O que perdem os jornais de referência com o fim da gratuitidade? Perdem em acessos o que ganham em dinheiro. E perdem, como tem sido dito, um universo importante que é o universo dos blogues. Nove décimos dos blogues portugueses (há cerca de 40 mil) citavam e lincavam sobretudo o Público. Agora, pelo que se vê, quem ganha é o DN e sobretudo o Diário Digital. Acontece que o Público tem os colunistas mais influentes, e os textos desses colunistas deixaram de ser directamente discutidos pelos bloguistas, excepto se estes se derem ao trabalho de transcrever. Esse impacto mais directo está agora reduzido a quem compra o jornal em papel e aos assinantes (não serão ainda muitos). O mesmo se passa na América, com a diferença de que na América há uma vintena de jornais de referência.
Menosprezar o mundo dos blogues é, como se sabe, um erro comum. O acesso pago aos jornais é provavelmente outro.
Como alguém ja escreveu (não me lembro em que blogue) também eu estou a tornar-me um admirador do défice. Revela qualidades incomuns em Portugal: é persistente, tenaz, não desiste perante adversidades e governos sucessivos não o conseguem derrubar. Aguenta-se altivo e desafiador sem dar cavaco a ninguém, é um autêntico Howard Roark português, infelizmente virtual. O défice por si so não me diz nada, limita-se a ser a diferença (negativa) entre o deve e haver do estado, ou seja a diferença entre as receitas e as despesas desta dona de casa irresponsavel (D.Estadina) com conta no “gourmet” da Foz (o hipermercado é mesmo ali ao lado de casa) onde põe na conta dos vizinhos 50% da riqueza produzida por estes, endivida-se e para cumulo, o jantar semanal que serve aos convivas (os vizinhos que pagam a conta no “gourmet”) vem queimado, com excesso de sal e com um aspecto pastoso e de cozinhado à pressa em micro-ondas. Para resolver a divida e os problemas da D. Estadina, os amigos (economistas) aconselham-na a aumentar a contribuição de cada vizinho, esquecendo que estes, à custa das faustosas despesas a que a Sra se habituou (contratou criados a esmo, mordomos, acompanhantes, comprou carros, casas, viagens, etc) cada vez têm menos meios disponiveis. Assim quando ela lhes propõe aumentar a contribuição de maneira a que possa pagar as suas dividas e manter o nivel de vida, eles aceitam a contragosto mas abrem conta no Lidl pagando menos. E ela continua a ir ao “gourmet”, a divida aumenta, o défice aumenta (tem menos dinheiro disponivel porque os vizinhos estão a poupar no caviar e no pão) e um dia...suicida-se.
Moral da historia: esta ideia que aumentar os impostos indirectos ira trazer receitas imediatas ao estado parece-me extremamente perigosa e duvido que funcione.
Como empresa passo a consolidar ainda mais as cargas poupando em transportes (posso fazê-lo) sacrificando o serviço em prol de uma maior eficacia financeira com consequências imprevisiveis;
Os meus clientes (retalhistas) irão criar pressão para descontos, rapel ou descidas de preços. Com margens ja esmagadas resta-me uma solução: não atender, descer as vendas implicando menor IRC e IVA, ou atender e ser obrigado a reduzir despesas por outras vias incluindo despedimentos e reconsiderando investimentos;
Ca em casa costumamos ir em dois automoveis diferentes para o trabalho e escola. Passamos a ir so em um, implicando apenas que teremos que dormir menos 30 minutos por dia, conseguindo reduzir a despesa de gasolina (ISP) e IVA;
Dois por cento de aumento no IVA tem efeitos nas vendas a retalho. Da mesma maneira que não se sente na compra de uns chinelos, é importante por exemplo nos automoveis com os obvios efeitos tambem no IA;
Corto no tabaco (onde o aumento é quase certo) para metade;
Aumentam a taxa de 12% => em vez de quatro ou cinco vezes por mês no restaurante, vou so duas;
Etc, etc, etc
So ha uma maneira de o estado resolver o assunto: cortar despesas e o resto é conversa. Ouvi um dia destes que ha 570 Institutos e Fundações criados pelo estado, a ser verdade fechem 500, sejam quais forem que talvez funcione. Aumentando os impostos, sejam eles quais forem vão reduzir receitas. Ha muito que estamos a descer na curva de Laffer. Se as consequências mais graves de um defice ou divida publica elevados são o aumento de juros, impostos e eventualmente inflação faz sentido acabar com ele precisamente por estas vias? Ou isto é “a dog chasing it’s tail”?
P.S. "estado" assim pequenino é um manifesto derridiano da minha parte.
[Jose Manuel Barroso] said the proposals, put forward by Luxembourg, would not allow the EU to fulfil its goals on economic reform, aid to poor EU regions, or foreign aid.
His comments come ahead of a meeting of EU foreign ministers in Brussels, which will focus on the Luxembourg plan.
This suggests an EU budget equivalent to 1.1% of member states' GDP.
Mr Barroso's Commission has proposed a budget of 1.26% of GDP, while the main contributors to the EU budget - Germany, the Netherlands, the UK, France, Austria and Sweden - want a ceiling of 1%.
E chamam-lhe "liberal". Em terra de cegos, quem tem um um olho é rei...
O grupo imobiliário espanhol Prasa vai investir mais de 750 milhões de euros na construção de 4.000 habitações no Algarve, informou a empresa esta sexta-feira em comunicado.
O prazo de investimento previsto deve estar concluído num período entre 10 a 15 anos.
Mas, para a criação de riqueza do país, não seria melhor plantar sobreiros?
O candidato socialista à presidência da Junta da Galiza, Emílio Pérez Tourino (...) disse ter recebido [de José Sócrates] a garantia de que a auto-estrada do interior entre Chaves, Orense e Lugo estará concluída em 2009, ano em que também terminará a ligação por TGV entre o Porto e Vigo.
Pois, se fazem campanha em França, porque não também no país vizinho?
Em relação a este meu post, o Manuel da Grande Loja do Queijo Limiano publica o seguinte comentário:
[Os "liberais à portuguesa"] devem saber, são os únicos, onde acaba o Estado e começa (o monopólio d)a [Portugal Telecom] e vice-versa. Terão direito a falar quando reconhecerem que não há verdadeiramente um mercado livre e transparente de telecomunicações em Portugal (...) o melhor para o País, e até para os actuais accionistas da PT, é, a prazo, uma PT retalhada, e coitadinhos quando compraram ações da PT não sabiam que o Estado detinha a golden share.
Há ziliões de razões para se criticar o Estado, e o Governo, até o Ministro das Obras Públicas, mas criticar o Estado por este, uma vez, cumprir a sua obrigação e função é manifestamente infeliz...
