, comecemos pela questão do "tradutor", que o Filipe já tratou de explicar na sua tréplica. Independentemente desta explicação, a utilização desta palavra lembrou-me aqueles que para desvalorizarem o Mourinho chamavam-lhe sempre o "tradutor de Bobby Robson". E, não tendo nada que ver com a entrada original, isto faz-me pensar que se os professores pensam que têm o seu estatuto degradado, então como o terão os tradutores. Eu não acredito nisso, mas parece que o Filipe acredita que para se ser tradutor basta saber línguas (pelo menos duas) e que a competência do computador é exclusivamente linguística. Que erro enorme. Se assim fosse, nós os tradutores já há muito teríamos sido substituídos pelas máquinas. Seria uma espécia de transcodificação, como acontece quando se passa de um código para o outro, como quando se pega num texto escrito em alfabeto latino (por exemplo) e se transforme isto em sinais sonoros longos e curtos (código morse). Ora a tradução não é nada disto. Saber línguas é apenas uma condição necessária, mas não uma condição necessária e suficiente para se saber traduzir. Por haver muito gente a laborar neste erro, é que há muita gente que se acha capaz de traduzir e há tanta tradução de fraca qualidade.
Qualquer tradutor que ganhe a vida a traduzir sabe que tem que alargar imenso os seus conhecimentos em múltiplos domínios e, sobretudo, saber onde pode encontrar informação relevante para a tradução em questão.
Mas, isto é apenas um aspecto marginal à questão e a constatação de que há ideias feitas que são difíceis de irradicar.
De qualquer modo, não é por alguém se dizer que é tradutor, que se pode dizer que essa pessoa não tem formação académica nesta ou naquela área. Por acaso, ou não, não tenho qualquer formação académica em climatologia mas, também nem precisava de ter. Ou agora nos blogs, só se pode escrever sobre aquilo em que temos formação académica?
Por outro lado nem a minha entrada original pretendia ser um tratado científico sobre as chamadas "alterações climáticas" (já agora reparo que nessa entra há um erro: onde se lê "aquecimento tropical" deve ler-se "aquecimento global").
Não sei se este erro fez com que o Filipe compreendesse mal o que escrevi. Primeiro, o que eu vejo no meu texto é apenas uma constatação: o clima terrestre modifica-se, quer exista o homem, ou não. É simplista, sim (mas não mais do que os modelos do IPCC). Mais, embora não negue que o homem pode ter influência sobre o meio ambiente, duvido muito que o factor antropogénico seja a causa do "aquecimento global". Isto foi apenas isto que eu quis dizer.
Quanto às bases científicas, meu caro Filipe, a coisa é muito mais simples. Em tempos, ainda no tempo em se falava principalmente do buraco de ozono e do efeito de estufa, até quase acreditei na conversa. Mas, acontece que, interessando-me pelo assunto, comecei a ler sobre assunto, tanto pró como contra. Acabei por achar suspeita a teoria do "aquecimento global". Como qualquer ser inteligente, acabei por tirar conclusões. Certas? Erradas? Não sei... Sei que nem todos os cientistas embarcam nessa do "aquecimento global".
Agora, Filipe, as razões por que acha o meu texto fraco são absolutamente incompreensíveis. Eu não falei da existência do homem há 55 milhões dos anos, nem quero saber se aquelas condições se reproduzirão ou não. O meu ponto era mesmo dizer que o clima mudou no passado sem factores antropogénicos. E que, actualmente, pelo aquilo que li, é, no mínimo, especulativo falar em "aquecimento global" como sendo criado pelo homem. Só isto e nada mais.
Provavelmente, a verdadeira verdade inconveniente é esta...
Como é sabido, há por esse mundo fora gente que chama a Israel um estado racista, onde existe o apartheid, em que os palestianos são sempre os "coitadinhos" e, obviamente, os israelitas são sempre os maus da fita.
Mas quando acontecem factos como os que levaram à execução pública de um homem palestiniano acusado de colaborar com Israel e da execução semi-pública (mas também extra-judicial) de uma mulher palestiniana acusada do mesmo crima, vemos artigos abjectos como este, saído no The Guardian: Web of betrayal, blackmail and sex that killed two lovers who turned informer.
Em toda a peça não há nada daquelas indignações opinativas a que muitos jornalistas gostam de asas quando alguma nação ocidental comete um idiotice qualquer que viole os direitos humanos. A ideia de fazer um julgamento a sério não passa por ela. Aliás, parece que o artigo foi escrito para justificar o que os palestinianos fizeram.
Andrea Ermini, de 28 anos, trabalha em Florência (Itália). Há um ano leu ‘O Código Da Vinci’ e ficou surpreendido com retrato que o romance faz do Opus Dei. Investigou e… hoje pertence a esta instituição católica: “Graças a Dan Brown descobri a beleza da fé”, diz.
1. A semana que terminou foi fértil em polémicas relativas a privilégios corporativos, tendo sido visadas em particular as classes dos Arquitectos aprovados pelo Estado e respectiva Ordem, e a dos Farmacêuticos aprovados pelo Estado e respectiva Ordem.
A argumentação contra o corporativismo baseia-se no conceito de liberdade individual— empresarial, laboral e contratual& incluindo a liberdade de discriminação e discernimento privados e de estabelecimento livre de cláusulas de salvaguarda e responsabilização dos intervenientes, em complemento de outras disposições legais—, assim como no reconhecimento que o corporativismo é uma falácia e um disparate económico, adverso a qualquer “interesse público”.
Mas há quem defenda ou (ainda) acredite que o estabelecimento estatal de monopólios é garante de "qualidade", e que a sociedade profissional tem de ser regida por padrões nacionais, definidos e supervisionados por entidades centrais, para o bem colectivo. Que no meio está a virtude e que algum estalinismo até é benéfico. ### 2. É penoso analisar porque é Portugal o país dos "doutores e engenheiros" . Não há como não reconhecer que o país nunca cultivou uma cultura amiga da liberdade, responsabilidade individual e iniciativa privada.
Toda uma sociedade raciocina de acordo com a concepção infantil que a sociedade se faz de senhores de bata, de beca, de capacete das obras, de régua de escalas, de almofariz, de batuta, de giz, de avental, e assim por diante… e é assim que tem de ser. E que num país de mandriões e malandros, o que seria de nós sem o Estado para zelar pelo que nos acontece.
Como corolário, declara-se que cabe ao Poder conceber e levar a cabo a organização e reorganização do tecido profissional nacional. Que o Ensino deve formar tantos profissionais para tal horizonte de tempo, segundo tal estudo oficialmente adoptado pelos Ministérios, omnisciente quanto ao futuro e plenamente confiante na capacidade do Estado de fazer o futuro acontecer segundo o seu Plano.
3. Que o "sistema" seja um fracasso não é surpresa para quem já reconheceu noutras áreas da Economia e da sociedade os efeitos nefastos do estatismo mais ou menos absoluto.
O defeito é estrutural— responder à sociedade, um sistema infinitamente complexo, com planos centrais determinísticos é receita para o desastre, ou limitação das liberdades individuais— mas é agravado pelo corporativismo patrocinado pelo Estado, para "pacificação social". Por meio de numerus clausus e restrições à admissão e exercício da profissão, algumas classes profissionais são dimensionadas em número insuficente para as necessidades apercebidas pela sociedade; outras existem em super-abundância.
Quando se lida com o Ensino com ferramentas de Socialismo de Guerra, obtêm-se resultados análogos: recursos sem qualquer relação com a realidade de uma sociedade livre e espontânea; escassez; batalhões de profissionais formatados para obedecerem e serem obedecidos.
4. É um imperativo acabar com o estalinismo educacional. O Ensino é uma actividade que interessa a toda a sociedade, ávida de obter os melhores meios o mais racionalmente quanto possível. Não faltam incentivos à iniciativa privada para providenciar os melhores resultados aos melhores preços, e com menores custos— se o Estado não tudo controlasse.
À argumentação que a iniciativa privada também não sabe o que é o "melhor" para o "futuro"— pese o enviesamento construtivista desta opinião— é preciso responder que é verdade.
Mas é flagrante que devem ser recompensados aqueles que demonstrarem, na escolha da sua formação, uma melhor previsão do futuro— são esses os pioneiros que puxam pelos restantes; quem escolher formações sem futuro tem que assumir responsabilidades pela sua opção pouco precavida.
A todos, um mercado de Ensino liberalizado teria a oferecer formações mais polivalentes e mais reconhecidas como úteis à sociedade. Um sistema espontâneo como este não dependeria de intermediários burocráticos e políticos, e responderia aos sinais do mundo laboral com interessada eficiência.
5. Sobretudo, a liberdade do indivíduo para melhorar a sua condição depende da liberdade laboral— da possibilidade de explorar os seus talentos em áreas não limitadas pela sua formação académica.
A corrida ao privilégio do Estado não é mais do que a face visível do corporativismo, a nova Guerra de Classes. As vítimas são os consumidores, os contribuintes, os trabalhadores empreendedores, e toda a cultura de um Portugal feito confortavelmente subserviente e inerte.
Acabar com privilégios corporativos é um imperativo. Liberalizar a entrada de novos profissionais, organizações e empresas, e delegar ao mercado o reconhecimento do valor e da qualidade. Que o Estado se limite ao estabelecimento das "regras do jogo", independentes dos "jogadores"— regras abstractas, objectivas e necessárias; e à arbitragem imparcial do cumprimento das mesmas, por via da Justiça.
