14.5.05

Portugal, Hoje: O Medo de Existir

Li ontem “Portugal, hoje: o medo de existir” de José Gil. Esclareço que o top da FNAC irrita-me e tenho tendência a fugir-lhe, mas tal como com “O Codigo DaVinci” a minha resistência esgotou-se e comprei-o.


  1. Entendo que é um excelente sinal que um livro desta natureza esteja entre os mais vendidos na FNAC. Assim quem o comprou o leia.

  2. Achei o livro extraordinario no sentido em que José Gil escreve o que todos nos de uma maneira ou de outra ja suspeitavamos. Desta nossa “estranha forma de vida” da qual não nos sentimos responsaveis (alguma força exterior nos tolhe) mas pela qual nos sentimos culpados. Acho piada como nos - e julgo que so nos- rejeitamos a responsabilidade e assumimos a culpa (no sentido Biblico)...makes you go huummm??

  3. José Gil comete uma imprecisão. Eu explico: a imprecisão tem a ver com a unica referência a Guterres, diz José Gil que “...”é a vida”...costumava terminar os comentarios e analises de Antonio Guterres...” , ora Guterres disse-o apenas uma vez, por isso julgo que a frase é imprecisa e este facto não é dispisciendo para a analise que o autor faz do metadiscurso.

  4. Além do salazarismo (obvio) como fonte da não-inscrição e do medo, José Gil encontra a continuação da “alma” portuguesa no Cavaquismo (Enriquecei!) e acaba o livro com um ataque cerrado e quasi-justo ao governo de PSL e à apatia generalizada que decorre da não-inscrição, “nevoeiro” ou “sombra branca” em que caimos. Ora se ha época ou governação em Portugal no pos 25 de Abril que é o paradigma da não-inscrição é o guterrismo. Julgo que descrevendo o que este foi e como (não)governou seria o caminho mais rapido para perceber os efeitos recentes dessa “sombra branca”. O medo do confronto, a procura quase obssessiva do consenso, a hesitação, a inveja, a exaltação da mediocridade, a negação da excelência, a culpa, o “é a vida” e todos os outros muros que José Gil vê na sociedade portuguesa estão presentes no guterrismo. Com o devido respeito e consciência da distância intelectual que me separa de José Gil esta ausência parece-me tudo menos desengajada.

  5. Ha ainda outra coisa. Não se pode pedir, nem me parece que fosse essa a intenção de José Gil, que apontasse soluções ou caminhos de saida. Desde logo, porque num livro quase de bolso seria extremamente dificil senão impossivel. Ja se poderia pedir que olhasse os novos sinais, as novas elites que não aparecem nas noticias, mas existem. Ha esta tendência de olhar para os politicos e intelectuais e procurar neles essas elites. So que o mundo mudou e com essa mudança, mudou o lugar das elites como mudou a maneira como intervêm na sociedade. Ha indiscutivelmente novos protagonistas nas empresas, na universidade e na cultura. O proprio Jose Gil é disso um exemplo, este seu grito pode e tera concerteza efeitos duradouros na vida de muitos de nos. A nova geração de gestores em empresas como a Vodafone, Somague, Optimus e outras é muito menos temerosa e dependente do estado. Novos criadores na musica, na arte, na moda até personagens como Mourinho, Figo e Cristiano Ronaldo têm o efeito de abrir brechas no nosso “medo de existir”. A blogosfera, embora “horizontal” tem divulgado uma nova geração de intelectuais desempoeirados, sem complexos de qualquer espécie, sem medo do confronto - de ideias ou outro e com a noção da importância da excelência. Gente como o Luciano Amaral, Pedro Mexia, Vasco Rato, Daniel Oliveira, Rodrigo Adão da Fonseca, André Azevedo Alves, Carlos Carapinha, João Caetano Dias, João Miranda e tantos outros, estão longe desse “medo de existir” tão verdadeiro e tão bem explicado pelo Jose Gil mas que cada vez tem mais tendencia a desaparecer de "dentro" para "fora" e a tornar-nos mais proximos dos "outros".

Li o livro de rajada. Comprei-o por volta das 19 horas de ontem e terminei-o cerca das 2 da manhã. O que significa que o que escrevi acima pode ser um chorrilho de disparates, mas é uma primeira impressão. Voltarei a lê-lo, porque é o tipo de obra que pode mudar uma vida. Aconselhadissimo.