O insurgente Miguel já respondeu, mas noto que o texto do Manuel é um pouco ambíguo:
defende a intenção do ministro exercer maior controlo sobre a PT mas deseja que a empresa seja retalhada para que se criem "condições para um eficiente e saúdavel mercado de telecomunicações em Portugal" - deste modo, deixando o Estado de ter efectivo controlo sobre as estratégias das novas empresas;
acusa-me (o "liberal à portuguesa") de não reconhecer a inexistência de um verdadeiro mercado livre de telecomunicações mas caracteriza a minha crítica à intervenção estatal neste sector de "infeliz" - como se o Estado não fosse a principal causa das barreiras à liberdade concorrencial;
afirma que "gostava de ser liberal" mas ainda tem alguns resquícios socialistas.
Nota final: as acções da PT são, certamente, negociadas com um desconto correspondente ao poder exercido pelo Estado português através da sua golden share. E quanto maior o controlo, maior o desconto...
Para uma melhor compreensão do que realmente está em jogo no que diz respeito à "educação sexual" creio que valeria a pena fazer um pouco de investigação sobre a rede internacional em que se insere a "Associação para o Planeamento da Família"(APF).
Entretanto, evidenciando sinais preocupantes da existência de bolsas residuais de obscurantismo na cada vez mais (pós-)moderna sociedade portuguesa, a Petição sobre programa de Educação Sexual nas escolas já vai com mais de 6000 assinaturas.
Uma empresa escocesa vai investir na zona da Póvoa de Varzim, na produção de electricidade a partir das ondas do mar nortenho. Diz o Guardian:
The contract, initially worth €8m (£5.4m), will provide 2.5 megawatts of electricity to the Portuguese grid, enough to provide power for 1,500 homes, but the company has a letter of intent for another 30 machines before the end of 2006, subject to satisfactory performance of the first three. Portugal, which has to import most of its energy from abroad, sees a huge potential for wave renewables because of its long Atlantic coastline.
At present, power from wave machines will cost about 15p a kilowatt hour, less than solar power and less than wind at the same stage of development. Max Carcas, a spokesman for OPD, said: "Obviously, at this stage it is expensive, but cheaper than power from the first turbines." "Once production is ramped up, then costs come down. Wind is 80% cheaper than it once was, and we believe we can do the same."
Um investimento verde, mas sem dúvida com o objectivo de dele obter lucro. Aposto que esta empresa terá todo o interesse em preservar a zona costeira, onde vai colocar o seu equipamento, ao abrigo de qualquer ameaças ambientais que possam prejudicar o equipamento e as suas operações.
Como se sabe, nas sociedades ocidentais, a homofobia e a violência contra mulheres são crimes com enorme repercussão mediática e, normalmente, severamente punidos. Mas, em certos países civilizadíssimos da nossa querida União Europeia, parece que pode haver excepções. Quais?
What I have described as “post-democracy” is, unfortunately, a serious alternative regime to the liberal democratic nation-state and the principle of democratic sovereignty. Thus, history may not end which the ideological triumph of liberal democracy.
John Fonte, Democracy’s Trojan Horse, The National Interest, N.º 76 Summer 2004, pp. 117 – 127.
Aquando das eleições no Iraque escrevi, no meu outro blogue, que afinal Fukuyama tinha razão quando defendeu o fim da História como sendo a vitória da democracia liberal. John Fonte, no artigo mencionado em cima, aponta o risco que é a União Europeia se tornar pós-democrática, ou seja, de esta se concretizar como uma instituição não democrática acima dos Estados soberanos, esses sim, de cariz democrático e liberal.
De acordo com este autor, o défice democrático que marca a União Europeia pode assumir contornos mais preocupantes se a encararmos como um regime pós-democrático alternativo à democracia liberal. A Constituição Europeia que nos preparamos referendar (espero) é de teor marcadamente francês. Todo o pensamento iluminista francês é centralizador e marca hoje de forma quase total e sistemática o projecto europeu. A UE é uma união de estados liberais, mas será ela própria liberal?
O cavalo de Tróia está já no interior das democracias liberais ameaçando-as de duas formas. Em primeiro lugar e a nível superior, nas instituições internacionais, como seja o exemplo em que se pode tornar a União Europeia, e a um nível inferior na chamada democracia directa em que os partidos de extrema-esquerda (com a esquerda moderada a reboque) pretendem transformar o nosso sistema político e cuja última dissolução do Parlamento foi, no nosso país, um caso paradigmático.
Toda a democracia liberal aceita e absorve quem pensa de forma diferente. Apenas numa democracia liberal blogues como o BdE e o Barnabé são possíveis. Se esta permissão é a sua essência, é também o seu ponto fraco. Uma democracia liberal está sempre em constante inovação, em ininterrupta discussão. Evolui de dia para dia, como única forma de não morrer. A sua sobrevivência depende do espírito atento dos seus cidadãos e das regras elásticas que a regem que, por muito que evoluam, acabam sempre por ser universais.
A democracia liberal é frágil e é nessa fragilidade que se encontra a sua força. A atenção e cuidado que temos com ela é a única garantia da sua sobrevivência.
Problemas com o deficit das contas públicas ocorrem em mais países europeus. O Telegraph reporta comparações entre a actual situação em Itália (e Portugal) e o caso argentino:
Banque AIG, the financial wing of the US insurance giant, said Italy needed a 20pc devaluation to prevent a slump and a "horrendous" explosion of public debt. The warning came as fresh data from Portugal and Italy point to the worst budget deficits since the launch of the euro.
Portugal's central bank has revealed that the country's deficit was likely to reach 7pc in 2005, far higher than earlier estimates. Lisbon is mulling "Draconian" cuts that risk driving the debt-laden economy into deep recession. Rome's REF research institute forecasts an Italian deficit of 5.7pc next year, smashing the EU's 3pc limit.(...)
Toby Nangle, author of a new study on the Argentine crisis at Baring Asset Management, said there were close parallels between Italy's plight and Argentina's dollar-peg ordeal. Markets remained complacent about Argentina until a political crisis in October 2000 changed the mood, causing bonds spreads to widen sharply. "Italy's fiscal and debt position is worse than Argentina's," he said.
Apenas peço que não continuem a reduzir os adeptos do "não" aos habituais adjectivos diabolizantes que os escribas, os avençados, os adjuntos e os funcionários do rolo compressor da falsa democracia costumam inventariar. Também os ilustres convencionalistas que continuam convencidos da sua iluminação pelas línguas de fogo do verdeiro espírito santo europeísta, isto é, o da pomba não o da orelha, ou da banca, se não forem responsáveis pelos maior fracasso da história do projecto europeu, poderão apenas vangloriar-se de terem uma vitoriazinha de algumas décimas acima do abismo. E assim poderemos ter que aceitar uma pretensa decisão constitucional apenas baseada numa maioria simples, não qualificada.