"A segurança da Câmara dos Deputados confirmou nesta quinta-feira que nove deputados receberam envelopes contendo material parecido com fezes. A maioria dos parlamentares é da base aliada e três deles são acusados de participar do esquema chamado de 'mensalão'. (...) Os parlamentares que receberam o envelope foram: João Alfredo (Psol-CE), Gilmar Machado (PT-MG), João Fontes (PDT-SE), Iara Bernardes (PT-SP), José Mentor (PT-SP), Durval Olato (PT-SP), Irineu Colombo (PT-PR) e José Janene (PP-PR)."
Para os interessados em ir um bocadinho para além da espumas dos dias no que diz respeito à compreensão do conceito de monopólio, deixei no Blog da Causa Liberal uma pequena (e necessariamente incompleta) lista de sugestões bibliográficas para uma introdução à teoria austríaca do monopólio, com links para os textos que estão disponíveis online.
Recomendado especialmente a juristas e a economistas que, tal como eu, tenham sido sujeitos ao tratamento neoclássico durante a sua formação. Quanto mais não seja, mesmo para quem discordar, pode servir para alargar horizontes e conhecer melhor o "inimigo".
The situation we are in, and have been in for several generations, is one in which intelligent, representative government is increasingly impossible, simply because of the sheer size and scope of government. If we want a government that is controlled by our representatives, we need a government that is sufficiently limited in size and scope for it to be humanly possible for our representatives to know and understand what it is doing and what is being suggested that it do. For the people's representatives to regain control of the government, its size and scope must be radically reduced. (…) That is our government today: a train wreck, a thousand train wrecks, just waiting to happen.
O estado da educação em Portugal não é coisa que me tire o sono. Mais coisa, menos coisa não me parece diferente em lado nenhum. Os países ou sistemas que conseguem melhores resultados nos testes internacionais fazem-no (a ser verdade a selecção de turmas por exemplo na Finlândia) pela elitização do ensino, o que acho muito bem. Os resultados dos americanos na matemática não são muito melhores que os portugueses e “ó p’ra eles todos lampeiros” na tecnologia. Acresce ainda, que lendo publicações de uma série de outros países europeus e/ou ocidentais, todos se queixam do mesmo. Seja na educação, seja na fuga fiscal, seja na corrupção, o assunto é indiferente: estamos aqui, estamos na Idade da Pedra.### No que directamente me respeita e à minha família, que é o único agregado humano que me interessa, estou-me perfeitamente nas tintas para as reformas, as iniciativas e os planos do Ministério da Educação. A ingenuidade de pensar que o estado há-de resolver alguma coisa, ou criar a sociedade mais humana, solidária e educada perdi-a há tempo suficiente. Sendo pai, entendo que o papel principal na educação do meu descendente é meu. Não preciso que a escola lhe transmita valores, que o ensine a comer com um talher ou a apertar os sapatos. Basta-me que lhe vão dizendo “umas coisas” sobre a biologia, matemática, línguas, etc. No fundo que a escola sirva de guia e de preferência que não lhe ensinem História, pelo menos, enquanto a interpretação da Lei das Sesmarias não mudar. Do resto, trato eu em casa. Sei que nem todas as crianças têm quem os possa educar em casa. Sobre isso e como diria alguém: “tough shit!.” Pago impostos consumidos pela escola pública mais a propina de um colégio, portanto, pago a educação do resultado da irresponsabilidade de outrém, logo, não me seja pedido mais. Fá-lo-ei se quiser, se me apetecer, se achar indicado e se puder. Não é um problema meu e a escola não é um caixote onde se despejem os filhos enquanto não podemos tratar deles. Mais, hei-de morrer achando que uma criança quando nasce, não tem RI-GO-RO-SA-MEN-TE nenhuma obrigação perante os pais. Zerinho. Não pediu para nascer e as obrigações que adquire ao longo da vida estão directamente dependentes do amor, carinho e dedicação que recebe, cujo resultado costuma ser certo. Pai é quem cria, não é quem tem um orgasmo precoce na hora certa. Pode parecer deslocado, mas isto vem a propósito da avaliação dos professores pelos pais. É um não-problema. Tenho reuniões no mínimo mensais com a directora de turma da cria cá de casa. Sabendo o que ele sabe, sabendo o que pensa a sra e sabendo os resultados escolares, declaro-me incompetente para avaliar os professores dele. Não tenho termo de comparação, nem faço ideia do que é suposto (pelo Ministério da Educação) que ele saiba. Eu sei o que quero que ele saiba e ele também. Chega-me.
Confirma-se que, em nome do Progresso, os assessores de Cavaco deveriam ter sido sujeitos a aprovação prévia por parte das forças bloquistas (desde as alinhadas às desalinhadas, sem esquecer as simplesmente desorientadas...).
Filipe Moura está sem dúvida em grande forma. Depois da sagaz e surpreendente denúncia de que O Insurgente é um blog dominado por monges albinos, FM presenteia-nos com mais uma pérola reveladora da profundidade da sua capacidade de análise e da extensão da sua erudição.
Calhou desta feita ao Rui Oliveira ser impiedosamente desmascarado. Como o FM bem evidencia, o facto de o nosso Rui pertencer à classe dos tradutores (em matéria de classes, a extrema-esquerda gosta de tudo bem organizadinho), faz com que textos destes se vejam desprovidos de "base científica". O facto de serem uma simples e absolutamente evidente constatação lógica, naturalmente, não chega para conferir "base científica" ao texto, tendo em conta que o autor tem como actividade profissional principal a tradução (já referi que, em matéria de classes, a extrema-esquerda gosta de tudo bem organizadinho?).
A prova de que a lógica não é importante pode ser encontrada nas próprias palavras do Filipe Moura:
Se o Rui Oliveira parasse para pensar, talvez concluísse que o facto que refere só é possível justamente por o homem então não existir. O homem não podia existir nessas condições.
Exactamente! Se o Rui Oliveira parasse para pensar (e desde que em vez de usar a lógica, se servisse de "bases científicas" como as do Filipe Moura), perceberia imediatamente que o facto a que aludiu (de há cerca de 55 milhões de anos o Árctico ser uma espécie de paraíso subtropical) só foi possível por o homem então não existir, o que é uma revelação notável. A influência antropogénica sobre o clima é de tal modo forte que não só a acção humana provoca o aquecimento (ou arrefecimento, conforme a moda do momento) global, como foi a própria não existência do homem há 55 milhões de anos que possibilitou as condições climáticas do Árctico que se terão verificado nessa altura.
Torna-se assim evidente que são muito mais importantes as "bases científicas" invocadas pelo Filipe Moura do que a lógica friamente aplicada pelo Rui Oliveira (já referi que o Rui é tradutor e se atreveu a escrever sobre alterações climáticas?). Aliás, se caíssemos no erro grosseiro de avaliar os textos do Filipe Moura por padrões lógicos, seríamos forçados a concluir que o FM indicia estar perigosamente próximo de uma situação de irremediável indigência mental e/ou configura um agudo caso de iliteracia. Uma coisa é certa: eu não confiaria numa tradução feita pelo Filipe Moura.
"Durante más de 16 años ha extraído a los contribuyentes más y más recursos para educación, hasta casi cuadruplicarlos en términos reales. ¿Y cuál ha sido el resultado? Los alumnos siguen fracasando en las pruebas de rendimiento y están a la zaga en las comparaciones internacionales. ¿Por qué? Porque los recursos terminan beneficiando a la burocracia vinculada a la educación y no a la calidad de la misma."
Detalhe: é sempre bom recordar que problemas com a educação determinaram o começo do fim do governo da UP na década de 1970... Foi por outras razões, isso está claro, mas o tema é sempre polemizador para os chilenos.
Na seqûência dos desentendimentos com a Austrália sobre a questão do comando do contigente da GNR (que acontece no dia da sua partida para Timor!) Freitas do Amaral coloca a hipótese de colocar os militares portugueses sobre o comando directo de Xanana Gusmão ou Mari Alkatiri!
A direcção do Grupo Parlamentar do PSD demarcou-se esta sexta-feira da autoria e da responsabilidade pela apresentação de um projecto de resolução no Parlamento para instituir o dia 6 de Junho como o «Dia Nacional do Cão».
Fonte oficial da direcção da bancada social-democrata referiu à agência Lusa que «o projecto de resolução sobre o Dia Nacional do Cão não é uma iniciativa do PSD, mas sim de uma iniciativa de um grupo de deputados, entre os quais [o líder parlamentar do PSD] Marques Guedes».
A auxiliar de educação Noémia Graça trabalha na Secundária Macedo Fragateiro há 13 anos, mas não vai esquecer tão cedo o dia 30 de Maio de 2006. Cerca do meio-dia, no pavilhão das oficinas, advertiu uma aluna para a proibição de fumar, ordenando-lhe que apagasse o cigarro. A estudante, de 18 anos, residente em S. Vicente Pereira, não só se negou a fazê-lo, como ameaçou a funcionária que a queimava, assim que a mão dela tocasse na sua para lhe tirar o cigarro. «Disse-me que me mordia se eu não a largasse, e passou mesmo das palavras aos actos», explicou a vítima. Ao mesmo tempo que mordia a auxiliar de educação, arranhou-a e pontapeou-a nas pernas, obrigando-a a receber tratamento hospitalar. As agressões foram presenciadas por dois professores e vários alunos. Alguns deles, sob anonimato, confirmaram a versão contada por Noémia Graça.
Em recente post, Vital Moreira [VM] "fotografa" duas realidades económicas distintas (Dinamarca e Índia) e retira daquelas importantes - mas erradas! - conclusões. Esta metodologia estática de análise não é exclusiva de VM. Em maior ou menor grau, todos os estatistas a usam.
Uma fotografia captura determinado momento que nunca mais se irá repetir. Não representa, por isso, a realidade.