P.S. Houve alturas em que me vi aflito. Por ex: "O entorpecimento é um modo particular de escapar à ausência de si a si, e de si ao mundo." De "si a si"? Isto é um bocado Eduardo Prado Coelho, muito "...entre o mais e o mais." Mas enfim, "é a vida " e hei-de la chegar com mais uma ou duas leituras.
P.P.S. post em stereo ("stereo" com copyright do Irreflexões)

O legado dos défices passados

Uma cortesia do Estado às famíllias portuguesas:

A dívida pública totalizava 93 880 milhões de euros no final de Abril, informou ontem o Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP), mais 10,6% do que no mesmo período do ano anterior.

Em relação a Março houve um aumento de 1,2%, no total de 1119 milhões de euros.

(in JN, via Jaquinzinhos)

Tradução: cada um dos dez milhões de portugueses tem uma dívida de 9.388 euros. No final do ano, a verificar-se idêntica taxa de crescimento (1,2%), esta vai crescer para 10.328 euros. Mas, a julgar pela ânsia despesista do governo socialista, espera-se que a taxa de crescimento seja muito maior.

Ora, assumindo uma taxa de juro de 3,5% e Dívida Pública de 100.000 milhões de euros (estamos quase lá), o Estado terá de, em média, cobrar a cada português cerca de 350 euros de impostos só para pagar os juros anuais (3.500 milhões de euros). Por outras palavras, o Estado, para pagar défices orçamentais passados, confiscará à economia o valor de 667.200 salários mínimos anuais (374,70 euros x 14 meses).

E ainda há quem diga que "o défice é um instrumento necessário e fundamental para garantir o crescimento económico pela vias da competitividade nacional". Anteriores governantes pensaram o mesmo. Estamos agora a pagar essa factura!

Verdades complicadas

"The philosophy of the Nazis, the German National Socialist Labour Party, is the purest and most consistent manifestation of the anticapitalistic and socialistic spirit of our age. Its essential ideas are not German or "Aryan" in origin, nor are they peculiar to the present day Germans. In the genealogical tree of the Nazi doctrine such Latins as Sismondi and Georges Sorel, and such Anglo-Saxons as Carlyle, Ruskin and Houston Stewart Chamberlain, were more conspicuous than any German. Even the best known ideological attire of Nazism, the fable of the superiority of the Aryan master race, was not of German provenance; its author was a Frenchman, Gobineau. Germans of Jewish descent, like Lassalle, Lasson, Stahl and Walter Rathenau, contributed more to the essential tenets of Nazism than such men as Sombart, Spann and Ferdinand Fried. The slogan into which the Nazis condensed their economic philosophy, viz., Gemeinnutz geht vor Eigennutz (i.e., the commonweal ranks above private profit), is likewise the idea underlying the American New Deal and the Soviet management of economic affairs. It implies that profit-seeking business harms the vital interests of the immense majority, and that it is the sacred duty of popular government to prevent the emergence of profits by public control of production and distribution."

-Ludwig von Mises, Socialism: An Economic and Sociological Analysis

Paulo Coelho censurado no Irão

Leio esta extraordinária notícia no ABC:

MADRID. Cuando Paulo Coelho decidió presentar su último libro , «El zahir», en Irán para así evitar el peligro de ser pirateado, no se imaginó que iba a suceder todo lo contrario: ser silenciado. Según un comunicado remitido por la editorial Planeta, la última novela del escritor portugués [sic] fue retirada de la Feria de Libro que se ha celebrado recientemente en Teherán.
Sinceramente não sei do que trata o dito livro, nunca li Paulo Coelho - não por complexo elitista, pois também nunca li Saramago (sim, para quem estranha, desde já digo que é possível ter uma licenciatura em LLM e não ler Saramago. É que antes dele estão milhares de outros livros que, penso, têm mais interesse para mim) - e, por isso, não sei o motivo da interdição da venda do livro. Mas, se já interditam o Paulo Coelho, então não sei que tipo de literatura por lá eles permitem. Não devem ter muita escolha.

13.5.05

Coisas que nos dão cabo de uma tarde de trabalho #2

Quando uma folha de cálculo que nós consideravamos "isenta de erros" começa a dar resultados estranhos.