A propósito deste post onde o BrainstormZ criticava o poder discricionário que o Estado detem sobre a PT, o Manuel da Grande Loja acusa-nos (aos Insurgentes e à Joana) de má-fé e ignorância (não sei se a primeira deriva da segunda ou vice-versa).
Explica que neste caso o Estado apenas está a "cumprir a sua obrigação e função" e que "não há verdadeiramente um mercado livre e transparente de telecomunicações em Portugal".
Lamento contrariá-lo mas tenho de lher dizer que em Potugal existe concorrência no mercado de telecomunicações. O problema é que esta é severamente limitada ou restrita nalguns segmentos. Quem regula quem pode ou não pode actuar é o Estado. Ergo, se existe pouca concorrência a culpa é do Estado.
Por outro lado, não sei se será do seu conhecimento mas a criação da PT foi obra do Estado que fundiu diversas empresas do sector. Mais uma vez temos a acção do Estado.
Desta forma em vez de facilitar a concorrência, o Estado, procurou cercea-la.
Por último a privatização da PT é fitícia. Através da golden share o Estado continua a controlar a empresa.
Logo se há algum culpado neste história, este, é o Estado.
PS:o Manuel diz que "gostava de ser liberal". Felicito-o por esse desiderato mas desde já o aviso que é condição sine qua non deixar de prestar culto ao Estado. Podemos fornecer-lhe bibliografia se assim o desejar.
Na Universidade de Oxford, durante uma palestre, Jorge Sampaio demonstrou a sua consternação por "os trinta anos de democracia não permitiram ultrapassar ainda as assimetrias de desenvolvimento que caracterizam o território nacional. Neste aspecto, a dicotomia litoral/interior".
Provalvelmente porque não é um problema inerente à Democracia,digo eu. Não se trata de uma herança da "longa noite fascista". Provavelmente porque não se trata de algo passível de ser decidido nos gabinentes ministriais.
O número de Estados-membros da União Europeia cresceu. Mas os fundos comunitários não vão aumentar:
Em conferência de imprensa, ao lado dos presidentes francês, Jacques Chirac, e polaco, Aleksander Kwasniewski, Shroeder afirmou que a Alemanha não dispõe no momento, nem num futuro próximo, do dinheiro necessário para o aumento do fundo. (...) A apoiar esta decisão da Alemanha estão países como a França, Reino Unido, Suécia, Áustria e Holanda, que se negam a aumentar a sua contribuição para o fundo comunitário acima de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) da UE.
Hoje foi Coruche, como ja antes tinha sido em Vila Verde, Francelos e amanhã sera noutro sitio qualquer. Enquanto o sacrossanto estado se entretem a roubar a Bombardier, a mostrar quem manda na PT, a enterrar (ainda mais) a CP, a promover a mais abjecta (des)educação sexual, a arranjar sinecuras e “arranjinhos” para os que têm cartão do partido que esta no poder no momento, as pessoas verdadeiras, aquelas que trabalham, dormem, riem, choram e pensam têm problemas reais. Quando o estado não cumpre as suas funções basicas, estes seres “pequeninos” tomam a resolução dos problemas nas suas mãos e da o que se tem visto, acabando ainda por cima, por ser acusadas de xenofobia e racismo e pior, algumas são presas. O apeadeiro de Francelos foi durante anos terra-de-ninguém. Assaltos violentos, roubos descarados, habitantes da zona com medo de la passar sequer, casas assaltadas, etc. Nunca qualquer autoridade se preocupou e as pessoas que eram obrigadas a apanhar o comboio ou a sair naquele apeadeiro estiveram anos sujeitas às mais incriveis situações. Nem policia, nem câmara municipal, nem governo civil, nem MAI, nada. Nunca fizeram rigorosamente nada pelas pessoas, nada. Até ao dia em que estas perderam a paciência e decidiram resolver o problema. Desde miudos a fazer trabalho escravo no acampamento, a grandes quantidades de cocaina e heroina a armas havia la de tudo. Como se sabia. Pois as autoridades (o estado) so agiram quando as pessoas se revoltaram deram aos criminosos um pouco do seu proprio remedio. Apos os habitantes da zona intervirem, o local foi limpo, começou a haver patrulhas a cavalo e de jipe 24 horas por dia e....alguns dos que resolveram o problema, foram julgados e condenados. E os criminosos? Pois. Havia necessidade de chegar a este ponto? Podem as pessoas ser acusadas de xenofobia, racismo e ser julgadas? Teriam, no caso de Francelos tomado outra atitude se os criminosos não fossem ciganos? Porquê se o estado não cumpre a sua primeira e mais importante função que seria garantir dentro do possivel, segurança e justiça? A ser verdade o que ouvi hoje na TVI a pessoas de Coruche, os ciganos que la vivem e trabalham devem perceber que mais importante que a etnia é a civilidade e a vida em comunidade, sob pena de serem confundidos com criminosos e arruaceiros que não merecem mais que ser expulsos, julgados e condenados. A alternativa é a violência de quem sente falta de segurança e medo ou ficarmos todos reféns do politicamente correcto e de minorias escabrosas, sentados encima de um barril de polvora.
O presidente da Associação dos Inquilinos Lisbonenses [AIL], Romão Lavadinho, defendeu hoje [junto do secretário de Estado adjunto e da Administração Local, Eduardo Cabrita] que todos os inquilinos devem beneficiar de um prazo de dez anos para a actualização dos valores das rendas. (...) Para a AIL, a nova lei do arrendamento deve ainda considerar para os novos contratos de arrendamento de duração limitada um período mínimo de cinco anos de durabilidade dos contratos para habitação e de dez anos para os diversos fins não habitacionais.
É natural que o representante dos inquilinos defenda os interesses dos seus associados. Porém, há que respeitar os direitos dos proprietários. Excepto, claro, quando se usa o poder legislador do Estado para benefício próprio...
O sucesso desta petição é ainda mais surpreendente se considerarmos que os promotores não dispõem de quaisquer apoios partidários ou institucionais e que os media ignoraram ou deturparam esta iniciativa que defende "a posição errada".
Como se explica então o sucesso desta iniciativa?
Bom, parece que os Neandhertais, as suas (oprimidas) esposas e as suas extensas proles aprenderam a usar o e-mail ! (Um dia descobrirão o SMS - meio de comunicação privilegiado do homo anacletus).
