Democracy must be something more than two wolves and a sheep voting on what to have for dinner. - James Bovard
6.8.05
Infantilidade
Mário Lino, ministro das Obras Públicas, à falta da publicação de estudos que justifiquem os investimentos no aeroporto da Ota e TGV, escreve um artigo de opinião:
Portugal tem de ter a ambição de desempenhar o papel que está ao seu alcance no quadro da UE e a nível mundial, sob pena de se remeter, inexoravelmente, à posição de zona mais marginal e deprimida da Península Ibérica. (...) Portugal apresenta hoje, face à vizinha Espanha e face à UE em geral, grandes insuficiências que, a não serem rapidamente ultrapassadas, impedirão irremediavelmente o seu desenvolvimento.
Como uma criança mimada, Lino viu o novo brinquedo dos vizinhos e também quer um. Para ele não lhe interessa que os pais digam que não têm dinheiro para mais brinquedos. Ele bem tenta explicar a utilidade destes mas, tendo chumbado a matemática, não consegue apresentar os necessários cálculos justificativos. Logo, é natural que os pais desconfiem do discurso do Lino. Afinal, antigos brinquedos estão a ganhar pó na arrecadação porque o seu uso real nunca foi o que o Lino prometeu ser.
Lino continuará a invejar os vizinhos. No entanto, se os seus pais mostrarem agora firmeza talvez ele possa, no futuro, dar mais valor à opinião de quem realmente trabalha para o sustento da casa.
A 8 de Dezembro de 1941, o presidente americano Franklin D. Roosevelt descreve o dia anterior como "uma data que viverá em infâmia" (título em epígrafe). Iniciava-se o envolvimento militar dos Estados Unidos da América na II Guerra Mundial, em resposta ao ataque japonês a Pearl Harbor.
44 meses depois, Harry S. Truman assinou mais duas páginas no livro de infâmias. A 6 de Agosto de 1945 explode na cidade de Hiroshima a bomba atómica "Little Boy" e, três dias mais tarde, é detonado semelhante explosivo na cidade de Nagasaki. Milhares morreram. Uns mais lentamente que outros.
Como o Luciano Amaral atrás refere, anteriores incursões aéreas de larga escala causaram, sobre cidades alemãs e japonesas, bastantes mais vítimas (durante a presidência de Roosevelt). E estimava-se que a continuação da guerra poderia significar a perda de milhões de vidas de ambos os lados. Tal não aconteceu porque o Japão, face ao poder destrutivo do novo arsenal americano, rendeu-se a 15 de Agosto de 1945.
Será que foi, então, justificado o uso das bombas? As opiniõesdivergem. Porém, o propósito deste post não é tomar uma posição a favor ou contra mas, sim, evidenciar os custos morais e éticos, de vida e morte, decorrentes da perda da liberdade de escolha individual.
Abdicamos todos os dias, pouco a pouco, da nossa liberdade. De forma democrática, claro! As maiorias, a classe política, a elite intelectual, os grupos de interesse, etc, sabem sempre o que é melhor para a população. Em nome do "bem comum", justiça social, segurança nacional (e outros tantos termos estatizantes), a sociedade é gradualmente controlada, dirigida e planeada por bem intencionados líderes políticos. O valor de cada cidadão, por si só, desvanece perante políticas socialistas de "igualdade". Para o Estado, a vida humana torna-se uma questão matemática, na qual cada um de nós é desprovido da sua identidade. Somos apenas números em equações de somar, dividir e... subtrair. A liberdade definha. Sem se aperceber, o indivíduo torna-se servo do Estado.
E é em tempos de guerra que, finalmente, o indivíduo verifica a perda de controlo do seu próprio destino face à vontade de uma pequena elite que decide quem vive e quem deve morrer. A perda do direito à vida não aconteceu de um dia para o outro. Mas esse é, afinal, o fim do caminho para a servidão.
Assim, antes de pensarem se foi ou não justificado o uso das bombas atómicas, considerem o seguinte: todos os genocídios têm, na sua génese, a tirania do Estado.