Para VM, o nível de impostos determina o "volume e qualidade dos serviços públicos". Maior carga fiscal, mais e melhores serviços públicos. VM compara, por isso, o dia da liberdade de impostos da Dinamarca (205 dias) com o da Índia (74 dias) para levar o leitor a concluir que a diferença da qualidade de vida entre os cidadãos dinamarqueses e indianos deve-se a diferenças do montante de impostos cobrado.###
Então, seguindo a lógica de VM, a solução para os indianos parece ser simples: aumentem os impostos... Mas as percepções iniciais podem enganar! Dinamarca e Índia têm diferentes níveis de PIB per capita. Logo, para os indianos poderem ter acesso a equivalentes serviços públicos, o rendimento disponível destes seria, comparativamente aos dinamarqueses, muito menor.
Verifica-se, assim, que as "fotografias" de VM nem sequer conseguem retratar determinado momento da realidade. Estão desfocadas...
A realidade está, no entanto, em constante mutação. Para a melhor retratar VM necessitaria, portanto, de uma "máquina de filmar".
E, vendo todo o "filme", constatamos que a Velha Europa - "fotograma" a "fotograma" - perde competitividade para países como a Índia. A questão é saber se o crescimento económico da Índia poderia ser superior se a sua carga fiscal fosse maior. Infelizmente para estatistas como VM, a história diz-nos o contrário.
VM conclui o seu post com a seguinte frase [destaque do autor]:
uma coisa é certa: menos impostos significariam menos (ou piores) serviços públicos.
Caro VM, tomei a liberdade de o corrigir: uma coisa é certa: menos impostos significariam mais (e melhores) serviços privados.
Sai na próxima Quarta-Feira, com o Correio da Manhã e a Sábado, a colectânea de crónicas do Homem cujo único defeito é acompanhar o bacalhau com arroz. A não perder.
The scope of planned new European Union rules to regulate audiovisual content will be narrowed to exclude blogs, personal clips and other "non TV-like" images, a senior EU lawmaker said on Friday.(...) "The crucial point is defining the scope," Ruth Hieronymi, the centre-right MEP steering the bill in the European Parliament, told reporters at the end of a two-day hearing. The Commission's intention was not to include blogs and other non broadcast type output, but the legislation needs clarifying to ensure this will be the case, she said.(...) ### Content under the bill's scope should have an element of "editorial responsibility" or where editorial decisions are involved in services for a mass audience, Hieronymi said.(...) Ofcom [British media watchdog] told the hearing that unless the scope was altered, the bill would encompass videoblogs, online video games and individuals that create their own clips on sites such as YouTube and MySpace. "All of these services are almost the diametrical opposite of the mass media which is our claimed target," Ofcom's Tim Suter said.
Segundo Alberto Martins o PR "apenas contestou a sanção prevista no diploma".
Para ajudar a esclarecer o líder parlamentar do PS deixou aqui um exerto do comunicado do PR:
3. São várias as razões que justificam o carácter excessivo e desproporcionado do dispositivo previsto no artº 3º do diploma, a saber:
a)os partidos ou listas de candidaturas que não aceitassem ou não pudessem cumprir os critérios do diploma, poderiam ficar impedidos de concorrer a eleições, o que constituiria uma severa restrição à liberdade e pluralismo das opções próprias da democracia representativa;
b)a liberdade de cada partido para organizar as suas listas, de acordo com a vontade dos seus órgãos democraticamente eleitos, seria limitada de forma exorbitante;
c)a constituição de listas nas eleições locais seria seriamente dificultada em certas zonas menos povoadas e mais envelhecidas do País;
d)a liberdade de escolha do eleitorado relativamente às listas de cidadãos seria restringida, sem fundamento razoável, mediante a inclusão artificial e forçada em lugares elegíveis de candidaturas desconhecidas ou não desejadas, de um ou outro sexo.
«As razões são válidas. Vêm ao encontro das preocupações que colocámos na discussão na Assembleia da República»(...)«Nós não temos nenhuma razão para alterar a nossa posição ao mecanismo que o PS propôs, que consideramos um caminho que não é o indicado para fomentar uma maior participação das mulheres»
«É forçoso notar que não suscitou a inconstitucionalidade da lei, tomou uma posição política conservadora, contrária ao incremento da participação política das mulheres»
The term “nirvana fallacy” was first used by the economist Harold Demsetz to describe the comparison of real markets to ideal government institutions lacking imperfection. Such a comparison leads to the conclusion that government intervention is required to overcome the failures of markets. Flawless government intervention is desirable when compared to imperfect market outcomes.
(...)
A similar fallacy often applies to reconstruction efforts. In the context of reconstruction, a nirvana fallacy occurs when it is assumed that, in the face of a weak, failed or illiberal government, external occupiers can provide a better outcome relative to what would exist in the absence of those efforts. This is not to say that reconstruction efforts can never have beneficial effects, but neither can it be assumed that occupation will yield beneficial outcomes.
O Filipe Mouradeixa aqui um pequeno apontamento sobre Salazar e o fascismo. Diz ele que não tem qualquer mal em se dizer que Salazar não era fascista, na mesma medida em que Estaline, por exemplo, nunca terá sido comunista.
Há dois pontos a que gostaria de chamar a atenção neste comentário do Filipe.
1) É importante separar Salazar do fascismo, não com o sentido de tentar limpar, ou menorizar, o papel do ditador, mas de acabar com o truque dialéctico que a esquerda portuguesa (socialista e comunista) utiliza. Vejamos: O Partido Comunista Português sempre foi conivente com as atrocidades cometidas pela URSS por esse mundo fora. Ora, nesta cantinho da Europa (que nunca foi comunista) só há uma forma de impedir que lhes apontem o dedo e essa é acusando a direita de ser fascista. É um truque muito bom e de resultado fácil quando sabemos que a Europa ocidental sempre teve mais a temer com as ditaduras de direita, que com as oriundas da esquerda. Separar as águas é pois, essencial, de forma a acabar com os complexos de culpa de uma direita que se quer liberal.
2) Estaline pode nunca ter sido um verdadeiro comunista. De pouco interessa ao caso, pois todo o verdadeiro comunista se torna, inevitavelmente, num Estaline. ### O que pretende o comunismo? Basicamente, e dito de uma forma muito simples, a igualdade. Ora, a igualdade, como o comunismo a entende, não se estabelece. Impõe-se. Ao contrário do que agora por aí se conta, o comunismo não é uma ideologia simpática e bem intencionada. Ela contraria a natureza humana e como tudo o que se opõe à natureza do homem, é perigosa, nociva e mortal. Uma sociedade comunista é contra-natura na medida em que a diferença faz parte da essência do homem. O comunismo, por si só, gera as maiores atrocidades ao pretender construir uma sociedade que não existe, uma Utopia. É que as Utopias só se formam à força, pois basta uma voz discordante para deitar tudo a perder. Querer contrariar isto, só através da violência; a violência das armas e do medo. De um medo que obrigue os indivíduos a aceitar leis que desvirtuem a diferença inata em cada ser humano.
Desta forma e pelas razões acima mencionadas, sempre considerei o comunismo (à semelhança do fascismo e do nazismo), como uma das mais nocivas e mortais ameaças à vida e liberdade do homem. Com uma particularidade: Ele esconde-se sob o véu da bondade e apresenta-se como a solução de todos os males. Porque o resultado é o que se sabe, é necessário estar sempre alerta para com os homens de boa vontade.
Finalmente a esquerda vai ter oportunidade de invectivar Cavaco Silva.
O PR vetou a "lei da paridade". Contrariando os meus receios a decisão parece-me correctamente fundamentada.###
Cavaco Silva considera, no comunicado, que «os partidos ou listas de candidaturas que não aceitassem ou não pudessem cumprir os critérios do diploma, poderiam ficar impedidos de concorrer a eleições, o que constituiria uma severa restrição à liberdade e pluralismo das opções próprias da democracia representativa».
Por outro lado, argumenta, «a liberdade de cada partido para organizar as suas listas, de acordo com a vontade dos seus órgãos democraticamente eleitos, seria limitada de forma exorbitante».
Em terceiro lugar, o Chefe de Estado alerta que com a imposição de quotas, nas eleições locais, a elaboração das listas «seria seriamente dificultada em certas zonas menos povoadas e mais envelhecidas do país».
Por último, Cavaco Silva avisa ainda que «a liberdade de escolha do eleitorado relativamente às listas de cidadãos seria restringida, sem fundamento razoável, mediante a inclusão artificial e forçada em lugares elegíveis de candidaturas desconhecidas ou não desejadas, de um ou outro sexo».