O que está em causa, afinal? O país podia ser confrontado, um dia, com uma ruptura de fornecimento de carruagens? O fecho da antiga Sorefame abria uma crise social grave?
A primeira razão seria demasiado ridícula para ser usada. E, da segunda, a realidade fala por si: dos 350 trabalhadores, 300 já tinham saído com rescisões amigáveis; dos restantes 50, metade tem colocação garantida na CP e no Metropolitano. Resta, assim, um terceiro motivo: a televisão. A Bombardier é muito falada nos telejornais. É suficiente para uma expropriação.
Aconteceu o mesmo com as enviesadas reportagens sobre os têxteis vindos da China. Aguardo - com algum receio, devo confessar - os telejornais dos próximos meses.
Em comunicado, a Associação dos Industriais de Aluguer de Automóveis sem Condutor (ARAC) refere que «no Algarve, o rent-a-car encontra-se seriamente preocupado com a possibilidade de introdução desta medida (portagens nas SCUT), numa via, por onde transitam milhares de viaturas de rent-a-car (cerca de 40.000 no Verão) conduzidas quer por turistas, quer por trabalhadores das empresas de rent-a-car aquando da entrega e recolha de viaturas junto dos clientes nos vários locais do Algarve».
Na Via do Infante, as empresas de rent-a-car e os turistas deslocam-se de forma mais rápida e segura (em alternativa à Estrada Nacional 125). Se o benefício é privado, porque deve o custo ser público?
O estudo da Comissão para a Igualdade e Direitos das Mulheres, a que a Agência Lusa teve acesso e que é divulgado hoje, revela que 41% dos filiados em 2001 no CDS-PP eram mulheres, a taxa mais alta entre os maiores partidos (...)
No entanto, a presença de mulheres nos órgãos directivos dos partidos é «escassa», conclui o estudo, acrescentando que as mulheres estão mais representadas em órgãos não executivos.
Mesmo no Bloco de Esquerda, o único partido que tem o princípio da paridade entre os sexos nos seus estatutos, a representação real das mulheres na direcção "não reflecte o princípio referido", refere o estudo.
"Igualdade" significa que uma pessoa deve ser avaliada pelo seu trabalho/mérito e não pelo seu género. Um estudo que apenas considera a contagem de cromossomas X e Y é, ele próprio, uma forma de discriminação!
A entidade reguladora da construção e imobiliário (IMOPPI) identificou 60 empresas de mediação imobiliária ilegais, a encerrar no âmbito de uma acção de inspecção lançada esta semana, revelou hoje o presidente do instituto [Hipólito Ponce de Leão]. (...) De acordo com Ponce de Leão, a acção foi lançada na sequência de denúncias, e dos pedidos da associação do sector, a APEMIP [Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal], hoje representada pelo seu presidente na conferência do IMOPPI, para que o instituto reforce a fiscalização da mediação clandestina.
Em França, o ex-presidente português Mário Soares em campanha:
"Estou completamente convencido de que a Europa deve continuar a ser um peso no mundo e não pode ser substituída por ninguém nem por outros países e é por isso que é preciso dizer sim à Constituição Europeia", sustentou Soares, que foi aplaudido.
Pois, o proteccionismo europeu - ou, por outras palavras, incentivo à pobreza nos países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento - é apenas o primeiro passo...
Lembro-me vagamente de se noticiar que a segurança pessoal de José Barroso em Bruxelas, continuaria entregue a polícias portugueses. Pelos vistos, os restantes europeus nunca tinham reparado que, ao contrário do seus antecessores que recorreram ao serviço dos agentes de segurança locais, o actual presidente da comissão tinha importado esses serviços. Explicações foram exigidas e explicações foram dadas por um porta-voz do ultra-neo-liberal José Manuel, numa demostração de preocupação em não esbanjar o dinheiro dos contribuintes e de aplicação da directiva Bolkestein:
Les gardes du corps du président sont des policiers portugais, car ils sont plus efficaces que ceux de la Commission et moins chers que si l'on faisait appel à une société de sécurité privée : le contribuable y gagne. Nous appliquons simplement les traités sur la libre circulation des personnes. La décision qui a été prise est celle du meilleur rapport qualité prix.
Sócrates é um senhor muito esperto. Ele estudou bem a lição e aprendeu com os erros de Barroso: Nunca se deve começar a governar dizendo que afinal a situação é grave. Quando numa campanha eleitoral se promete optimismo e confiança, os primeiros meses de governo têm de comprovar a tentativa de incutir esse optimismo e confiança nos portugueses. Só depois, quando o Presidente do Banco de Portugal apresenta o relatório das contas públicas é que surge a oportunidade de, como quem foi apanhado de surpresa, cair na real e mudar para uma política de rigor e sacrifício. De nada interessa que Constâncio viesse a alertar para o estado das contas públicas há anos. Para um tipo esperto como o nosso Primeiro-Ministro só conta o que ele disse agora em Maio. Só agora Sócrates ficou surpreendido, só agora, com a surpresa estampada no rosto, ele pode dizer que afinal a confiança não basta, que nem tudo é uma questão ideológica.
Estou muito satisfeito. Desde há vários anos que não tínhamos um chefe de governo assim tão esperto. Ele é a esperteza em pessoa e nós, que ouvimos e aceitamos tudo com a pureza dos estúpidos, somos os saloios. Na verdade, estamos todos bem entregues.
Depois de, durante anos, ter incentivado com benefícios fiscais a compra de imóveis o Estado prepara-se para recolher os dividendos. O governo irá para apresentar uma proposta que irá penalizar as casas desocupadas. O lema é "Rendimento zero, imposto duplo". Estes imóveis ficarão sujeitos ao dobro da taxa de imposto normal. Preparem-se para o crash no imobiliário.
Leiam esta versão surrealista da Sec Estado dos Transportes sobre as negociações entre a CP e a Bombardier:
Os bons e maus parceiros resultam da capacidade negocial que tiverem. Costuma-se dizer que um negócio só é bom se o for para ambas as partes. Neste processo, a Bombardier não se revelou um bom parceiro para a CP, pois não foi possível concluir com sucesso esta negociação. E mais grave é que a postura da Bombardier não foi a mesma que existiu da parte da CP. Não é uma questão de não conseguirem chegar a acordo, mas de não terem contribuído ambas as empresas com igual empenhamento para o processo.
Parece que os princípios de "freedom to contract" e "freedom from contract" ainda não chegaram a Portugal...