Parece que o Professor Guimarães acusou Carmona Rodrigues de ser “o único responsável pelo estado de decadência e degradação da cidade de Lisboa”. Não discuto. Quem sou eu ao pé do Professor? Mas, digamos, que me ocorrem outros responsáveis: desde D. João VI, que a trocou pelo Brasil, até ao crescimento económico, que quase sempre foi fraquito ao longo da nossa história, até, imagine-se só, à lei das rendas, que garante a degradação da maior parte do centro histórico. Devo estar enganado. Se o candidato da esquerda diz que, afinal, a culpa é toda de Carmona Rodrigues, é porque deve mesmo ser. Se, afinal, tudo se resume a tirar Carmona, porque depois está garantida a felicidade eterna dos lisboetas; se o candidato da esquerda se dispensa de qualquer reflexão mais precisa sobre arrendamento, transportes, fiscalidade autárquica, etc., tudo coisas que eu pensaria estarem ligadas à efectiva “decadência e degradação” da cidade; é porque devo mesmo estar enganado. Enfim, deve ser isto o pragmatismo rortyano. Mas em matéria de pragmatismo, eu chego para o Professor. De resto, é estritamente por razões pragmáticas que faço este post. Também eu não estou nada cá interessado em leis de rendas e fiscalidade autárquica. Mas não fosse o Professor e eu não teria qualquer pretexto para publicar uma fotografia da Bárbara.
Aspecto de uma rua de Tóquio depois do bombardeamento americano de 1945
Faz 60 anos que foram lançadas, pela primeira e única vez na história, duas bombas atómicas. Ao longo destes 60 anos, muitas vezes se tem perguntado se elas foram necessárias. Os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki terão causado, em conjunto, cerca de 120.000 mortos. Convém lembrar que o bombardeamento de Tóquio, com bombas incendiárias convencionais, provocou o mesmo número de vítimas e que o bombardeamento de Dresden, também com bombas convencionais, terá causado talvez o dobro. Convém também lembrar que, antes de as bombas serem lançadas, tinha ocorrido a batalha de Okinawa, onde morreram cerca de 100.000 soldados americanos, cerca de 300.000 soldados japoneses e cerca de 130.000 civis. Convém ainda lembrar que as estimativas que se faziam à época eram, na ausência de rendição imediata do Japão, de cerca de 1.000.000 de soldados mortos até ao fim da guerra e um número indeterminado de civis. E claro que convém ainda lembrar a rede de campos de concentração mantidos pelos japoneses em todo o sudeste asiático, onde se estima que morressem por mês cerca de meio milhão de pessoas. As bombas atómicas foram lançadas na base de cálculos utilitários e horríveis como estes. Foram necessárias? Não sei, mas estão aqui dois artigos que ajudam a pensar o problema:
O Governo recusa-se a publicitar para já os estudos que tem na sua posse sobre o novo aeroporto da Ota e que sustentam a decisão em avançar para a sua construção. «O Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações vai promover, em Outubro, uma apresentação pública do projecto do novo aeroporto e posteriormente divulgaremos toda a informação pertinente e necessária na internet», divulga o gabinete do ministro Mário Lino
Será que o governo teme que os estudos sejam mal interpretados? Porque se recusa a divulgar agora os estudos existentes? Porquê fazer uma nova "apresentação pública? Não bastou a apresentação do PIIP?
Após uma vida de tormento, Luís Costa Ribas, regressa a Portugal.
Para a história ficarão reportagens memoráveis. Tal como aquela em que inquiria numa escola secundária da Califórnia se os alunos percebiam as razões da destituição (recall) do anterior governador do estado. O nosso repórter concluia alegremente que se tratava de mais uma manobra inominável dos republicanos. Infelizmente os eleitores não lhe viriam a dar razão. Teria havido um problema de amostragem?
US companies are not allowed to sell goods on credit to Cuba. But US food and agricultural products can be sold if Cuba pays cash. And now, Cuba is paying cash. The US government tightened this up somewhat last year, but now that USA-Cuba business is starting to be done in a bigger way, Bush-voting farm states are pushing for more liberalization.
US left-wingers have long said that the Cuba embargo is daft, while right-wingers have favoured it, on political grounds. But the embargo has not exactly worked the trick of toppling Castro, has it? If anything it has helped Castro, by confirming what he says about how hostile the USA is towards Cuba, and by keeping everyone's mind on where the next meal is going to come from. Surely, here is a case where the left is right, and the right is wrong.
As últimas semanas do governo de Sócrates têm sido mais graves para a imagem do governo do que à primeira vista poderíamos considerar. Senão vejamos. O início deste governo foi marcado com um enorme calculismo. Tudo foi previsto ao mais ínfimo pormenor, não escapando à astúcia socialista, o fazer crer que, se o combate ao défice público era fruto de uma ideologia de direita com vista a destruir o Estado Social, a fabricação de um défice virtual de 6,83% já servia de mote a convencer a esquerda da necessidade em aumentar os impostos.
Menciono aumentar os impostos, porque nunca Sócrates pensou em reduzir a despesa. Caso contrário, o seu primeiro ministro das finanças não teria sido substituído na sequencia do primeiro braço de ferro com o restante governo.