Manual do Perfeito Idiota Europeu Já tem alguns anos o Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano (da autoria, entre outros, de Alvaro Vargas Llosa, filho de Mario, o escritor peruano). Nesse livro, faz-se a recensão das idiotices costumeiras do latino-americano, que consistem normalmente em culpar pelas suas desgraças a colonização europeia, a “colonização” americana, o capitalismo, a globalização, enfim, não vale a pena prosseguir a enumeração, toda a gente conhece a conversa. Mas talvez um livro que merecesse ser escrito fosse O Manual do Perfeito Idiota Europeu. Nem sequer custava muito. Tratava-se quase só de, em todo o livro, substituir latino-americano por europeu, e estava feito. A única coisa mais trabalhosa seria um ensaio introdutório onde se explicaria como a América Latina e os seus folclores (o folclore índio, o folclore socialista, o folclore populista, etc.) se transformaram numa espécie de horizonte onírico do perfeito idiota europeu.###
O perfeito idiota europeu, que por enquanto (por enquanto…) parece ter desistido de aplicar as suas mais profundas convicções políticas nos países europeus, excita-se a pontos praticamente orgásticos com a mais recente palhaçada latino-americana: o Subcomandante Marcos, Chávez, Morales ou (se pudesse) Humala, sem esquecer o velho clown Fidel. Durante algum tempo, o perfeito idiota europeu esperou que Lula também fizesse os seus números circenses. Alguma coisa fez, mas em muitos tópicos essenciais, para grande desgosto do perfeito idiota europeu, deu-lhe para seguir a “cartilha neo-liberal”. Agora, foi na Colômbia. Os colombianos reelegeram um presidente que tem sido muito eficaz no combate ao narcotráfico e ao terrorismo marxista (as duas coisas são, na verdade, uma), para além de disposto ao comércio legal com os EUA. Nada disto merece qualquer atenção do perfeito idiota europeu. Limpar um país (cerca de 1/3 do território colombiano escapa ao controlo das forças de segurança nacionais) da actividade gangsterista dessa outra maravilha do folclore latino-americano que é o narco-marxismo, é coisa sem valor. Teria talvez mais graça que um dia o narco-marxismo conquistasse o poder na Colômbia. O perfeito idiota europeu veria logo nisso “outra maneira” de entender a política, a democracia, a liberdade. Logo descobriria um potencial de vitalidade e regeneração do mundo. Um renascimento, longe do podre cinismo da “civilização ocidental”. Quem sabe se um dia…
A CONSORTIUM of venture capital firms is preparing a €14 billion (£9.6 billion) bid for Portugal’s biggest phone group in a further private equity assault on the telecoms market, The Times has learnt. It is understood that six houses — Cinven, Permira, Providence, Blackstone, Texas Pacific and KKR — are close to tabling an offer for Portugal Telecom that could be just weeks away.(...) The private equity consortium is expected to bid substantially higher than Sonae’s offer of €9.50 a share to have any chance of success.(...) Any offer for Portugal Telecom could face a government veto. Although it has sold out of the group the Government retains a golden share, giving it a say in any foreign sale.
[The Times] Será que o governo (do alto da sua posição dourada) recorrerá à descrição popularizada o ano passado pelo então presidente do SPD, Franz Müntefering, sobre o papel predatório das "private equity firms", para se negar a negociar com este grupo de investidores?
«Temos dúvidas quanto à cindibilidade entre a propriedade da farmácia e a sua direcção técnica», salientou Ribeiro e Castro, no final de audições com a Associação Nacional de Farmácias e a Ordem dos Farmacêuticos no âmbito no Conselho Económico e Social do partido.
Será que as dúvidas de Ribeiro e Castro se extendem às restantes actividades económicas?
Um dos comentários mais frequentes que se ouvem quando se discute o mau desempenho da economia portuguesa é o de que temos falta de empresários e que os que temos são frágeis e pouco capacitados. Frequentemente, esta argumentação acaba a maldizer os empresários e a sustentar a necessidade de um papel mais intervencionista do Estado, como forma de colmatar a deficiência.
(...)
Terceiro, a invocação na necessidade da intervenção “compensadora” do Estado encerra em si uma contradição com um elevado potencial transformador. De facto, tal invocação pressupõe que, pelo menos nalguns casos, o Estado consegue fazer melhor do que os empresários. Isto é, prolongando o argumento, que o Estado pode ser melhor empreendedor do que os empresários. Mas como o Estado é uma entidade abstracta, a sua acção é assegurada por pessoas concretas. O que quer dizer, continuando o argumento, que o Estado tem, dentro de si, melhores empresários do que os empresários propriamente ditos.
Mas então se os empresários que estão no Estado são melhores do que os que estão “cá fora”, porque é que aqueles não vêm cá para fora – isto é, criar ou gerir empresas – e ser empresários a sério, em vez de ficarem refugiados sob a capa protectora do Estado? Ou, por outras palavras, porque é que os melhores empresários em potência recusam o risco de ser empresários reais?
Talvez por isso o melhor contributo que um Governo poderia dar ao empreendedorismo seria privatizar os empresários frustrados que, deslocadamente, parecem abundar no Estado.
Um artigo de Luciano Amaral que, em algumas passagens, me fez recordar o grande Mencken: Os cromos da bola.
O moralista antifutebol lamenta, entre o paternalista e o indignado, a devoção do povo ao culto pagão, como se o povo devesse, em vez disso, dedicar--se à leitura compulsiva do teatro camoniano ou à reflexão sobre filosofia analítica anglo-saxónica. O moralista antifutebol é, evidentemente, uma pessoa muito séria, cuja vocação consiste em dar reguadas aos meninos que ainda não soletram bem e para quem o futebol é a continuação do recreio dentro desta enorme sala de aula que é o mundo.
O major Alfredo Reinado, que abandonou o comando das forças armadas timorenses, anunciou hoje que assumiu a liderança de «todas as forças militares nas montanhas» e reiterou a exigência da demissão do governo de Mari Alkatiri.
«A nomeação de novos ministros não altera nada, não resolve a situação», disse Alfredo Reinado, contactado telefonicamente pela Lusa na sua base nas mo ntanhas a sul de Díli.
Numa entrevista publicada pelo jornal ‘Ponto Final’, de Macau, Alkatiri defendeu que se não tivesse travado os apoiantes da sua liderança na Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), partido que apoia o governo, estes teriam ‘inundado’ a cidade de Díli.
De acordo com as palavras do primeiro-ministro timorense, os esforços que desenvolveu impediram que entre 100 mil e 200 mil apoiantes do governo tivessem entrado na capital, o que, no seu entender, evitou uma eventual guerra civil no território.
Esta quinta-feira, durante a comunicação que fez ao país, para anunciar as demissões dos ministros da Defesa, Roque Rodrigues, e do Interior, Rogério Lobato, Alkatiri voltou a responder àqueles que pedem a sua saída do governo, garantindo que isso só acontecerá se a Fretilin assim o decidir.
Um debate com a presença do insurgente Luciano Amaral:
ENTRELINHAS convida a blogosfera nacional para um debate sobre "O papel dos cronistas: peixes dentro ou fora de água?", com
Miguel Poiares Maduro Rui Tavares Pedro Mexia Luciano Amaral Pedro Lomba e Maria de de Lurdes Vale (moderadora)
Terá lugar no Café dos Teatros (Rua António Maria Cardoso, 38, em Lisboa, Chiado), no próximo sábado, 3 de Junho de 2006, pelas 18h30, e assinalará a apresentação do livro «Crónicas de um peixe fora de água» , de Miguel Poiares Maduro.
Os leitores mais argutos certamente que já desconfiavam, mas parece que agora há mesmo uma confirmação do sentido genérico das minhas opiniões relativamente ao Opus Dei e ao Código da Vinci.
Resta-me dar os parabéns ao Filipe Moura pela sua notável e impiedosa sagacidade.
Se «há dinheiro para gastar», isso permite compreender por que aceitou Saramago integrar Comissão de Honra do Plano Nacional de Leitura apesar de achar que ele é inútil.
Meanwhile, at home, Europeans cited cutthroat competition and unbridled individualism as additional contributory causes of the prior strife and unhappiness. So in response to the errors of the past, Europeans systematically expanded the welfare state. They welcomed in immigrants. Politicians slashed defense spending, lowered the retirement age and cut the workweek. Voters demanded trade barriers to protect the public from the ravages of globalization. Either to enjoy the good life or to save the planet, couples forswore children. But instead of utopia, unintended consequences ensued. Unemployment soared. Dismal economic growth, shrinking populations and a scarier world outside their borders followed. Abroad, even the much-heralded "soft power" of a disarmed Europe could only bring attention to, not stop, the killing in Darfur. Meanwhile, China and India are no longer inefficient socialists but breakneck capitalist competitors. Indeed, they have thrown down the gauntlet to the Europeans: "Beware! Workers of the world who labor harder, longer and smarter deserve the greater material rewards!" In this new heartless global arena, apparently few will abide by the niceties of the European Union. RCP
A ex-deputada holandesa explica numa entrevista quais as causa em que se pretende envolver (como Darfur) e os projectos para o futuro. Entre eles está a escrita de um livro onde pretende ressuscitar e pôr à conversa algumas personalidades marcantes:
These days, Hirsi Ali reports, she's working on a book about Enlightenment values - Voltaire remains a great hero. She plans to have it translated into Arabic, Urdu, and other key languages and distributed around the world in video and audio.
"I'm going to resurrect Muhammad, and he's going to have conversations with [British philosopher Karl] Popper and me and [economic theorist Friedrich] Hayek."
Hirsi Ali smiles. "I hope I live long enough to complete it," she says.
O Helder publica dois posts, aqui no Insurgente, sobre matérias fiscais, que me merecem alguns comentários:
Fiscalidade Automóvel (Portugal V Espanha): as regras sobre a fiscalidade automóvel são distintas, pelo que não é possível estabelecer um paralelismo exacto; o preço final das viaturas deve ser comparado caso a caso. O que posso afiançar é que, à saída (preço final), em Espanha as viaturas são muito mais baratas, desde logo porque o IVA é de 16% (e não de 21%), e porque o Imposto Automóvel (que funciona como imposto de matrícula) é muito inferior (embore a diferença varie em função do tipo de viatura). A isto acresce que em Portugal se verifica um facto único de dupla tributação económica, na medida em que o IVA incide sobre o preço-base da viatura acrescido do IA (ao contrário dos restantes países que têm IA - nem todos o têm - onde o IVA incide apenas sobre o preço-base). Noto que em Portugal a tributação automóvel representa 1% do PIB; enquanto que em Espanha representa 0,1% do PIB. Os preços-base das viaturas em Portugal são mais baixos do que em Espanha, fenómeno normal, na medida em que está demonstrado que os países com tributações mais altas no automóvel são os que têm preços-base mais baixos: os Estados induzem a este comportamento dos agentes, e ainda canibalizam esta eficiência do mercado.