Numa cidade como Setúbal, construir sem demolir, construir fora do limite urbano, significa construir em zona de montado. Senão veja-se: a sul temos o rio Sado, a oeste a Arrábida (com as limitações que o parque natural impõe), a norte Palmela (com a qual haverá dentro em breve mistura de limite urbano). Sobra a expansão em direcção a este / nordeste. Sendo o sobreiro parte da vegetação de toda a zona este da cidade (desde as margens do rio até às planícies mais a norte), pode-se dizer que o montado constitui um muro restringindo o crescimento urbano, dadas as actuais condicionantes legais.
A expansão urbana de Setúbal colidirá em breve com este muro de sobreiros. Algumas das restrições que hoje existem deixarão de se poder respeitar (via Setúbal na Rede):
A conversão de uma área de sobreiros só é permitida quando estão em causa equipamentos colectivos de imprescindível utilidade pública. Para que a utilidade pública seja concedida é preciso reunir provas de sustentabilidade e de inexistência de alternativas válidas.
Mas não se pense que o montado está em perigo de extinção. Quem saia dos meios urbanos (onde vivem a maior parte dos ilustres escribas da blogosfera) e viaje um pouco pelo Alentejo fora, vai poder apreciar o enorme número de chaparros que foi plantado; hectares incontáveis de sobreiros recém nascidos. O sobreiro é uma árvore de crescimento lento, que só ao fim de quase duas gerações e em número relativamente elevado (a cortiça é pesada e valorizada em arrobas - 15Kg) gera proveitos. Algumas centenas de árvores não terão, por isso, um impacto significativo na dimensão do montado português nem significam um choque importante no futuro da indústria corticeira nem na criação do porco preto. Pelo contrário, valoriza-se os chaparros que nos últimos anos têm sido plantados.
O homem pode desfrutar sua vida através da incessante aplicação de suas faculdades, e por meio do seu trabalho, emana a propriedade. Por outro lado, ele pode também viver apropriando-se do produto do esforço alheio, sem uma troca voluntária, e daí surge a espoliação. A lei deveria justamente condenar o segundo tipo, marginalizando os que usam a força para a espoliação alheia. Sua função precípua seria proteger a propriedade privada. Porém, ela acaba sendo usada como veículo para o roubo institucionalizado, através de malabarismos linguísticos e distorções conceituais, pelo uso de termos abstratos como “fraternidade” e “justiça social”. Os grupos passam então a se unir, aspirando a participar dessa espoliação legal.
Quando a lei e a moral estão em contradição, o cidadão enfrenta a cruel alternativa de abdicar dos preceitos morais ou desrespeitar a lei. Difícil escolha! O efeito moral acaba sendo perverso na sociedade, justamente por conta do contorcionismo aplicado às funções da lei. Quando admite-se que a lei pode ser desviada de seu propósito, que ela pode violar os direitos de propriedade em vez de garanti-los, então todos irão querer participar fazendo leis, e estas serão apenas armas para que grupos mais fortes possam espoliar indivíduos mais fracos. Mas legalidade não é sinônimo de moralidade, e uma lei usada para a espoliação não é correta nem justa, independente das interpretações dos sofistas. Não vamos esquecer que a escravidão já foi legal, e nem por isso é defensável moralmente.
Testes deste género têm o valor que têm e este, em particular, consegue pôr todos a favor do Tratado Constitucional. Todos? Não. Há um que consegue ser contra. Sugiro ao leitor que tente descobrir qual. Vai ver que não é surpresa.
O Governo admite dar mais 20 dias à empresa canadiana Bombardier para chegar a acordo com a CP com vista à viabilização da unidade fabril de material ferroviário circulante instalada na Amadora.
Segundo a edição desta quarta-feira do jornal A Capital, este é o período necessário antes de dar início ao processo de expropriação de 40% das instalações da fábrica da Bombardier, na Amadora.
Sobre a questão dos sobreiros, tenho a dizer duas ou três coisas.
A ser verdade o que é noticiado sobre o modo como foi autorizado o projecto da Portucale em Benavente, os implicados têm que ser severamente punidos. Funcionarios convenientemente afastados do processo, assinaturas à pressa, datas falsificadas, etc. Isto não pode passar impune e os responsaveis por esta pouca vergonha devem ser irradiados da politica, dos negocios e ser desterrados algures onde o Judas perdeu as botas.
Usar o argumento da vantagem economica dos 2065 sobreiros, não so é estupido como é atirar areia para os olhos das pessoas. Tentem la vender um terreno para construir um hotel ou um para extracção de cortiça. Podem utilizar-se quaisquer argumentos para obstar ao projecto turistico da Portucale, mas o economico não é valido.
...a CL "tem, ou pode ter, interesses directos na implementação do projecto turístico da Portucale". Interesses que estão relacionados, primeiro, com a "recuperação do montado de sobro local/regional", uma vez que Salter Cid propunha ao ministro que, como forma compensatória ao corte de sobreiros (2605), "se multiplique por dez (a lei obriga a multiplicação por um factor de 1,25) o número de árvores a plantar relativamente àquelas a abater".
o abate de 2605 sobreiros implicaria a plantação de no minimo 3256, donde, não se pode também inferir que haveria destruição de riqueza numa area em que Portugal é lider mundial.
Aparentemente a fuga à matematica no ensino secundario ja vem de longe. No 10° ano havia uma parte da materia chamada Logica onde se aprendia que a negação de uma preposição não implica outra. Por ex: uma homem não-alto não é necessariamente baixo, uma coisa não-branca, não é necessariamente preta. O Luis Rosa escreveu isto:
“Para mim a questão é muito simples. Transformem já todo o Alentejo e o Ribatejo (Benavente por exemplo) num enorme campo de golf. Acabem de betonar o Algarve. Construam mais cento e cinquenta mega shoppings pelo país fora e coloque-se algures uma enorme placa, visível a dez mil metros de altitude, que diga: VENDE-SE. É mais fácil, mais óbvio e mais honesto do que fazê-lo como está a ser feito, devagar e em lume brando. Temo apenas que os descendentes de todos os responsáveis desta venda ao desbarato do nosso país e de tudo o que o caracteriza, mais tarde se vejam obrigados a vender o próprio cu àqueles que agora nos compram o chão, porque um dia destes não vamos ter mais chão para vender!”