É aqui que começa a confusão socrática. O primeiro-ministro sobe os impostos porque quer salvar o Estado social, mas pretende construir um aeroporto na Ota e trazer para Portugal o TGV. Pior, pretende revitalizar a economia com os famosos investimentos públicos, financiados (necessariamente) com dinheiros dos privados. Assim sendo, o governo cai na contrariedade inevitável. Ou aumenta os impostos para combater o défice, ou aumenta os impostos para pagar as obras públicas. É isto que Sócrates nos deve explicar. Que Manuel Pinho acredite só ser possível crescimento económico com investimento público, tudo bem. Trata-se de um ponto de vista. Errado, mas de um ponto de vista. No entanto, o dinheiro é apenas um. Ele serve para cobrir o défice ou para fazer obras. Esta é a escolha que tem de ser feita. A nós, meros eleitores e financiadores do Estado social, cabe-nos exigir que o governo nos diga qual das duas será.
Para alguns observadores, a baixa produtividade da economia portuguesa e a existência de pressões salariais geradoras de inflação devem-se ao grande peso do Estado. Sendo correcta, esta opinião fica ainda mais completa se incluir também na culpa uma parte significativa do sector privado que vive protegido da concorrência externa. O que torna o problema gravíssimo, pois em vez de o diferencial de inflação relativamente à UE ter origem no forte crescimento da produtividade no sector dos transacionáveis, ele deve-se antes a aumentos excessivos nos preços dos mais variados serviços, pelo qual todos pagam e que prejudicam particularmente a capacidade de competir do sector dos transacionáveis, contribuindo para a erosão das suas margens e a perda de quotas de mercado.###
Mas como é que se explicam os aumentos desproporcionados e continuados dos preços nos sectores protegidos? Com o mau funcionamento dos mercados. Do mercado de trabalho já tudo se disse e nada há acrescentar. Mas pouco se tem adiantado sobre a relação que existe entre a inflação e o poder de mercado nos sectores fechados de uma economia pequena, em que a influência de alguns participantes é usada para conseguir benefícios particulares e discriminar preços sem atender aos custos marginais. Em Espanha alguns estudos revelam que este é um dos factores que mais conta para a persistência da inflação acima da média Europeia. E em Portugal, será diferente? Se a rentabilidade e a repartição sectorial do investimento e do emprego, bem como as margens de lucro servem como indicadores de referência, a resposta é não.
A falta de concorrência desencoraja o I&D, trava a inovação e protege empresas ineficientes, com efeitos perversos na produtividade; poder de mercado contribui também para que a inflação em Portugal se mantenha acima dos nossos principais parceiros comerciais e prejudique a competitividade da economia. Só com uma grande exigência de mais concorrência nos sectores protegidos do exterior se pode acelerar a convergência real.
James Lileks descreve o primeiro dia de John Bolton na ONU.
There are, of course, protesters. They chant: "Hey hey! Ho ho! Bolton John has got to go! Hey hey! Ho ho!" But Bolton strides right through the crowd and enters the building, leaving the protesters stunned: It didn't work! The chant didn't work! Frantic calls are placed to ANSWER, CORE, ACORN, NARAL and the National Guild of Pronounceable Acronyms (NGPA); the leadership is informed that the magic chant has failed. Lucifer has entered the temple! Repeat, Lucifer is in the temple! Call George Soros and have him fund a new one STAT! No, that doesn't stand for anything.
Agora a sério, é extraordinario, verdadeiramente incrivel como apos décadas ( ! ) em que a proliferação dos incêndios estivais foi atribuida à falta de meios e aos sucessivos Governos, conseguiu-se em menos de seis meses ( ! ) educar, treinar e dotar os bombeiros, Câmaras Municipais, Protecção Civil e contribuintes, de meios suficientes ( somar o numero de bombeiros e viaturas na noticia do Publico) e de tudo o que necessitam para que os fogos sejam pouco mais que um pequeno inconveniente! Extraordinario! Meia duzia de vénias!
Isto é uma boa razão para desencantar o dinheiro, nem que se peça emprestado ao BES, mas e espaço, meu Deus e espaço? 500.000 paginas e 315kg de livros. E tempo??
Queria alertar, por este meio, o ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, de que se esqueceu, certamente por lapso, de fazer rolar a cabeça de Paulo Macedo. Afinal, tão importante como controlar politicamente a Caixa Geral dos Depósitos é a supervisão com mão de ferro da Direcção-Geral dos Impostos, certo? De qualquer modo, Paulo Macedo não perde pela demora. A campanha está em curso. Basta ver um pouco de televisão.
Esta merece atenção porque aparentemente Paulo Macedo tem vindo a fazer um bom trabalho. Apesar de ser evidente a miséria a que estamos sujeitos, era so o que faltava.