###
Modificações à Sexta Directiva: A alteração do Princípio do Destino para o da Origem vai mexer com o jogo de criação do preço, mas porque as especificidades estatais a isso conduzem, e não porque desapareça qualquer "isenção": as transacções intracomunitárias estão hoje isentas de IVA, mas o adquirente tem de seguida de liquidar IVA no País de Destino quando introduz o bem no consumo; o facto de se alterar o princípio, e o IVA passar a ser devido na Origem apenas modifica o destinatário final da receita fiscal, mas não o custo fiscal da operação. O preço poderá oscilar, sim, mas porque existem diferenças significativas de taxa entre os diversos Estados-membros; altera-se ainda o beneficiário da receita; as novas regras favorecem as economias exportadoras em relação às importadoras: o IVA pode passar a recompensar o Estado de quem produz e não do que consome. Em alguns casos pontuais pode haver operações que passem a sofrer uma maior incidência de IVA, mas apenas porque a mudança das regras arrasa algumas lacunas e interpretações que conduziam à inexistência de tributação no caso de operações bem trianguladas, sem expressão contudo em Portugal, Estado periférico, mas com algum peso económico sobretudo na Europa Central, onde o factor proximidade e a integração económica permitiam que se explorassem, dentro da legalidade (em alguns casos confirmadas pelo Tribunal das Comunidades), soluções fiscais muito interessantes, em diversos sectores; reduz-se ainda o risco de fraude, embora esta seja imprevisível, pois a imaginação dos agentes é sempre um factor a ter em linha de conta. Uma coisa é certa: a "guerra" em redor das alterações à Sexta Directiva não gira à volta do aumento global da receita do imposto (nem todos os Estados-membros estão com as contas públicas em "roda livre"); pretende-se, sim, adaptar o regime legal às mudanças, torná-lo mais simples na cobrança e eficaz no combate à fraude, o que não significa que, no final, alguns Estados não venham a ser beneficiados em detrimento de outros.
O Estado português, aliás, terá de estar particularmente atento, pois o equilíbrio das contas públicas depende demasiado do IVA e da sua performance - este é o imposto "campeão" de receita - e algumas das regras aventadas podem limitar, no nosso contexto, as actuais bases tributáveis. A aposta no crescimento económico e no equilíbrio da receita fiscal assente no consumo - de que Bagão Félix foi o mais recente artífice, beneficiando conjunturalmente este governo - é, neste contexto, frágil, não só porque funciona apenas como paliativo de curto prazo, mas também pelos efeitos nefastos que poderá ter perante a mudança de paradigma: caso se passe a recompensar fiscalmente os Estados que produzem e exportam, avizinham-se dificuldades adicionais.
Ao contrário do que muito boa gente pensa, e o próprio quer fazer crer, José Sócrates é tão socialista como os seus antecessores no PS. ### "Passos Perdidos" não é apenas o nome de uma divisão do nosso Parlamento. Nem sequer apenas o título do espaço mensal que hoje se inicia. É uma expressão que caracterizaria muito bem o passado recente deste país. De há dez anos para cá, este país teve, de formas diferentes, excelentes oportunidades de dar os passos que necessitava dar para sair do buraco para que caminhava. Do buraco no qual se encontra hoje. Foram passos que ficaram perdidos nas páginas dos poucos comentadores que foram aconselhando as reformas que esses passos representavam. Guterres governou durante anos de prosperidade e benesses europeias. Optou por alimentar os vícios do Estado e dos que vivem à custa do Estado, em vez de emagrecer o primeiro, transferir os segundos para o sector privado, e libertar os restantes do sufoco em que vivem. Durão, com o descalabro a que chegou Guterres, teve outra oportunidade de ouro. Ao contrário de Guterres, não tinha um país a atravessar um período de "vacas gordas". Mas o "pântano" deixado pelo antecessor permitir-lhe-ia, caso tivesse tido coragem, vontade ou capacidade, fazer aquilo que nenhum outro havia feito. Não teve coragem nem capacidade, certamente. E vontade, só teve a de se ir embora a meio. Como Guterres. Seguiu-se Santana, do qual nem vale a pena falar. Chegou Sócrates. E pouco tempo depois, era já, aos olhos de muitos, um exemplo de "coragem". De "vontade". De "capacidade". Há quem considere que é Sócrates o homem que irá dar os passos que têm ficado perdidos no caminho deste país. Há quem pense que ele já os está a dar. É pena, mas tal impressão não passa de uma ilusão.
Esquecem-se da campanha que lhe deu o poder. Para Sócrates, bastava ter "confiança" para que o país "crescesse". Bastava "voltar a acreditar". E a maioria acreditou. Acreditou que não eram necessárias reformas para que o país não continuasse na decadência em que está. Que não era preciso mudar para que as coisas melhorassem. Como acredita agora que mais uma subida de impostos pode resolver o desequilíbrio das finanças públicas. Como acredita agora que não é preciso reestruturar o Estado para que o seu peso não se torne incomportável. Como acredita agora que não é necessário retirar ao estado um determinado número de obrigações que ele hoje suporta, para que os cidadãos possam ter a oportunidade de prosperar individualmente.
Porque, tal como a maioria que acreditou em Sócrates continua a acreditar nisto, é nisto que o próprio Primeiro-Ministro acredita. Acredita que, não cabendo ao Estado participar na economia, é a sua função "conduzir" os privados na direcção certa. Acredita que cabe ao Estado ser o "pastor" do rebanho dos cidadãos. Basta olhar para a prática deste Governo. O primeiro Orçamento que apresentou era um conjunto de medidas ou irrelevantes, ou contraproducentes. O melhor que fez foi eliminar o tratamento desigual de alguns cidadãos por parte do Estado (a equivalência da idade de reforma dos funcionários públicos à dos restantes cidadãos), o que dificilmente se pode qualificar de uma grande medida reformadora. Os grandes projectos de investimento público que apresentou mostram a sua natureza dirigista. As alterações na área da habitação são um bom exemplo do carácter socialista do actual governo. O Governo não está a ocupar o espaço de outra área política que não a sua. Se os outros se sentem "roubados" é porque em pouco se distanciam do estatismo do PS. De liberalizador o Governo não tem nada. Mesmo a questão das farmácias ainda se terá de ver no que vai dar na prática. Pois pode ser como tudo o que este governo tem feito. Uma ilusão que vem alimentando.
Como explicar então o sucesso que o Primeiro-Ministro parece ter? Como explicar a sua popularidade? A situação da oposição não é explicação suficiente. Durão também enfrentou uma oposição terrivelmente fragilizada. A eficaz propaganda do Governo, a fábrica de ilusões que ele constitui, também não basta por si só, até porque, à medida que as expectativas que alimenta vão sendo contrariadas, como se viu quando o governo foi forçado a aumentar os impostos, como se viu na questão da refinaria de Sines, e como se verá certamente em inúmeros casos futuros, o Governo paga o dobro daquilo que com ela ganha. Poderá pensar-se que, no fundo, o país não quer as reformas. Não quer a "liberalização". Quer apenas, como o Primeiro-Ministro, salvar o "Estado Social", mesmo que à custa de menor riqueza (e menores benefícios do dito "Estado Social". Se há coisa que este Governo percebeu foi que o "Estado Social" possa sobreviver, para que possa desempenhar todas as funções que hoje desempenha, tem de dar menos a cada um dos muitos que dependem dele). Não duvido que essa seja a vontade do "país". Será certamente a vontade dos 60% que Medina Carreira diz viverem à custa do Estado. Mas Durão e Santana em nada se distinguiram de Sócrates neste aspecto (só o facto de Sócrates estar a fazer o que faz prova que eles pouco ou nada mudaram), e não beneficiaram de particular popularidade por causa disso.
Resta uma explicação. Os "passos" que têm ficado "perdidos". Ou melhor, a imagem que deixaram os que os perderam. Sócrates é popular porque parece "fazer". Quando se foi antecedido por Guterres, Durão e Santana, cada espirro parece um sinal de "coragem", de capacidade para agir. Quando se foi antecedido por Guterres, Durão e Santana, qualquer medida que seja tida como "difícil" para os cidadãos, é logo tida como virtuosa, mesmo que constitua um factor de empobrecimento generalizado, quando existem alternativas que, no mínimo, dariam a alguns a oportunidade de melhorar as suas vidas (as recentes alterações nas pensões são um exemplo desta confusão entre a "dificuldade" de uma medida e a sua "virtude"). Após uma sucessão de líderes políticos que contribuíram como ninguém para a descredibilização da classe política, a imagem de Sócrates, por muito ilusória que seja, é sempre vista como algo melhor que o passado. O que é realmente trágico, é que quando a ilusão socrática for vista enquanto tal, enquanto uma ilusão (e isso inevitavelmente acabará por acontecer), a descredibilização será ainda mais profunda. Depois de Santana, tudo tinha que ser melhor. Quando se vir que não é, parecerá ainda pior. Sócrates pagará por isso. Mas o país pagará mais. Se até aqui os passos se perderam, depois, dificilmente haverá alguém para os dar.
A Comissão Europeia procura novas maneiras de empobrecer os cidadãos e as empresas. Com a desculpa da fraude fiscal no IVA, admite que o imposto das mercadorias exportadas seja cobrado no país de origem, o que significa que as exportações podem deixar de estar isentas deste imposto tornando - na prática - as importações intracomunitárias mais caras, com o efeito previsível. Outra hipótese (que não vem referida no Público de hoje), preferida pela Alemanha e Luxemburgo, entre outros, é que o IVA seja cobrado apenas no consumo final, o que parece bem mais inócuo para a economia e eficaz no combate à fraude do “carrossel” e às empresas fantasma. A seguir com atenção que esta gente não brinca quando nos quer meter a mão no bolso.