Poderia ter escrito isto: “Para mim a questão é muito simples. Transformem ja todo o Alentejo e o Ribatejo (Benavente por exemplo) num enorme sobreiral. Derrubem Hoteis, predios, casas, lavrem campos de golf, “sobreirem” o Algarve. Plantem mais 1.500.000.000 sobreiros (se houver espaço) pelo pais fora e coloque-se algures uma enorme placa, visivel a dez mil metros de altitude, que diga: vende-se cortiça. E mais facil, mais obvio e mais honesto do que fazê-lo como esta a ser feito, devagar e em lume brando. Temo apenas que os descendentes de todos os responsaveis desta venda ao desbarato do nosso pais e de tudo o que o caracteriza, mais tarde se vejam obrigados a vender o proprio cu àqueles que agora compram cortiça, porque um dia destes ninguém precisa de rolhas. ”
Como é obvio, negar A não implica B. Logica. 10° ano do secundario. Os sobreiros e o golfe podem perfeitamente conviver e criar riqueza. Se questionamos tanto o que foi feito em Quarteira e se existe a possibilidade de fazer diferente e melhor, porque não? Cortam-se 2605 sobreiros e plantam-se 3256 ou 32563 (de acordo com a proposta de Salter Cid) , e ainda se ganha um empreendimento turistico de qualidade, onde esta o problema?
Sobre o Bem Comum e os interesses privados, o Bruno escreve muito melhor do que me seria possivel a mim. Este assunto ainda não vai servir de lição aos que querem mais estado, mais poder para o estado, mais intervenção do estado, mais protecção, mais isto, mais aquilo, estado, estado, estado. Leiam o Livro do AAA, este.
Os interesses de uns poderão ser comuns a outros, mas dificilmente serão do interesse de todos. Assim, a única coisa que poderá ser comum será o interesse em que os vários interesses se degladiem num quadro legal igual para todos. (...) [A] função do Estado não é, em sentido literal, zelar pelo bem dos seus cidadãos (que não pode garantir) mas sim pela cumprimento da lei por parte de todos, incluindo o próprio Estado. (...) O poder serve (ou deveria servir) para ser o árbitro no jogo dos vários interesses. Ora o árbitro não chuta para a baliza, a favor de uma das equipas. Apita as faltas que uns ou outros fazem. Se o árbitro não cumprir a sua função, então não há forma de garantir que os outros cumpram as regras.
Depois da Bombardier já temos novo candidato a expropriação:
Os trabalhadores da multinacional Lear, que tem duas fábricas no norte do país, decidiram esta quarta-feira em plenário pedir a intervenção do Governo para impedir a deslocalização das empresas.
O maior défice do Estado não é de natureza orçamental. É de credibilidade. É de respeitabilidade. As instituições deixaram de se dar ao respeito. E as pessoas deixaram de acreditar em quem as dirige. Obviamente que este mal não é de hoje. Mas ontem ficou um pouco pior. (...) Como a memória não é curta, só há uma leitura possível: a alternância democrática diz-nos que os nossos governantes, sem excepção, há muito que nos andam a esconder a verdade. Dito de outra forma, não são confiáveis.
E isso, uma vez mais, é muito mais danoso para o país do que qualquer derrapagem do défice público. Lança a suspeição sobre todo o sistema – qual é, afinal, o papel do INE, a entidade independente que deveria certificar as informações enviadas para Bruxelas?
O Elba Everywhere dá conta de uma estreia de peso no universo da blosgos. O "Bicho Carpinteiro" junta a colaboração de Maria João Regala, Joana Amaral Dias e José Medeiros Ferreira.
Curiosamente, o template escolhido é semelhante ao do Insurgente, diferindo no tom adequadamente encarniçado que apresenta.
Nisto das nacionalizações e expropriações, não se consegue agradar a todos. Mais: se o internacionalismomorreu, o sentimento de solidariedade nacional também não está de grande saúde. Veja-se o "fenómeno" que saíu da Assembleia Municipal do Entroncamento, onde a CP tem oficinas:
Numa moção proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada sexta-feira à noite com a abstenção do PS, a Assembleia Municipal associa-se ao executivo camarário (PSD) numa unânime e "inequívoca oposição a qualquer propósito de deslocalização das oficinas ferroviárias para a Amadora ou para qualquer outro lado".
De recordar que a CP é uma empresa pública com resultados negativos. Será que precisa que o estado lhe expanda a capacidade?
O Estado pode ser comparado a uma mulher. Se tem peso excessivo ou não, depende dos olhos do seu namorado/marido. (...) Se o Estado é a mulher, o homem serão os Partidos.
Não seria de esperar que Sócrates lesse os blogs que a esquerda odeia, mas certamente deveria ter lido os diagnósticos feitos por Daniel Bessa, Silva Lopes, Miguel Cadilhe, Medina Carreira, etc.. Igualmente teria obrigação de ler, em matéria económica, os jornais da especialidade, em vez dos jornais generalistas, ditos “de referência”, onde os jornalistas escrevem sobre os seus desejos e nunca sobre as realidades.
Para o (...) presidente da Câmara Municipal de Loulé [Sebastião Francisco Emídio] há que ter em conta que os algarvios não têm «alternativa à Via do Infante».
«A Estrada 125 é uma rua, que tem dezenas de travessias, cruzamentos e semáforos que não permitem qualquer velocidade normal em termos de longa distância. É um percurso citadino», recordou.
O mesmo acontece em relação à autoestrada do Norte (A1), quando comparada com a Estrada Nacional 1 (EN1). Evitar perder tempo na EN1 é um valor acrescentado que tem preço: a portagem da A1!
O presidente do PSD, Luís Marques Mendes, exigiu ao Governo respostas rápidas para controlar as contas do Estado e para reduzir a despesa pública, na sequência dos avisos do governador do Banco de Portugal sobre a difícil situação económica do país.
É preciso ter lata! Qual será a posição de Marques Mendes se o Governo recorrer a receitas extraordinárias em vez da exigida redução da despesa pública?
A Bombardier decidiu encerrar a sua actividade em Portugal. Preocupado com o estrago que a falta que desta "unidade estratégica" iria fazer ao desenvolvimento nacional, o anterior governo ordenou à CP que comprasse as instalações e integrasse, pelo menos, parte dos trabalhadores (depois admiram-se que as empresas públicas sejam ineficientes). Após vários meses de negociações a CP e a Bombardier não chegam a acordo. O actual governo não hesita. Afinal, é o futuro do país que está em risco. A secretária de Estado dos Transportes anuncia a expropriação das instalações. E mais uma vez triunfa a vontade do governo sobre a liberdade individual.
Um relatório encomendado pela ex-ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite revelava que mais de 65% da actividade dos serviços públicos tem como destinatário o próprio Estado, sendo que apenas 20,6% da sua "produção" é dirigida aos cidadãos e 18,1% às empresas.
Quando ouvi a TSF, nem queria acreditar (mesmo descontando a credibilidade da rádio-canhoto):
Esta terça-feira o PCP vai entregar uma petição de 20 mil assinaturas que defende a limitação das importações têxteis para a União Europeia e na quarta-feira debate-se, no parlamento, um projecto de resolução comunista que recomenda ao governo o accionamento das cláusulas de salvaguarda relativamente a vestuário da China, Paquistão e Índia.