Uma coisa é a desagregação, a que estamos a assistir, do Estado Social. Alguns chamam-lhe “liberalização”. Sem razão. Trata-se apenas do desmoronamento de um velho edifício. Outra coisa é um projecto político inspirado pelas tradições liberais. O objectivo desse projecto político há-de ser, precisamente, o de preencher o vazio deixado pela ruína do Estado Social. Ora, é esse projecto político que falta em Portugal.(...)
Desse projecto político podemos adivinhar os princípios. Apontará necessariamente para um novo modelo social, a que poderíamos chamar “modelo cívico”. Assentará na responsabilidade de cada um pelas decisões relativas à sua vida, por contraste com o regime do Estado Social, em que a tendência é para responsabilizar o poder político. Passará assim, necessariamente, pelo desmantelamento dos mecanismos de redistribuição política da riqueza em que está fundado o Estado Social. Disto isto, será possível descrever, com todo o detalhe, as “políticas” correspondentes a esse projecto, e já agora retratar, em alta resolução, a sociedade do futuro? Não, não é possível.
A gestão da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher é considerada a «mais bem-sucedida» durante o período pós Segunda Guerra Mundial (1939-1945) no Reino Unido, segundo indica uma sondagem realizada entre líderes de opinião publicada nesta quarta-feira pelo jornal The Times
Confesso que nos últimos tempos tenho ficado surpreendido com certas posições de algumas pessoas de esquerda. Primeiro foi o seu violento acordar para problema do défice público (lembram-se do que eles diziam sobre a "obsessão" dos anteriores governos e da "vida" que existia para além do défice?). Agora é o Adufe que apela à privatização da CGD e à venda das golden shares. Mais vale tarde que nunca, digo eu.
Para se aferir o estado de alienação da realidade em que vivem os sindicalistas portugueses nada como ler este artigo de Carvalho da Silva da CGTP.
A raiz das dificuldades com que Portugal se debate assenta no facto de o País se ter "especializado", durante demasiado tempo, em produções assentes em mão-de- -obra barata e trabalho pouco qualificado e precário. A economia portuguesa foi sujeita a fortes constrangimentos desde a integração europeia, mais tarde exacerbados pela participação no euro e depois pelo alargamento da UE e pelo aprofundamento da globalização económica.
Não houve respostas adequadas do lado das políticas públicas e muito menos do sector privado. As empresas, pressionadas por um contexto de maior concorrência, em vez de adoptarem estratégias de valorização produtiva, de inovação, de elevação do nível de qualificação da mão-de-obra, procuraram a compressão dos custos, a precarização dos empregos e a redução dos direitos laborais. O resultado foi a ineficiência do sector produtivo privado, a qual é bem mais grave e estrutural que a do sector público.
Many people think that antitrust laws are in place to protect consumers. But as Microsoft's current troubles in Europe show, that isn't necessarily so.
The European Commission is using antitrust to carve out a market share for RealNetworks Inc., Microsoft's main rival in media-player software. And the EC is going to extreme lengths to do so, requiring Microsoft to sell a stripped-down version of its Windows software that doesn't contain Windows Media Player.
Microsoft has complied, but it wanted to name its new Windows version, "Windows XP Reduced Media Edition" ("Microsoft, EU Agree on Slimmer Version of Windows System," Wall Street Journal, March 29, 2005.) The EC refused, saying that the name would discourage sales and mislead customers. It didn't say how exactly putting the label "reduced media" on something that had fewer media features would mislead consumers. It was obvious, though, how it would discourage sales. Why buy a Ford without a radio when you can get a Ford with a radio at the same price?
(...)
The best statement of the philosophical case against antitrust is in philosopher Harry Binswanger's essay, "Antitrust: 'Free Competition' at Gunpoint." Binswanger draws a fundamental distinction between economic power and political power. Economic power, he notes, is simply the power to produce and trade, whereas political power is the power of the government and necessarily rests on the use of force or threat of force. Someone can earn a large market share, even, in rare cases, a 100% market share, without ever coercing anyone. That person creates power simply through his productivity and does not forcibly take anything away from anybody; therefore, he should not be persecuted.
No post anterior referi potenciais interesses imobiliários no aeroporto da Ota (via BdE). Agora o Bloguitica aponta outros, complementares, interesses imobiliários: os do aeroporto da Portela.
Nota: depois de lerem o post do Paulo Gorjão, vejam as fotos aéreas aqui e aqui!
When Hanoi opened its door to global capitalism in 1988, the Communist party frowned on golf as an irrelevant bourgeois indulgence. Today, the Communist elite has bestowed its blessing on the game as both symbol, and tool, of Vietnam's economic modernisation.
… e fieis ao livrinho continuam cegos que nem portas.
...when Vietnamese communists play golf "it's more a political mission" - as distinct from entertainment.