Paul Auster encontra-se a filmar em Portugal. Segundo o próprio, escolheu este cantinho, porque quer trabalhar com o Paulo Branco e é muito mais barato que nos EUA. Os produtores e trabalhadores do sector do cinema nos EUA, deviam organizar já uma manifestação contra as deslocalizações e o capitalismo selvagem, e por uma globalização outra. Para não falar nos direitos sociais dos portugueses explorados desta forma vil pelo neo-liberal de direita Paul Auster.
A responsabilidade das politicas neo-liberais dos governos de direita
Há uns dias, num dos jornais televisivos fazia-se a comparação dos preços, em Portugal e Espanha (ao público, com todos os impostos incluidos), de três tipos de automóveis. Um repórter lá, outro cá. Se não me falha a memória, o primeiro (um Seat Ibiza) custa em Portugal cerca de 24.500 Euros e em Espanha cerca de 18.000 Euros , no segundo, um utilitário, os preços são respectivamente cerca de 12.500 Euros e 8.700 Euros, no terceiro (um Audi A4), 62.000 Euros e 42.000 Euros. Só que isto é só parte da estória###. Quando as empresas portuguesas adquirem uma viatura comercial, podem deduzir o IVA. Pagam-no ao vendedor e deduzem-no na seguinte entrega de IVA recebido. Deduzem a totalidade de uma vez só, se pagarem a viatura a pronto. No caso do leasing (por ex) deduzem o imposto pago nas rendas mensais. Só nas viaturas comerciais. Nos automóveis de passageiros (turismo), nada é dedutível, pagam a Tributação Autónoma que varia entre 5% a 15% do valor da viatura e se esse valor for superior a 30.000 Euros, o remanescente acresce à matéria colectável sujeita a IRC– mais as outras taxas todas, tributações, etc. Em Espanha, o IVA suportado pelas empresas na compra de qualquer viatura é dedutível. Ou seja, no caso das empresas, a diferença não é a noticiada pelos repórteres. Em Espanha Audi A4 custaria - 36.200 Euros, o Ibiza -15.500 Euros e o outro (não recordo do modelo) – 7.500 Euros. Devem as empresas fazer mais que a “mera complementaridade das políticas públicas”? Por alma de quem? Convém dizer que o preço base (recebido pelo vendedor) é ligeiramente mais baixo em Portugal, a diferença é toda entregue ao estado.
No 4ª República escreve-se que o PSD apresentou um projecto de resolução no Parlamento que pretende instituir “O Dia do Cão”. Este sítio, que só era mal frequentado, passou a hospício também. Vão lá ler.
Ainda na 4ª R, Pinho Cardão parece estar de acordo com o Miguel. E bem, digo eu. Haja quem o diga.
a despesa pública só descerá quando diminuírem os impostos. Só perante menos receita é que os Governos se decidirão a gastar mais racionalmente
São milhões atrás de milhões aqueles que o governo anuncia desde que tomou posse. Milhões de euros em milhões de investimento em milhões de notícias. A acreditar no governo e nos jornais, a esta altura do campeonato, a nossa economia não só já inverteu o ciclo como deve estar a crescer acima dos milhões da média chinesa.
A Autoridade da Concorrência [AdC] decidiu multar a Ordem dos Médicos [OM] em 250.000 euros por esta impor uma tablela de preços mínimos e máximos para os serviços prestados pelos médicos.
A OM contesta a decisão da AdC alegando que "uma entidade reguladora não pode multar outra". Na minha ignorância, pensava eu que o regulador do sector era a ERS e não a OM...
A OM considera ainda "gravíssimo que a AdC passe a mensagem de que não há limite para os valores que os médicos podem cobrar" e que se está a "colocar os doentes portugueses em grande risco". É claro que, para a OM, convém não lembrar que a tabela limita não só o máximo mas também o mínimo. Para além de ameaçar com "pragas de gafanhotos" a OM não concretiza os supostos perigos da proibição do tabelamento dos preços.
Como não podia deixar de ser, o Bastonário da OM acusa a AdC de se mover num "enquadramento político neo-liberal gravíssimo". Dado o "enquadramento corporativo iliberal" em que se insere a OM é perfeitamente natural que o Sr. Bastonário considere a medida gravíssima. Afinal, uma organização que condiciona, por completo e por imperativo legal, o exercício da profissão qualquer perda de poder discricionário pode significar o "início do fim". Aliás, esta infracção às leis da concorrência só se torna possível dado o monopólio que lhe é conferido por meios administrativos.
Nos meus últimos pontos de fuga abordei a ausência de referências democratas cristãs na fundação do CDS. Tenho defendido que o CDS não nasceu para ser um partido democrata cristão e um dos motivos mais fortes para tal facto é o de não encontrarmos, na lista dos seus fundadores, nenhum dos nomes cimeiros que poderiam considerar-se, à altura, democratas cristãos. Recuemos um pouco no tempo para tentar perceber porque é que tal aconteceu, recuperando algumas ideias e notas que já fui deixando no aAdF.
Ao contrário do que sucedeu em grande parte da Europa Ocidental, o pós-guerra não foi um momento de ruptura na vida política portuguesa, não se assistindo aqui ao surgimento de uma alternativa política assente na democracia cristã. Ainda que as relações entre o Estado Novo e a Igreja Católica tivessem sofrido alterações nesse período, o certo é que essas alterações, apesar de significativas, não serviam, para afastar a ideia de que o catolicismo era a “argamassa do Estado Novo”. Foi sensivelmente neste período de pós-guerra que alguns grupos da Acção Católica começaram a manifestar divergências com o regime de Salazar, tendo por isso mesmo sido apelidados de “católicos progressistas”. ###
Desde a Associação Católica Portuguesa e as suas estruturas autónomas, às revistas Encontro e O Tempo e o Modo, passando pela Editora Moraes, surge todo um empenhamento dos católicos na vida política portuguesa, ainda que a expressão destes grupos se tenha ficado, quase sempre, pela actividade cultural e filosófica devido às limitações políticas existentes no Regime.
A carta de D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto, a Salazar, no dia 13 de Julho de 1958, no qual este lhe lançava um “repto pastoral à recuperação da Doutrina Social da Igreja”, bem como toda a sua acção, alicerçada quer na doutrina social da Igreja, quer no seu trabalho pastoral, desempenharam um papel verdadeiramente dinamizador da consciência dos católicos que começavam divergir do regime, os quais, genericamente, se poderiam considerar democratas cristãos. Ao mesmo tempo, a Editora Moraes, sob a direcção de António Alçada Baptista e, um pouco mais tarde, a revista O Tempo e o Modo , também sob a primeira direcção de António Alçada Baptista, encarregaram-se de dar voz aos pensadores personalistas e democratas cristãos, propiciando um fórum de difusão de ideias onde se reuniram os nomes mais significativos da geração de católicos em oposição com o regime.
Outros católicos, um pouco mais tarde, tentaram estabelecer uma via de compromisso, colaborando na medida do possível com o regime de Marcello Caetano, formando o chamado grupo dos tecnocratas, ou formando uma oposição parlamentar (Ala Liberal). Também a Ala Liberal era profundamente influenciada pelos movimentos associativos dos católicos ditos progressistas, nomeadamente José Pedro Pinto Leite, o mais destacado dos deputados da Ala Liberal, muito ligado à revista O Tempo e o Modo e Francisco Sá Carneiro, católico fervoroso e muito ligado ao Bispo do Porto, por cujo regresso batalhou e cujo exílio nele despertou uma forte convicção política , forjada em torno do pensamento de Emmanuel Mounier.
Deste movimento intelectual dos vários grupos de católicos quase nunca ganhou se caminhou para um movimento de contornos políticos, como reclamava o Bispo do Porto, à excepção da Ala Liberal. A grande maioria destes católicos não se identificava de pleno com os movimentos políticos democratas cristãos europeus e não pretendia ser tomada como “a nova direita ou a direita do futuro”, mas antes como um conjunto de “leigos para os novos tempos”. Nestes termos, foram raras as tentativas de se caminhar para um movimento político designado de democrata cristão alternativo ao socialismo e comunismo nascidos na clandestinidade e que se assumiam como a única oposição ao regime. O que parece ser evidente é que os católicos estavam mais identificados com a filosofia democrata cristã do que propriamente com as correntes políticas que normalmente nela se baseavam, ficando talvez mais próximos do socialismo, sobretudo depois dos acontecimentos de Abril de 1974, do que propriamente da democracia cristã. O pós revolução não veio alterar esta realidade.
Em Nota Pastoral publicada em 4 de Maio de 1974, os bispos portugueses advertiram a comunidade portuguesa que a Igreja era uma organização isenta e independente e que, como tal, não aceitaria a reivindicação da sua autoridade por parte de nenhum movimento político. Este foi o primeiro sinal de vários outros dados pela Igreja no sentido de que esta se iria abster de fomentar um partido que albergasse os católicos portugueses sob a égide da democracia cristã. A Igreja estava não só demasiadamente comprometida com o anterior Regime como também estava consciente de que partilhava esse comprometimento com grande parte da comunidade católica. Por esta razão, o período revolucionário que se iniciava não era propício à formação, pelo menos com base e com apoio da Igreja, de um partido democrata cristão como fora tradição em muitos países europeus. Mais do que isso, a Igreja incitou à filiação dos católicos em vários partidos, considerando que nem todos os socialismos estavam dominados por ideologias inaceitáveis para um cristão.