Dirigentes do BE: Eles mentem, eles perdem?

(via Elba Everywhere)

Note-se que a novidade não está na mentira, está em o director do Público confrontar os dirigentes do BE:

...A conclusão que daqui se retira é que dirigentes do BE enganaram o PÚBLICO e, por essa via, os seus leitores. Tal como surge consagrado no nosso Livro de Estilo, perante uma situação desta gravidade decidimos tornar públicas quais foram as fontes que afirmaram uma coisa e fizeram outra e só estas, embora para a notícia tenham sido ouvidos outros dirigentes do BE.

Esperemos que seja uma prática para continuar. "Matéria-prima" é coisa que não falta...

Coisas que nos dão cabo de uma tarde de trabalho #1

Beber vinho ao almoço.

Trampolinadas

Penso ser altura de melhor designar os, já vários, desencontros de opinião (to say the least) entre membros do governo do Engenheiro José Sócrates ou com membros do partido da maioria, tendo também em conta que a legislatura ainda agora começou.
O anterior executivo ficou famoso pelas inúmeras trapalhadas, tantas que o presidente da república se excusou a elencá-las aquando da dissolução do parlamento. Não está certo que o actual governo tenha as suas vicissitudes arrumadas no mesmo saco.

Proponho que se passe a usar o termo "trampolinada". No entanto deixo-vos à consideração outras palavras que, alternativamente, poderão ser usadas: bolandina, confusão, cegada, embrulhada, ensalsada, forrobodó, moxinifada, trapada e salgalhada.

Teste Político

Fiz este teste para saber, caso fosse françês, em que partido votaria. De acordo com o resultado deparo que é como em Portugal. Nenhum me entusiama. No entanto, estou próximo da UDF e da UMP.

Eis a sentença:

Vous vous situez à droite.

Aucun parti ne correspond exactement à vos opinions.
Cependant, les partis dont vous êtes le plus proche (dans l'ordre) :

1. l'UDF
mais vous accordez moins d'importance au rôle de l'Etat dans le domaine économique et social.
L'UDF est résolument POUR la Constitution européenne.

2. l'UMP
mais vous ne partagez pas la même opinion sur l'importance de la responsabilité personnelle des gens.
L'UMP est en majorité POUR la Constitution européenne.


Sugiro que todos, leitores e insurgentes, o façam.

Leitura recomendada

A New Road to serfdom?


There's an old folk story that if you throw a frog into boiling water he will quickly jump out. But if you put a frog into a pan of cold water and slowly raise the temperature, the gradual warming will make the frog doze happily. In fact the frog will eventually cook to death, without ever waking up. Will this be the fate of European citizens in the face of the hazards of a new "Road to Serfdom"?

It need not be so. Biologists have tested whether the story of the frogs is true. And they have found out that it isn't. The frogs will jump out long before the water becomes too hot for them.

What do we make out of all of this? The conclusion is clear: Europeans should follow the frogs. Europe needs a change.

Ilógico

Vital Moreira acha que em Portugal existe "uma pesada tributação dos rendimentos do trabalho". Seria lógico (penso eu...) que exigisse a sua diminuição. Errado. Para compensar pretende que sejam tributadas outras forma de rendimento.

Choque

Governo de Sócrates chocado com défice de 7 por cento
Chocante? Mas o deficit não é necessário e fundamental para que o país seja mais competitivo?
Se afinal o líder do PS (e primeiro ministro) não concordar com o líder do seu grupo parlamentar, suspeito que o tratamento a seguir para tão chocante notícia seja o mesmo de sempre: pedir aos contribuintes que paguem mais impostos. Aumente-se as receitas (mais fáceis e rápidas de obter), porque as despesas são sagradas (muito díficeis de baixar, face à falta de coragem política de afrontar os clientes da mesma).
Aguardo para saber se o ministro das finanças tem algum projecto de medicina alternativa.

Constituição Europeia

O EUABC disponibliza uma versão anotada do projecto constitucional europeu. Por enquanto ainda não há vesão portuguesa mas eles prometem-na para breve.

Coisas que nos dão cabo do dia #1

Ter um vizinho que acorda ao som dos Santa Maria.