Nestas alturas, tenho duvidas que a actividade cerebral seja caracteristica de seres humanos. Mas pronto, como dizia o outro, pode ser que a Coreia do Norte seja uma democracia. Vale tudo.
A European Federation of Journalists também se manifesta contra o encerramento d'A Capital e d'O Comércio do Porto. Diz o Secretário-Geral da EFJ:
It is vitally important to convince the management that these journals have a future and that they should invest in them. What is at stake is not just a matter of profit and loss; there are questions of culture, democracy and pluralism that must also be addressed.
É tão fácil falar quando se trata de dinheiro alheio...
É aqui ao fundo e à direita, sr. presidente. Consegue vê-lo?
Eu não fazia ideia de que o dr. Sampaio dava conselhos aos populares. Mas ainda bem que assim é. Afinal, o presidente da República tinha de servir para alguma coisa. Entretanto, eu ando com dúvidas sobre um molar direito: não sei se desvitalizá-lo, se arrancá-lo. Já marquei audiência em Belém. Tudo se resolverá pelo melhor.
A cada segundo é criado um blog no mundo, revela um estudo da empresa Technorati, responsável pela medição do número destas páginas pessoais online. Segundo a empresa, até ao fim de Julho, estavam publicados 14,2 milhões destes endereços.
«A maioria dos portugueses tem uma saúde oral deficiente», conclui um estudo da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco), que envolveu mais de cinco mil pessoas. A falta de «capacidade de resposta no Serviço Nacional de Saúde (SNS)» e os «custos elevados» do sector privado são um «verdadeiro entrave para muitas famílias».
A Deco defende que «todos os centros de saúde deveriam ter, pelo menos, higienistas orais para fazer limpezas, detecção de cáries e ensinar os cuidados da higiene».
Quem está de acordo é a Ordem dos Médicos Dentistas. «A medicina dentária devia estar incluída no SNS», afirma o bastonário, Orlando Monteiro da Silva. «Os utentes descontam para ter direito a soluções e a saúde oral também devia estar incluída».
Hoje podemos rapidamente marcar consulta no dentista para atendimento dentro de dias. Quem quer ficar meses em lista de espera com uma dor de dentes?
(...) na base desta decapitação ontem anunciada no maior banco português só estão especulações. Ainda por cima, mal resolvidas com a solução apresentada.
Todos os casos que supostamente deterioraram a relação com o accionista Estado nascem, única e exclusivamente, num só sítio: o Estado.
Mas o "Estado" somos nós. Temos, por isso, como contribuintes, de equacionar a hipótese da venda imediata da CGD ser a decisão mais rentável para todos (excepto para políticos e os seus boys). É que, dentro de uma/duas décadas o valor deste banco pode ser relativamente irrisório - consequência, entre outros factores, desta constante dança de administradores.
Enquanto o ministro da Economia, Manuel Pinho, continua a estudar cálculo financeiro(!) outros fazem as necessárias contas de somar e dividir. A ler, no Pura Economia, sobre a inviabilidade da rota de TGV Lisboa-Porto.
Vitor Ramalho, um socialista apoiante da candidatura de Mário Soares, afirma que o encontro solicitado pelo ex-presidente a Jorge Sampaio se insere na ronda de contactos que está a fazer enquanto pondera uma recandidatura presidencial.
Não há maneira de Sampaio terminar decentemente o seu mandato. Agora até se presta a fazer de consultor eleitoral.
No intuito de garantir a continuidade d'A Capital e d'O Comércio do Porto o Sindicato dos Jornalistas propôs ontem que os jornalsitas daquelas publicações formassem uma cooperativa que viabilizasse as duas publicações.
Nada tenho contra a proposta do SJ desde que a solução passe pelo acordo dos actuais proprietários (que até parecem não levantar grandes obstáculos à alienação dos títulos).
A minha dúvida coloca-se quando o presidente do SJ diz que o seu projecto "opõe a lógica da economia social à capitalista". Não querendo desmentir o presidente quer-me parecer que este pensa existirem formas diversas para fazer a mesma conta.
Aqui, tal como na terra de Chirac e Ramonet, boa parte das pessoas continua a ligar automaticamente liberalismo e economia. É como se houvesse um cordão umbilical entre o liberal e o guito. O liberal, nestas mentes reaccionárias – à esquerda e à direita - é o tipo que sonha com cifrões, é o ser infame que rouba a esmola do ceguinho da esquina, é aquele que cobra cem paus à velhinha quando esta pede ajuda para atravessar a rua. Aqui, no campo encantado da (suposta) pureza reaccionária, o liberal é o Tio Patinhas. Não utilizo o Tio Patinhas por acaso. É que o nível de debate raramente foge a este registo caricatural, quase infantil.