Como se adivinhava pela forma como (não) estavam organizados os católicos progressistas, não existiu, da parte destes, um êxodo maciço ou organizado para nenhum partido específico. A maior parte optou pelo PS ou pelo PPD, mas outros houve que seguiram caminhos tão díspares como o PCP, o MES, o CDS ou mesmo o PPM. Tal como acontecera com o período do Estado Novo, os católicos progressistas não enveredaram pela formação de uma verdadeira alternativa política, quer porque a sua ideologia política era heterogénea, quer porque o ambiente político vivido após a revolução a isso não aconselhava, ou ainda por que da hierarquia da Igreja, ou de algumas figuras destacadas da mesma, como D. António Ferreira Gomes, não partiu qualquer iniciativa relevante nesse sentido.
E ao pulverizarem-se as diversas referências que poderiam considerar-se democratas cristãs por diversos partidos, se pulverizou também o eleitorado que genericamente poderíamos considerar democrata cristã, com isso comprometendo a possibilidade de existência de um verdadeiro e autonomizável eleitorado democrata cristão.
Carlos Graça, delegado de Beja da IGT [Inspecção-Geral de Trabalho], explicou à agência Lusa que "foram inspeccionadas três propriedades de montado na zona de Almodôvar e detectados 42 trabalhadores em situação ilegal de trabalho não declarado, a totalidade das pessoas fiscalizadas".(...) "Há casos de trabalhadores que, durante o Verão, deixam os seus empregos para ganhar dinheiro extra a tirar cortiça e casos de pessoas que estão a receber subsídio de desemprego, rendimento de inserção ou reformas por invalidez", exemplificou. Segundo Carlos Graça, durante a campanha da cortiça, entre Maio e Agosto, um trabalhador pode ganhar até 10.500 euros, "dinheiro que simplesmente não é declarado".(...) "Trata-se de acções que pretendem fiscalizar uma actividade não declarada em absoluto, tirando-a da economia subterrânea", explicou.
[AMR] Onde está o erro? Em cada um tentar, da melhor maneira que pode e consegue, assegurar a sua subsistência e nesse processo eximir-se a entregar parte do pouco que ganha ao estado que o irá "socialmente redistribuir"? No aproveitamento de todas as possibilidades de ser subsidiado pelo estado, nem que isso signifique omitir dados (sobre rendimentos sazonais, p.ex.) que dificilmente os serviços públicos podem comprovar? No descontrolo e multiplicação das políticas sociais do estado, dos subsídios de toda a espécie que concede e que requerem a cobrança de impostos à maior base possível?
Besides, like other misguided public health campaigns (remember "Just Say No"?), putting children on de facto diets at school just doesn't work. In a 2003 experiment involving 41 schools, more than 1,700 children — many of them American Indian — were served lower-calorie and lower-fat lunches and were taught about healthy eating and lifestyles. While the children took in fewer calories from fat at school, they experienced no significant reduction in their percentage of body fat. Another study, in rural Nebraska in the mid-1990's, put one group of elementary school students on lower-fat and lower-sodium lunches, increased their physical activity at school and offered more education about nutrition. Compared with students having no special program, the active, lower-fat group showed no differences in body weight or fat, or in levels of total cholesterol, insulin or glucose after two years. Researchers concluded that pupils whose school lunches offered 25 percent fat (compared with 31 percent in the control group) were compensating for the reduction by eating higher-fat foods at home.
O Presidente da República esteve no Alentejo a tentar perceber o que leva as pessoas a saírem de lá. Não deve ter sido difícil de apanhar a razão. Desde sempre que o país viveu concentrado no litoral, principalmente em Lisboa. Já alterar a natureza das coisas é complicado e pode conduzir a resultados bem piores. Aliás, sempre achei muita piada a quem se preocupa com a desertificação do interior. É que após inúmeras divagações acerca das razões e sobre projectos de resolução, nunca ponderam a hipótese de trocar a casa onde moram, por um lugarejo perdido e poeirento algures perto de Mértola. É muito fácil acenar com cenouras e dispor da vida dos outros.
Via Bloguítica fui ler este artigo da Dra Manuela Arcanjo. Entre coisas acertadas, acusa o Governo de “delírio (não excluindo incompetência e má-fé).”
o sistema sueco, dos mais generosos da Europa, assenta numa concepção bem distinta daquela que caracteriza os sistemas da Europa Continental e do Sul; a reforma realizada foi profunda, coerente e simples.
É-lhe devolvida a acusação na página 36 do jornal Público de hoje. Karl Gustaf Scherman, ex-director do concelho nacional social sueco à época da tal reforma diz que, a mesma só foi possível porque a Suécia dispunha de “um fundo de reserva muito próspero”. Só o “delírio, a incompetência ou a má-fé” permite acreditar que seja o caso de Portugal. O senhor Scherman diz ainda que a tal reforma “profunda, coerente e simples” tem que ser profundamente revista e acaba a concluir - o que os restos de evasão da realidade, que não gosta de aritmética aconselham: são precisas políticas de criação de emprego e “mais bebés”. Nesta de “mais bebés”, o nosso governo quer antecipar-se aos suecos. Na criação de emprego (riqueza) mantém-se a doutrina Colbert. Não se aprende nada.###
Os portugueses não se importariam que o Governo copiasse toda a reforma sueca
Cuidado com o “delírio”. Portugal tem das mais altas taxas de substituição da Europa, o que significaria que, a copiar-se o modelo sueco, essa taxa poderia descer implicando reformas mais baixas. Os portugueses não se importariam? A Dra Manuela Arcanjo parece acreditar que Portugal é tão rico como a Suécia.
não faltará muito para a eliminação "teórica" de todas as medidas introduzidas após 1974 por não ter sido acautelada a sua sustentabilidade.
Pois. Não faltará, eventualmente, muito para a eliminação prática da aritmética. Se o sistema não é sustentável, sugere-se exactamente o quê? A eliminação “teórica” da sustentabilidade?
Alvaro Vargas Llosa, normalmente impecável, faz uma pergunta ingênua: Can Lula Stop Chávez? Deveria na verdade perguntar: Will Lula Stop Chávez?
Se há algo que não compreendo nos analistas estrangeiros é sua incapacidade ou recusa em associar a nomenklatura dos países latino-americanos e o crime organizado.
Nem eu creio que Chávez seja socialista; nem Fidel Castro é. Socialista de verdade, aquele que fica só imaginando o tal do mundo melhor, é só estudante ingênuo. A nomenklatura sabe muito bem que o esquerdismo é o pretexto mais convincente já criado para a instauração de uma cleptocracia.
A cargo ship carrying 30,000 Russian-made Kalashnikov assault rifles is headed to Venezuela with the first shipment of an order totaling 100,000 guns to arrive by year's end. The military is looking to buy more submarines, and Chavez is planning an even bigger deal for Russian fighter jets.
President Xanana Gusmao's declaration that he was taking sole control of security was seen as an attempt to break a political deadlock that has paralyzed the government and may have helped fueled deadly violence.
The announcement came after two days of wrangling with Prime Minister Mari Alkatiri, leader of the ruling party.
The final film in the "X-Men" superhero trilogy blew past last weekend's box office champ, "The Da Vinci Code," to post the fourth-highest all-time opening in North America, according to studio estimates issued on Sunday.
Soy Bolivariano porque creo en la libertad, en el respeto a los derechos fundamentales del individuo, en el reconocimiento de la soberanía de los Estados y porque no comulgo con la tiranía ni con la anarquía. Admiro al Libertador por la coherencia de sus ideas y por su admiración del proceso revolucionario norteamericano que llevó a la instauración democrática de un verdadero sistema Republicano, con separación de poderes, gobierno limitado y libertades individuales. Me considero un seguidor profundo del pensamiento de Bolívar por su liberalismo, por su defensa del libre comercio, de la propiedad privada y del Imperio de la Ley.
Me considero un seguidor profundo del pensamiento de Bolívar por su liberalismo, por su defensa del libre comercio, de la propiedad privada y del Imperio de la Ley.
Soy Bolivariano porque comparto las lecturas del Libertador, porque estoy seguro, como lo estuvieron en su momento Bastiat y Bolívar, de que incluso “el más esclarecido Legislador es la causa inmediata de la infelicidad humana,” y porque los escritos que la lucidez de Daniel O’Leary no permitió que desaparezcan lo catalogan como un liberal clásico que fue el padre de cinco Repúblicas.
(...)
Soy Bolivariano porque soy liberal, no porque llevo una boina roja.
É hoje lançado o novo livro de Johan Norberg cujos temas são o empreendedorismo (entrepreneurship) e a criatividade. Infelizmente, para já, só em sueco.
Religious leaders from the country's major Muslim organizations and activists have demanded President Susilo Bambang Yudhoyono crack down on extremist groups that commit violent acts in the name of religion. Activists grouped in the Alliance for an Antiviolent Society and leaders of Indonesia's largest Muslim organizations, Nahdlatul Ulama and Muhammadiyah, have warned the nation's integrity is under threat from the groups. They urged the police to stop radical groups from taking the law into their own hands. They were responding to a number of violent incidents recently.
But as happened in Castro's Cuba, the utopian illusion that Chavez is creating a Worker's Paradise in Venezuela is rapidly giving way to ugly reality. The country's poverty, instead of decreasing with purported socialist redistribution of wealth, has “risen to more than 50 percent” since Chavez took power, reported the left-leaning Toronto Star.(...) Democracy has ended in Venezuela, replaced by blatantly rigged elections and strong-armed Chavista mobs and spies in the streets. Venezuelans now face the presence in their midst of perhaps 20,000 of Castro's secret police and an epidemic of soaring violence and crime committed by keftist thugs who know the regime seldom makes arrests for the robbery and murder of bourgeois victims. Caracas, reports The Times of London, "now has the world's highest murder rate per capita."