12.5.05

Pela defensabilidade "em abstracto" do comunismo

É preocupante ver como há quem, realmente, não tenha aprendido nada e debite pérolas destas aparentando estar firmemente convencido do que escreve:

É verdade que são duas doutrinas erradas, intrinsecamente erradas, com uma diferença fundamental - Se o comunismo é errado, mas "defensável" em abstracto, a execução no terreno foi o que foi..., já o nazismo não tem ponta, seja qual for, por onde se pegue, e isto não tem rigorosamente nada a ver com distinções ou similiritudes entre racismo e lutas de classe.

É caso para dizer que o Manuel "não aprendeu nada porque não percebeu nada". Por causa deste e de muitos outros "Manuéis", certamente cheios de piedosas intenções, talvez seja mesmo inevitável que os horrores do passado recente, mais cedo ou mais tarde, se repitam.

O deficit é amigo

O défice é um instrumento necessário e fundamental para garantir o crescimento económico pela vias da competitividade nacional. Se se pretende no imediato outra coisa, não contem connosco.
Assim se pronunciou Alberto Martins, líder do grupo parlamentar do PS: nada como expandir os gastos públicos para aumentar a competitividade.
À atenção do ministro das finanças, que se afirmou pela redução da despesa.

Ora aí está

Chegou-me hoje este e-mail.

(…)
"A democracy cannot exist as a permanent form of government. It can only exist until the voters discover that they can vote themselves largess from the public treasury. From that time on the majority always votes for the candidates promising the most benefits from the public treasury, with the results that a democracy always collapses over loose fiscal policy, always followed by a dictatorship.
The average age of the world's great civilizations has been 200 years. These nations have progressed through this sequence:
from bondage to spiritual faith;
from spiritual faith to great courage;
from courage to liberty;
from liberty to abundance;
from abundance to selfishness;
from selfishness to complacency;
from complacency to apathy;
from apathy to dependency;
from dependency back again to bondage."
--Sir Alex Fraser Tytler (1742-1813) Scottish jurist and historian



Since most great economic movements are driven by a relatively small portion of any society (even though most participate in the endeavor), I suspect that the apathy of some is enabled by the abundance generated by others and occurs in concert with the “abundance” phase of this quote.
This apathy turns into “selfishness” (by my definition it is those who want something for nothing that make “selfish” a negative term. Those who take care of themselves and their families are selfish, too, but that is a good thing. Their selfish tendencies will often include charity, as that makes many people happy. It is their selfish need to be happy that drives their generosity/charity. I do not think that is these people who are described by the word “selfishness” in the above quote).
It is those who vote for their share of the abundance who never realize that you cannot force productivity/abundance. They take the abundance for granted and expect it to continue whether the producers like it or not.
T. Finney

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Patinhas e atletismo

Há alturas em que sofro um bloqueio mental auto-induzido que me impede de tecer considerações adicionais. Esta, com origem no meu amigo RAF, é uma delas.

Direita Goldwater

Percebo pouco de fundações e think-tanks, mas acho engraçado que não se compreenda que o "momento Reagan" começou, precisamente, no suposto "arqui-conservadorismo" do "momento Goldwater" (quem perceber a que me estou a referir, percebe, quem não perceber, paciência...).

Quanto ao acesso da esquerda a "facilidades", acho que é preciso um certo despudor para escrever isto quando a larga maioria das universidades e dos media são controlados pela ... esquerda (e em muitos casos mesmo pela extrema-esquerda). Convém aliás lembrar que, estranhamente ou talvez não, muitos dos tais "capitalistas" sempre tiveram uma forte inclinação a subsidiar fortemente a esquerda...

1.000.000 de pageviews

Parabéns blasfemos!

Cúmulo da elasticidade

Ouvido na TSF - Rádio Bagdad a propósito de problemas no trânsito.

"...no Porto, acidente na ponte do Rio Leça em Viana do Castelo."
dois minutos depois
"Repito, no Porto, acidente na ponte do Rio Leça em Viana do Castelo."


Proposta alternativa "...em Lisboa, acidente na ponte do Rio Minho em Vila Real de Sto António."

Hayek em Cannes

Formação?

Duas notícias no Público que estão de algum modo ligadas:

Portugal afunda-se no índice de competitividade

Como aplicar feng shui na sala de aula


De acordo com a primeira notícia, um dos itens em que Portugal está pior classificado é na formação contínua da mão-de-obra, em 59º lugar.