Para além de acabar com uma série de jobs for the boys a privatização da CGD acabaria com um inaceitável instrumento do intervencionismo económico estatal.
Pretender que a CGD continue nas mãos do Estado e que a sua gestão seja despolitizada é irrealista. É pretender que o accionista não tenha qualquer controlo sobre os seus activos.
Ainda sobre o artigo de opinião do ministro da Economia (publicado no semanário Expresso) [destaque do autor]:
Diz o ministro [Manuel Pinho] que o artigo de Kamps conclui que, entre os países da OCDE, Portugal tem o valor mais baixo de "stock" de capital público. (...) A desonestidade intelectual do ministro revela-se ao não citar os resultados apresentados na tabela 5 do mesmo estudo de Kamps. Aí pode-se ver que, e de acordo com os resultados do autor para Portugal, o investimento público leva a uma redução do PIB português. Ou seja, o ministro defende a construção do novo aeroporto e do TGV, com base num estudo que conclui que em Portugal os efeitos do investimento público são negativos!
Mas o ministro não tem mais estudos para nos oferecer do que um que conclui que o investimento público tem efeitos negativos sobre a nossa riqueza?
Sr. Ministro, tenha dó. Não torne a partir do princípio que nós não iremos ler os estudos que o senhor cita. Haja respeito.
Depois de extintos os fogos deste Verão, convém ter-se em consideração os seguintes estudos:
(...) a four-year international study led by researchers at the University of Newcastle, in Britain, and the Free University of Amsterdam, identifies several myths about the link between forests and water. For example, in arid and semi-arid areas, trees consume far more water than they trap. And it is not the trees that catch sediment and nutrients, and steady the flow of the rivers, but the fact that the soil has not been compressed. (...) Growing trees consume carbon dioxide and it was thought that only when the tree died, perhaps hundreds of years later, would the carbon be returned to the atmosphere. No such luck. In a paper published in Nature this week, a team of American and Brazilian scientists found that trees were silently returning the carbon after just five years.
A new European Union tariff on imported bananas has been declared illegal by the World Trade Organization (WTO). (...) Currently, Latin American exports to the EU are limited, with the duty per tonne set at 75 euros for the first 2.7 million tonnes of exports, rising after that to 680 euros per tonne.
Under the new regime, ACP [Africa, Caribbean and Pacific] producers would have continued to export bananas duty-free.
Proposals to replace quotas with higher duties would have cost producers more and threatened livelihoods, the group of Latin American countries had claimed.
Deve ser o consumidor ou a União Europeia a decidir que banana é vendida nos supermercados?
A Ota e o TGV são muito semelhantes às candidaturas presidenciais que se avizinham. São as duas vendidas como a receita do progresso, mas estão na realidade desfasadas do que se precisa e vão custar muito mais do que se pensa.
No Margens de Erro, podemos verificar que, numa sondagem para as próximas eleições do parlamento alemão, o partido liderado por Angela Merkel (CDU) tem uma confortável posição em relação ao SPD, do ex-chanceler Gerhard Schröder.
Curioso é verificar que, na antiga Alemanha de Leste, as intenções de voto favorecem a coligação liderada pelo PDS, sucessor do partido comunista que "reinou" a região até à queda do Muro de Berlim (1989). Sugiro, por isso, a (re)leitura do seguinte artigo: Why do people vote for Communists?
Adenda: um comentário a este post apontou - e bem - para o facto da CDU não ter, segundo esta sondagem, a maioria absoluta. Mesmo em coligação com o FDP já só alcança 50% das intenções de voto.
Do III Forum Diário Económico - Infra-Estruturas e Transportes [pdf], de 6 de Julho de 2005:
A defesa do projecto [da OTA] tem vindo a ser feita nas feiras de imobiliário e construção, o que não é surpreendente uma vez que grupos como Tiner/Renit, Turiprojecto e ESAF são os donos da maior parte dos terrenos das freguesias da Ota, Alenquer e Azambuja.
O BdE apurou ainda que a Tiner/Renit e Turiprojecto são empresas ligadas aos sectores imobiliário e construção civil e que a ESAF será provavelmente a Espírito Santo Activos Financeiros, holding de investimentos mobiliários e imobiliários do Grupo Espírito Santo, das quais Manuel Pinho, actual ministro da Economia, foi administrador até Março de 2005...
Desta vez, apesar dos portugueses, os mais fervorosos adeptos do Euromilhões, terem voltado a apostar em força na nova lotaria, o ‘Jackpot’ não ficou cá na terra.