Aquela história do internacionalismo, da solidariedade entre os povos, não era para levar a sério, pois não? Então e a solidariedade com o proletariado português e europeu, que poderiam aceder a produtos têxteis mais baratos, libertando-lhes parte do orçamento familiar para mais poupança ou outros consumos imediatos (criando emprego noutras indústrias)? Então e a solidariedade com o proletariado chinês, que através da produção e venda destes produtos melhora as suas condições de vida? Não me digam que nos andaram a enganar este tempo todo? Veja-se as declarações proferidas durante o "Comício Internacional de Lisboa" em Maio de 1997:
Segundo todos os nossos entrevistados, a saída deste problema [desemprego] só será possível com uma alternativa ao neoliberalismo e às políticas de direita. Uma batalha em que a solidariedade dos povos deve desempenhar um papel importantíssimo. Nas bancadas do Campo Pequeno encontrámos Oliviero di Liberto, presidente do grupo paralmentar da Refundação Comunista (Itália), que partilha essa opinião: «O internacionalismo é fundamental no nosso mundo. A situação é muito difícil, mas vamos vencer com a unidade dos trabalhadores.»
O tempo não tem sido muito para dedicar aos blogues, mas mesmo assim não queria deixar de comentar alguns assuntos que se vão passando pelo mundo.
Aborto. Mais tarde ou mais cedo o assunto do aborto vai voltar à agenda política portuguesa (com ou sem referendo). A este propósito, aconselho a leitura de esta notícia. No ano passado, 32% das mulheres que fizeram um aborto em Inglaterra e País de Gales já tinham feito pelo menos um aborto no passado. De notar que a lei inglesa é das mais liberais, pois permite abortos até às 24 semanas, enquanto França e Alemanha vai só até às 12 semanas e a Suécia e Noruega é de 18 semanas. Blair recusou a diminuição do limite com o argumento de que não queria "criminalizar as mulheres". O motivo pelo qual as mulheres abortam repetidamente deveria fazer pensar e de qualquer modo mostra que o aborto não éé solução para nada.
Newsweek. Que haveremos de dizer deste "Abu Ghraib da imprensa"? A Newsweek relatou um caso de profanação do Alcorão em Guantanamo, que provocou protestos maciços em vários países muçulmanos que resultaram em pelo menos 17 mortos e dezenas de feridos, para além de ter, ainda mais, manchado a imagem dos EUA nesses países. Esta informação baseava-se na fuga de informação proporcionada por alguém no interior da administração que depois já não se lembrava se aquilo que tinha dito teria sido mesmo assim. Entretanto o mal já estava feito. Agora a Newsweek arrepende-se. Como se diz em português, "agora é tarde, Inês é morta". E a credibilidade da Newsweek também. A vontade de escrever qualquer coisa contra Bush leva-os a nem sequer verificar as alegações ou a acreditar cegamente em fontes anónimas.
Israel-Palestina. Os sermões de sexta-feira na televisão oficial da Autoridade Palestiniana são verdadeiramente elucidativos da dificuldade que será fazer a paz na região. E como se pode ver(versões em inglês e francês), a culpa não será, principalmente, dos israelitas enquanto a Autoridade Palestiniana continuar a tolerar e (provavelmente) fomentar este discurso de ódio contra os judeus (os manuais escolares palestinianos também são elucidativos). Abu Mazen tem ainda muito a fazer. Será capaz (ou, por outra, terá essa vontade?).
Mesmo depois de saber que o país está com uma "crise orçamental grave" o Ministro da Economia afirma que "temos estabilidade e uma estratégia clara e vamos ser positivos e investir para o futuro [!!!]". Desconheço quais os méritos que guindaram esta sumidade à administração do BES.
Não acham bizarro um partido que integra elementos sociais democratas, comunistas ortodoxos, trotskystas e "renovadores"? Na cadeira de Ciência Política o meu professor chamava-lhes "partidos de integração". A expressão inglesa é bem mais elucidativa: "catch-all parties". Por ironia do destino ele hoje é um destacado dirigente do BE.
Enquanto esteve na oposição o PS afirmava que o "discurso da tanga" e as políticas de combate ao défice "puseram a economia portuguesa nas ruas da amargura".
Hoje José Sócrates afirma estar bastante preocupado com o défice. Fala-se que o o Ministro das Finanças propôs medidas de redução da despesa que fariam corar Manuela Ferreira Leite.
Depois de três anos em que acusou o PSD de não ter cumprido a promessa de baixar os impostos ("Mentiram aos portugueses!") o PS prepara-se para abandonar aos suas políticas activas para promover o crescimento económico [1]
Na mesma entrevista, quando questionada acerca da possível falta de recursos do SNS para acomodar o aumento de trabalho decorrente da eventual legalização da IVG, refere não ver qualquer problema. "É mais um problema económico que economicista" esclarece.
Na Grande Reportagem Jamila Madeira, ex-líder da JS e deputada no Parlamento Europeu, diz que o referendo ao aborto só deve ser utilizado se a medida "resolver o problema" (leia-se: ganhar o "sim").
A taxa única para o IRC, IVA e IRS tem cada vez maior exposição mediática. Pelas razões erradas (meu destaque):
Diário de Notícias: É possível a taxação única?
Miguel Frasquilho: É. A Estónia, Letónia, Lituânia e Eslováquia já têm a chamada flate rate, um sistema fiscal muito simples com o objectivo de captar o máximo de receita possível para que o Estado possa cumprir as suas obrigações sociais. Quando ouvimos dizer que, de acordo com a OCDE, mais de 20% do PIB português não é tributado, estamos a falar de uma receita fiscal de cerca de 10 mil milhões de euros anuais. O nosso défice não estaria a 4% nem a 5%... Até haveria um excedente.
O perigo de cairmos numa armadilha fiscal é, conforme post anterior, cada vez mais evidente. O discurso político de equilíbrio do Orçamento de Estado está desviar a atenção para o lado da receita quando o verdadeiro problema são as excessivas despesas públicas.
No entanto, é de notar que esta reforma fiscal não é politicamente exequível se o resultado final significar o aumento generalizado dos impostos. O deputado do PSD Miguel Frasquilho parece não conhecer esta importante condicionante. Semelhante erro comete outro militante social-democrata, António Borges, ao defender na conferência "Portugal em Exame" uma taxa única de 30%. Isso traduz-se no aumento do IRC em 5% (agora 25%), IVA em 11% (agora 19%) e, quanto ao actual IRS, para um solteiro residente no continente pagar uma taxa efectiva de IRS maior que 30% tem de ter, este ano, um rendimento mensal bruto superior a 7.116,88 euros...