A segunda respeita ao encontro sobre temas alternativos para professores, já citados em vários blogues como por exemplo neste. No fim da notícia vem escrito isto:

Para participar no encontro, os professores tiveram que pedir dispensa nas escolas ao abrigo de um normativo que lhes permite fazê-lo. Uma das próximas actividades vai decorrer já no início de Junho, uma quinta-feira à tarde, um passeio no Tejo. “Tem de ser assim, porque se for ao fim-de-semana os professores não vêm"



Ora para lá da duvidosa classificação de formação destas iniciativas da organização Pró-Ordem de Professores, esta frase da sua responsável demonstra bem que a responsabilidade da falta de formação contínua está também do lado dos hipotéticos formandos. São poucas as pessoas que consideram a formação uma mais valia profissional dispondo-se a frequentar cursos fora do horário normal de funcionamento, mesmo que isso lhes traga vantagens profissionais. Considerando ainda que os hábitos normais de trabalho dos portugueses são peculiares, incluindo o café a meio da manhã e o lanche a meio da tarde, sabendo também que a organização não é das melhores, não é fácil, especialmente para as pequenas empresas abdicar de horas de um empregado e arcar com custos extraordinários mesmo que isso lhes traga vantagens a prazo.

Errata

Onde se

Pode citar Hayek e mandar os outros lerem o Oaekshott
Deve ler-se:
Pode ler Margarida Rebelo Pinto e mandar os outros lerem o Hayek
.

As razões de Estaline 2

No seguimento deste meu texto sobre Estaline e as suas razões para a entrada da URSS na guerra contra o nazismo, foram feitos vários comentários que desde já agradeço.

Esta é uma daquelas situações na História que deverá ser dissecada até ao mais pequeno pormenor. Pretenderia Estaline subjugar a Europa de Leste ainda antes de 1939 ou a oportunidade surgiu depois, quando venceu a Guerra?

Não sou historiador, mas uma análise dos factos (o pacto germano-soviético de divisão da Polónia e a invasão da Finlândia pela URSS em Novembro de 1939) leva-me a concluir que o líder soviético sempre teve em mente invadir o leste europeu logo e na medida do possível.

O que levou o Estaline a combater Hitler foi só, e tão só, o ataque que este lhe fez no início do Verão de ’41. Caso Hitler não invadisse a Rússia, Estaline manteria parte da Polónia, os países do Báltico e a Finlândia, enquanto todo o ocidente europeu ficaria sob o jugo nazi. Este jogo político espantou a Europa de então que julgava serem o comunismo e o nazismo ideologias bastante distintas. Não esquecer ter sido Hayek quem, em apenas 1944 no seu ‘Road to Serfdom‘ – criando bastante controvérsia nas elites intelectuais de então - disse pela primeira vez terem, aquelas duas ideologias, idênticas atitudes intelectuais e filosóficas. A Europa levou tempo a perceber e a acreditar o que guiava Estaline. Levou tempo a perceber ser ele feito da mesma massa do ditador alemão.

Agora julgo não existirem muitas dúvidas quanto a esta semelhança. Por esta razão me espanta falar-se da libertação da Europa pela URSS. Em 9 de Maio de 1945 a segunda grande guerra terminou, o nazismo foi derrotado, mas apenas a metade ocidental da Europa teve condições de se reconstruir e seguir em frente. Ora, essa metade ocidental foi a libertada pelos EUA e pelo Reino Unido. Na minha opinião este facto não terá sido uma coincidência, mas fruto da superioridade abissal da democracia liberal face ao comunismo.

Tax Freedom Day

O GANEC da UNL em associação com o Activo Banco 7 publicaram o estudo sobre o Tax Freedom Day para Portugal [TFD], na versão nacional "Dia de Libertação dos Impostos".

Para quem não sabe o TFD "indica o dia a partir do qual um indivíduo representativo já ganhou o rendimento suficiente para cumprir as suas obrigações fiscais". Segundo o mesmo estudo, Para Portugal esse dia é 15 de Maio. Isto é, apenas começaremos a "trabalhar para nós" a partir do próximo Sábado. Nos últimos 5 anos o TFD tem variado entre o dia 13 (2001) e o dia 18 (2004) de Maio.