É pena. Portugal é um país de jogadores, como provam as receitas dos casinos, que voltaram este ano ao crescimento. E isso reflecte-se nas mais altas esferas do Estado.###
É com este ‘feeling’ do jogador que Mário Lino, um ministro com inatacáveis credenciais intervencionistas, e Manuel Pinho, que em declarações públicas recentes proclamou orgulhosamente não ser um liberal, que Portugal avança para a construção do novo aeroporto da Ota e para as linhas ferroviárias de alta velocidade. Existem estudos que provam que devemos o crescimento das últimas décadas a doses industriais de investimento público. Mas existem igualmente teses académicas - além de inúmeros casos práticos - que provam exactamente o contrário. Os estudos económicos são como os pareceres jurídicos: há-os para todos os gostos, basta encomendar as conclusões.
(...)
O facto de o Governo não acreditar na utilidade de efectuar estudos que apoiem o seu ponto de vista não é original. Já no século XIX, Benjamin Disraeli, primeiro-ministro britânico, proclamava: “existem três tipos de mentiras: mentiras, mentiras vergonhosas e estatísticas”.
Assim sendo, para quê gastar dinheiro em mais estudos? Entre a Ota, o TGV e o que mais for, aposte-se uma dupla no ‘1’ e no ‘X’. É fácil. Não é barato. Mas com alguma sorte, algum dos projectos há de dar milhões.
Discute-se na SIC Notícias a possibilidade dos senhorios terem acesso a informação fiscal dos seus inquilinos. Este atentado à privacidade do cidadão que aluga uma casa só é considerado pelo Governo porque este não quer liberalizar o mercado de arrendamento.
Ao senhorio não lhe interessa saber qual o rendimento do inquilino. Apenas se paga ou não a renda.
Os sinais de latino-americanização da Europa multiplicam-se. Desde o eventual caudilhismo soarista até um terceiro mandato de Chirac (só para manter a imunidade que lhe permite não ir imediatamente preso por corrupção), passando pelos bufões Berlusconi e Schroeder, de tudo por aqui vai acontecendo. A Desmond Lachman, no Tech Central Station, também lhe ocorre um paralelo latino-americano com a Itália (Italy in Argentina's Shadow). Vale a pena ler. Mas vale sobretudo a pena ler substituindo a palavra Itália por Portugal. Não soa familiar?
On looking at Italy's present economic predicament, one has to wonder whether one has not been to this movie before. Indeed, one has to wonder whether that movie might not have been called "Argentina", which was set mainly in Buenos Aires and New York between 1999 and 2001 and which had market participants on the edge of their seats till the riveting end. For while the end-game in the present Italian sequel might not be quite as sudden or as dramatic as that in Argentina, all the plot's ingredients are pointing away from a happy Hollywood-style ending.### (ver mais)
The most striking similarity between Italy and Argentina, other than the Italian origin of many of the protagonists, is the extremely rigid currency arrangements in which the two countries managed to lock themselves. As a reaction to its harrowing mid-1980s experience with hyperinflation, in 1991 Argentina nailed its currency to the Convertibility Plan cross. It did so at the "immutable" exchange rate of one peso to the US dollar. This was supposed to usher in a period of low inflation and to force upon the country the fiscal policy discipline that it had never known before.
In a similar effort to impose macro-economic discipline, Italy has also supposedly given up forever any room for exchange rate flexibility. It did so in 1999 by abandoning the lira in favor of the euro. Gone were supposed to be the days of high inflation and periodic lira devaluations. In were supposed to be the days of fiscal discipline and structural reform that were to allow Italy to thrive inside its exchange rate straitjacket.
Like Argentina before it, by abandoning the lira, Italy has given up all macro-economic policy flexibility to stabilize its economy. No longer having its own currency, Italy cannot engage in periodic exchange rate devaluations as it did in the past to rectify losses in international competitiveness. No longer having its own central bank, Italy has to accept the interest rates set by the European Central Bank. It has done so even though the interest rates set by the ECB might not necessarily conform to Italy's particular circumstances.
As if no longer having an independent monetary and exchange rate policy were not bad enough, under Europe's Fiscal Stability Pact, Italy is committed to strengthening its public finances at a time of cyclical economic weakness. For like Argentina of the 1990s, Italy's public finances are in a real mess. With a debt to GDP ratio in excess of 105 percent, Italy is among the most indebted of the industrialized countries. With a public deficit in excess of 4 percent of GDP and rising, Italy is in clear violation of Europe's Maastricht criteria that require member countries to limit their public deficits to 3 percent of GDP.
Italy's loss of macro-economic policy instruments would not be of such great moment if its economy were booming and if its industries were competitive. All too sadly, however, this is far from the case. Already over the past two quarters, the Italian economy has sunk into recession. And under the weight of high international oil prices, this recession is only likely to deepen. Any such deepening will make it all the harder for Italy to correct its excessive fiscal imbalances.