Incapazes de acabar com a PAC e com as barreiras alfandegárias que prejudicam seriamente os países menos desenvolvidos os países-membros da UE decidiram a criação de uma nova taxa. Esta incidirá sobre as passagens aereas e a sua receita destinar-se-à a financiar os programas de ajuda aos países do Terceiro Mundo. Excusado será relembrar que a maior parte destes fundos costuma ir parar às contas de políticos corruptos ser bem aplicada.
Cavaco Silva veio a público, nos últimos dias, falar dos problemas estruturais da nossa economia e como quando sempre o faz, surgiu a questão da sua candidatura presidencial.
Há quem veja em Cavaco Presidente a solução dos problemas dos país. Ele poria ordem na casa e, vá-se lá saber como, sentado em Belém, forçaria o governo, qualquer governo, a cumprir o seu dever, ou seja, a lançar medidas impopulares e consequentemente cair em desgraça enquanto ele, um ex-primeiro-ministro, ficaria com os louros de quem é o garante da estabilidade necessária. Das duas uma, ou os governos o seguiam e caíam na impopularidade que os obrigaria a demitirem-se ou, o contrariavam e facilmente seriam destituídos. Qualquer semelhança com o sistema francês seria mera coincidência, apenas o separando a grande diferença de o chefe de Estado português não dispor de poder executivo. Mesmo assim, Cavaco teria condições de fazer em Belém aquilo que Eanes e Soares tanto desejaram: governar, na medida em que é possível governar a partir de Belém.
A instabilidade no executivo, seria compensada pela estabilidade na Presidência.
Surge, no entanto a questão de saber se, com Cavaco Presidente o país ia pelo bom caminho. Tenho para comigo que o ex-primeiro-ministro é um homem honesto, não apenas na medida em que não faz trafulhices, mas já naquele nível da honestidade para consigo mesmo de quem, sabendo os seus limites, não quer prometer o que não pode oferecer. Daí, talvez as dúvidas de Cavaco. Daí, talvez, o meu raciocínio não esteja assim tão errado.
Será Cavaco o presidente que precisamos? Os 10 anos do seu governo foram de prosperidade e crescimento económico. Foram os tempos das ‘vacas gordas’. No entanto, vendo as coisas ao longe, começamos a dar razão àqueles que, naquele tempo, avisavam da necessidade de reformas estruturais. A redução da função pública, a desregulamentação da actividade económica e a aposta em outras receitas de desenvolvimento que não o motor do Estado. Cavaco apostou, com os fundos da CEE, no que era mais fácil: As obras públicas, adjudicadas pelo Estado e pagas pela Europa. Assim, é fácil crescer e criar emprego. Cavaco aplicou nos seus 10 anos de governo um género de New Deal, com a diferença que o dinheiro, ao contrário do que sucedeu nos anos 30 nos EUA, não vinha do contribuinte nacional, mas da Europa.
Todos os que, na época, alertaram para este risco foram sujeitos ao ridículo. O tempo não era de discussão ideológica, mas de resultados económicos. Esses, na época era animadores e serviam. A evolução da economia veio demonstrar que por pouco tempo.
Será que Cavaco na Presidência da República vai mudar a sua estratégia? Irá ele afirmar e exigir dos governos a aplicação de medidas de incentivo, não à procura, mas à oferta?
Se sim, corremos o risco de tal atitude ser assumida por quem, mesmo que tente, não detém o poder real. Ao falhar a aplicação das medidas, a culpa será atribuída a elas próprias e não a quem as aplicou. Se não, se Cavaco mantiver a mesma orientação político-económica de que serve à direita ter Cavaco em Belém?
Os partidos de direita querem vencer as presidenciais e colocam nessas eleições a data do seu ressurgimento político. Não acredito. O problema da direita em Portugal, não se encontra na derrota eleitoral do PSD e do CDS, mas sim, na inexistência da direita no interior desses mesmos partidos. Por muito que simpatize com a figura de Cavaco Silva, com a sua imagem de rigor e exigência, não será com ele na presidência da República que a mentalidade política dos políticos que ocupam os espaço da direita portuguesa mudará de forma a despertarem para a realidade e assumirem as políticas que deveriam assumir, cumprindo dessa forma o papel a que se comprometeram.
Um senhorio com visão de médio/longo prazo não aluga a casa artistas, escritores ou qualquer outra pessoa com potencial mediático. Evita, assim, que o IPPAR a classifique, no futuro, como património nacional. [Link via A ArtedaFuga]
What ails modern civilization? Fundamentally, our society's affliction is the decay of religious belief. If a culture is to survive and flourish, it must not be severed from the religious vision out of which it arose. The high necessity of reflective men and women, then, is to labor for the restoration of religious teachings as a credible body of doctrine.
O abate de sobreiros reduz a oferta e, consequentemente, aumenta a rentabilidade dos restantes proprietários. Pelo contrário, as leis de "protecção" de património florestal nacional criam, de forma artificial, um excesso de oferta que apenas beneficia os compradores de cortiça.
Faleceu ontem de forma inesperada (pelo menos para mim) o jornalista do Público Fernando Magalhães. Conheci o Fernando através do fórum de música de Público. Era surpreendente a disponiblidade que o Fernando tinha para, com um completo desconhecido, recomendar discos ou esclarecer qualquer pormenor obscuro sobre um grupo. Era também lendários os seus posts humoristicos. Muitos irão sentir a sua falta. Eu sou um deles.
Um empresário imobiliário com visão de médio/longo prazo contrata um arquitecto desconhecido para desenhar um edifício sem traços arquitectónicos distintos. Deste modo, é improvável que, no futuro, o imóvel seja classificado pelo IPPAR como património nacional.
"A «religião» dos comunistas" de Tiago Mendes no Metablog
Se houvesse alguém a dizer algo semelhante sobre Mussolini ou Franco ou qualquer outro «fascista» (...), era um sururu de pedidos que se fizessem justiça e saneassem quem tal coisa dissesse. Então do sr. candidato Manuel Alegre, «a bem da defesa da nossa querida Constituição». Esqueci-me que aqui em Portugal (ainda) reina a visão de que o comunismo era «bom» enquanto que o fascismo era «mau». Mesmo que o primeiro seja responsável por mortes directas de milhões de pessoas, foi tudo com «boa intenção». Pois
É verdade Rui. Se a Europa continuar pelo caminho deste multiculturalismo, parece-me que haverá muitas Renas e Veados e esquerdistasassociados a ter saudades da alegada "homofobia" da "ICAR". É pena nunca os vermos a promover manifestações e "acções de luta" em países islâmicos...