16.8.06

O estranho caso da "táctica maoísta, combinada com a mentalidade McCarthista"

Não precisei de ler Marx para nessa altura formar o essencial da minha consciência política. Sendo filho de trabalhadores por conta de outrem, já achava na altura que os trabalhadores deveriam saber dirigir os meios de produção, e não uma elite improdutiva. E sempre me escandalizou como os comerciantes poderiam decidir vender os bens de consumo aos preços que bem lhes apetecesse, sem controlo. O preço destes bens deveria ser fixado pelo governo, e deveria ser tal que os tornasse acessíveis a todos os trabalhadores, de modo a que tods pudessem viver com dignidade. Da mesma forma, o governo deveria combater o desemprego com todos os meios possíveis, adaptando a carga horária laboral de modo a haver trabalho e pão para todos.
Era este o meu pensamento político quando tinha treze, quinze, dezoito anos (e no essencial, no ideal, é-o ainda hoje).
Continuo a achar que a incomodidade particularmente aguda que o Insurgente provoca ao Filipe Moura se deve, acima de tudo, ao facto de por aqui se ter já por várias vezes evidenciado a pobreza intelectual dos seus textos (o exemplo mais recente é este). É compreensível (embora não muito saudável...) que o Filipe Moura não goste de ver apontados os erros factuais e a inconsistência lógica do que escreve, e por isso até percebo que reaja de uma forma tão disparatada como esta. Mas nem tudo é desperdício: ter a oportunidade de ler, entre muitos outros disparates escritos pelo Filipe Moura, que defendo (?) uma (altamente improvável) combinação de "táctica maoísta, combinada com a mentalidade McCarthista" justifica, por si só, o tempo perdido a ler os posts em causa.