More disturbing still is Italy's present lack of international competitiveness. Over the past five years, Italy has lost around 15 percentage points of competitiveness to Germany as wage increases in Italy were not matched by productivity gains. At the same time, Italy's failure to modernize its industries has left Italy exposed to the full winds of Chinese competition in today's increasingly globalized economy.
As was the case of Argentina before it, the only real way out for Italy is far-reaching structural reforms, especially in the labor market, that would restore Italy's competitiveness. However, one needs to ask how much more likely are such reforms in Italy under an enfeebled Berlusconi government than they were in Argentina under Carlos Menem. This would seem to be all the more so the case given the short-term pain associated with such reform.
In the absence of real reform, the most likely scenario for Italy will be a prolonged period of economic stagnation and ever widening budget deficits. This will likely force the ECB to periodically bail Italy out notwithstanding the ECB's protestations that it remains committed to its "no bail out" clause. However, in the same way that Argentina made the mistake of forever counting on IMF goodwill to paper over its economy's weaknesses, Italy will be making a grave error if it postpones painful market reforms and relies instead on the indefinite indulgence of the ECB to keep afloat its rickety public finances.
(...) o que interessa fazer é uma análise custos-benefícios entre a VA [Velocidade Alta] e TGV [Alta Velocidade], e não comparar o TGV com a nossa «rede medieval». E nessa comparação, em termos do «value for money», mesmo entre Lisboa e Porto dificilmente o TGV ganha à VA. (...) (...) estamos a assistir a mudanças estruturais no negócio da aviação, com entrada em força das companhias «low-cost», e de forças de mercado que levam a privilegiar ligações «point & point» em vez de redes organizadas, de acordo com o modelo «hub and spokes», em que a partir desses «hubs» eram depois distribuídos os passageiros para os seus destinos finais em aviões de menor capacidade. Se isso acontecer, poderá estar em causa o conceito de grande «hub».
Sobre o "mito do grande hub" aconselho a leitura dos posts no Blasfémias (links aqui).
Leituras para férias: Scruton e o peculiar humanismo de Wagner
"Wagner was an artist with an agenda, and this agenda was nothing less than the redemption of mankind.
(...)
In pursuing this idea Wagner could fairly be described as one of the great humanists of modern times. But he was a humanist of a peculiar kind, who recognized humanity's religious need and tried to make man his own redeemer, so as to ennoble the human beyond the divine. This attempt compelled him toward idealism and pessimism in equal measure - idealism about our nature, pessimism about our lot."
- Roger Scruton, Death-devoted Heart: Sex and the Sacred in Wagner's Tristan and Isolde
Alinhar pela construção da OTA, irá abrir um oportunidade de ouro para Espanha. A construção de um aeroporto em Badajoz com ligação de alta velocidade, que curiosamente ou talvez não, os espanhóis não abrem mão, que por lá passe, irá permitir que a partir de Badajoz, todo o tráfego aéreo do sudoeste ibérico se centralize ali, com inerentes consequências para Portugal, remetido num plano se actor secundário. Com Beja, o actor principal seria Portugal. A dinamização do Terminal XXI uma realidade, e o desenvolvimento uma certeza.
Caro ministro Manuel Pinho o debate só não é mais "elevado" porque o senhor não quer!
O Jornal de Notícias noticia hoje que vendas das farmácias atingem valores astronómicos. Dá como exemplos uma em Coimbra (sete milhões de euros) e duas em Santarém (cinco milhões de euros). Dirão os mais apressados que, provavelmente, se trata da prova provada que num mercado desregulado se conseguem lucros "imorais". (para além da falácia da imoralidade do lucro) O caso é exactamente o oposto. As farmácias são extremamente reguladas pelo estado e os lucros astronómicos derivam da limitação administrativa da concorrência.
Num mercado desregulado lucros desta ordem seriam um convite à entrada de novos concorrentes no mercado. Ganhariam os consumidores com o aumento da oferta e com uma (quase certa) diminuição das margens de venda.
Os comunistas nunca conseguiram aprender o que é a «escolha livre», e muito menos a respeitar escolhas livres de cidadãos livres.### O paternalismo é algo genético para eles. Porque os indivíduos não são verdadeiramente livres quando são explorados pelo «grande capital». Parecem não perceber (ou aceitar) que sendo os juros de empréstimos contraídos uma das fontes de receita dos bancos, é natural - ceteris paribus - que um maior endividamento das famílias esteja associado a maiores lucros da banca. Ao comunista não interessa que esse endividamento tenha sido uma escolha livre, nem que seja esse endividamento que permite ao cidadão adquirir coisas que de outro modo não poderia comprar.