Este post é uma tradução livre do artigo de Ayn Rand intitulado Let Us Alone! originalmente publicado na sua coluna no Los Angeles Times em Agosto de 1962. Aparece na obra Capitalism: The Unknown Ideal, editado pela Signet em Novembro de 1967. Do que conheço, este livro é a melhor colectânea de artigos de Ayn Rand e inclui outros de Robert Hessen, Nathaniel Branden e Alan Greenspan (sim, esse Alan Greenspan). Nesta altura parece-me um excelente ponto de partida para pensar na nossa situação actual e permanente. Segue abaixo (longo).###
Dado que o “crescimento económico” é o grande problema actual e a nossa Administração promete “estimulá-lo” – para conseguir a prosperidade geral através de cada vez maiores controlos governamentais, ao mesmo tempo que gasta riqueza que não produz – pergunto-me quantas pessoas sabem a origem do termo laissez-faire? A França do século dezassete era uma monarquia absolutista. O sistema francês da época tem sido descrito como “absolutismo limitado pelo caos.” O Rei detinha o poder total sobre a vida, o trabalho e a propriedade de todos – e só a corrupção dos agentes governamentais dava ao povo uma margem não oficial de liberdade. Luís XIV era o arquétipo do déspota: um medíocre pretensioso com ambições de grandiosidade. O seu reino é tido como um período brilhante da História francesa: proveu o país com um “desígnio nacional,” sob a forma de longas e bem sucedidas guerras; estabeleceu a França como potência líder e centro cultural da Europa. Mas os “desígnios nacionais” custam dinheiro. As políticas fiscais do seu governo conduziram a um estado de crise crónico, resolvido pelo imemorial expediente de drenar o país através dos sempre crescentes impostos. Colbert, o conselheiro chefe de Luís XIV, era um dos primeiros estatistas modernos. Acreditava que regulações governamentais podem criar a prosperidade nacional e que maiores receitas fiscais podem ser obtidas pelo simples “crescimento económico” do país; assim, dedicou-se a procurar “o aumento geral da riqueza pelo encorajamento da indústria.” O encorajamento consistia em impor incontáveis regulações que sufocavam a actividade empresarial; o resultado foi um insucesso sombrio. Colbert não era um inimigo dos negócios; não mais que a nossa actual Administração. Colbert era ávido de ajudar a engordar as vítimas sacrificiais – e numa ocasião histórica, perguntou a um grupo de industriais o que poderia fazer pela indústria. Um dos empresários de nome Legendre respondeu: “Laissez-nous faire!” Aparentemente, os empresários franceses do século dezassete tinham mais coragem que os seus homólogos americanos do século vinte, e uma melhor compreensão da economia. Sabiam que a “ajuda” dos governos aos negócios é tão desastrosa como a perseguição governamental, e que a única maneira de o governo estar ao serviço da prosperidade nacional é não intervindo. Dizer que aquilo que era verdade no século dezassete não tem possibilidade de ser verdadeiro hoje, porque viajamos em aviões a jacto, enquanto eles se deslocavam em carruagens puxadas por cavalos – é como dizer que não precisamos de comida, como os homens precisaram no passado, porque nós usamos gabardinas e roupa folgada, em vez de perucas polvilhadas e saias armadas. É este tipo de superficialidade limitada por barreiras concretas – ou inabilidade em agarrar princípios, para distinguir o essencial do não essencial – que cega as pessoas perante o facto que a crise económica dos nossos dias é a mais velha e antiga da história. Considere-se o essencial. Se os controlos governamentais não conseguiram nada além da paralisia, fome e o colapso numa sociedade pré industrial, o que é que acontece quando alguém impõe controlos sobre uma economia altamente industrializada? O que é mais fácil de regular pelos burocratas: a operação de teares e forjas manuais – ou a operação de siderurgias, fábricas de aviões e assuntos da electrónica? Quem mais provavelmente, trabalhará sob coerção: uma horda de homens brutalizados a desenvolver trabalho não qualificado – ou o incalculável número de homens individuais de génio criativo que são necessários para construir e manter uma sociedade industrial? E se os controlos governamentais falham mesmo com os primeiros, que profundidade de evasão permite aos estatistas modernos esperar que sejam bem sucedidos com os segundos? O método epistemológico dos estatistas consiste em debates intermináveis sobre questões únicas, concretas, fora do contexto, imediatistas, sem nunca lhes permitir integrá-las numa soma, nunca se referindo a princípios básicos ou às últimas consequências – induzindo assim nos seus seguidores um estado de desintegração intelectual. O propósito do nevoeiro verbal é esconder a evasão de dois fundamentais: (a) a produção e a prosperidade são resultado da inteligência dos homens, e (b) o poder governamental é o poder da coerção pela força física. Uma vez que estes dois factos são reconhecidos, a conclusão a tirar é inevitável: que a inteligência não trabalha sob coerção, que a mente do homem não funcionará na ponta de uma arma. Esta é a questão essencial a considerar; todas as outras considerações são pormenores triviais em comparação. Os pormenores da economia de um país são tão variados como as muitas culturas e sociedades que já existiram. Mas toda a história da humanidade é a demonstração prática do mesmo princípio básico, independentemente da forma: o grau de prosperidade humana, realização e progresso é uma função directa e o corolário do grau de liberdade política. Como testemunha: antiga Grécia, a Renascença, o século dezanove. Na nossa Era, a diferença entre a Alemanha Ocidental e a Alemanha de Leste é uma demonstração tão eloquente da eficácia de uma (comparativamente) economia livre versus uma economia controlada, que nenhuma discussão adicional é necessária. E nenhum teórico pode merecer consideração séria se evade a existência desse contraste, deixando as suas implicações sem resposta, as suas causas sem identificação, e a lição não aprendida. Considere-se o destino da Inglaterra, “a experiência pacífica no socialismo,” o exemplo de um país que cometeu o suicídio pelo voto: não havia violência, nenhum derramamento de sangue, nenhum terror, apenas o estrangulador processo de “democraticamente” impor controlos governamentais – mas observem-se os actuais gritos acerca da “fuga de cérebros”, pelo facto de os melhores e mais hábeis homens, particularmente cientistas e engenheiros, estarem a desertar de Inglaterra correndo para qualquer pequeno resto de liberdade que consigam encontrar em qualquer lugar no Mundo de hoje. Lembrem que o Muro de Berlim foi erigido para evitar uma “fuga de cérebros” similar da Alemanha de Leste; lembrem que depois de quarenta e cinco anos de uma economia totalmente controlada, a Rússia Soviética que possui algumas das melhores terras agrícolas no Mundo, não é capaz de alimentar a sua população e tem que importar trigo da América semi-capitalista; leia-se East Minus West = Zero de Werner Keller*, para uma imagem gráfica (não refutada) da impotência da economia soviética – e depois, julgue-se a questão da liberdade versus controlos. Qualquer que seja o propósito para o qual alguém queira usá-la, a riqueza tem primeiro que ser produzida. No que respeita à economia, não há diferença entre os motivos de Colbert e os do Presidente Johnson. Ambos queriam alcançar a prosperidade nacional. Quer a riqueza extorquida pelos impostos seja drenada para o benefício imerecido de Luís XIV, ou para o benefício imerecido dos “hipo privilegiados” não há diferença para a produtividade económica de uma nação. Ser-se acorrentado por uma finalidade “nobre” ou ignóbil, para o benefício de pobres ou ricos, pela satisfação da “necessidade” de alguém ou da “cobiça” de outro – quando se é acorrentado, não se pode produzir. Não há diferença no destino último de todas as economias acorrentadas, seja qual for a alegada justificação para as correntes. Considerem-se algumas destas justificações: A criação da “procura pelo consumidor”? Seria interessante analisar quantas donas de casa, com cheques da Segurança Social igualariam a “procura pelo consumidor” provida pela Madame de Maintenon e os seus numerosos colegas. Uma distribuição “justa” da riqueza? Os privilegiados favoritos de Luís XIV não usufruíam uma vantagem tão injusta como os nossos “aristocratas do interesse,” as actuais e potenciais variantes de Billie Sol Estes ou Bobby Baker. As exigências do “interesse nacional”? Se existe algo como o “interesse nacional,” realizado pelo sacrifício dos direitos e interesses dos indivíduos, então Luís XIV conseguiu-o superlativamente. A maior parte das suas extravagâncias não era “egoísta”: ele conseguiu levar a França a tornar-se uma das grandes potências internacionais – e destruiu a economia. (O que significa: conseguiu “prestígio” entre outros déspotas totalitários – à custa do bem estar, do futuro e da vida dos seus súbditos.) O avanço do nosso progresso “cultural” e “espiritual”?É duvidoso que um projecto de teatro subsidiado pelo governo alguma vez produza uma disponibilidade de génio comparável com o suportado por Luís XIV no seu papel de “patrono das artes” (Corneille, Racine, Moliére, etc.). Mas ninguém, alguma vez equacionará o génio não nascido daqueles que perecerão sob tal sistema, que não quererão aprender a arte do lambe-botismo reclamado por qualquer patrono das artes político. (Ler Cyrano de Bergerac.) O facto é que motivações não alteram factos. A exigência fundamental para a produtividade e prosperidade de uma nação é a liberdade: os homens não podem – e, moralmente, não o farão – produzir sob coacção e controlos. Não há nada de novo ou misterioso sobre os actuais problemas económicos. Como Colbert, o Presidente Johnson apela aos vários grupos económicos, procurando conselho sobre o que pode fazer por eles. E se não deseja ficar na História com um currículo semelhante ao de Colbert, faria melhor em escutar a voz de um Legendre moderno, se tal coisa existe, que poderia dar-lhe o mesmo conselho imortal numa palavra: “Desregule!”