Na página 6 é apresentado um gráfico comparativo da situação em vários países de UE e com os EUA. Estamos muito melhor que na Suécia (onde o TFD apenas ocorre a 4 de Julho) e ligeiramente melhor que a média da UE pré-alargamento (30 de Maio). Estamos pior que a Irlanda (24 de Abril) e os EUA (4 de Abril). Significativamente, estes últimos países têm Economias bem mais saudáveis que Portugal e o restante da UE.

No mesmo estudo o GANEC calcula outro indicador para medir o peso do Estado no rendimento nacional. O TFD mede o peso da receita fiscal no PIB. Ora como se sabes o Estado tem outras formas de financiamento (emissão monetária, emissão de dívida pública ou receitas patrimoniais). Os dois primeiros também são impostos embora funcionem de forma diferida (ie o seu efeito não se sente de imediato). Para obviar a este problema o Dia de Libertação do Sector Público (DLSP) usa a despesa e não a receita para calcular o mesmo indicador. Os resultado são bastante diferentes e apresentam uma evolução distinta e bem mais preocupante (pag 8).

O DLSP de 2000 a 2004 não para de crescer. De 14 de Junho (2000) a 25 de Junho (2004)., apenas em 2005 se prevê uma redução do DLSP par 21 de Junho. O forte crescimento do DLSP é justificado com o "forte crescimento da despesa em pensões".

Outro indicador interesse seria medir não apenas a despesa actual como das obrigações diferidas (as responsabilidades com os sistemas de segurança social). Presumo que, para esse, 365 dias não bastassem...

Ministro quer reduzir despesa pública

Na TSF

O ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha, quer reduzir a despesa pública em quatro mil milhões de euros até final da legislatura

(...)

Na sua intervenção, o titular da pasta das Finanças disse ainda que o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) que o Governo está a preparar vai ser um pacote de medidas calendarizadas e com objectivos quantificados.


Sublinho que foi da poucas vezes (ou talvez a única) que um ministro afirmou pretender reduzir a despesa pública e não, apenas, o défice. Boa sorte.

11.5.05

%&\#$ que os pariu

Um desabafo de LAC sobre o Sistema Nacional de Saúde. É vulgar só percebemos as falhas do monopólio estatal na saúde quando dele realmente necessitamos. Infelizmente, por vezes é tarde demais.

E agora a Lear

O Secretário-Geral da CGTP acha que a Lear se prepara para deslocalizar as fábricas que ainda possui em Portugal (o que provávelmente é verdade). Vai daí resolveu exigir a intervenção do "ministro da Economia e secretários de Estado, (...) e [d]o ministro do Trabalho" para obrigar a ficar por cá.

Desconheço quais os meios que Carvalho da Silva tenciona exigir ao Governo. Não sei se pretende que as unidades sejam cercadas por unidades da polícia ou do Exército (o que obrigava à intervenção dos ministros da administração interna e/ou da defesa), se pretende que o Dr Sá Fernandes interponha uma acção no tribunal (o que implicava pedir um favor ao Dr Louçã) ou se o plano apenas exige a colocação de umas estacas que prendem bem as fábricas ao solo luso.

O que sei é que a deslocalização de empresas não se evita com estas acções sindicais nem com legislação mais restritiva. A verdadeira solução passa por liberalização o mercado de trabalho, reduzir a carga fiscal e eliminar a burocracia que dificulta a criação e a liquidação de empresas. Mas estas medidas são liminarmente rejeitadas pela CGTP (e não só...) que as apelida (na melhor das hipóteses) de "neo-liberais". Prefere as "jornadas de luta" e as "acções de protesto". Com o sucesso que se sabe...

Clemência!

O famoso Ivo Ferreira foi libertado, após detenção nos EAU (não confundir com EUA) por se ter esquecido de deitar o resto de um charro sanita abaixo.

Agora, é altura de não deixar cair esta corrente de pedidos de clemência. Associo-me ao Jaquinzinhos no pedido de ajuda a outro ilustre lusitano em dificuldades. Para além deste, sugiro ainda outro recipiente desta corrente, quiçá torrente, de solidariedade clemente: é que um outro português foi detido, desta vez no Chipre, por ter consigo quatro quilos de um pó que o amigo que lho deu, jurou ser um detergente para a louça de porcelana, que os amigos tinham encomendado quando souberam da sua viagem. Não conhecedoras da dificuldade que é encontrar em Portugal bons detergentes em pó para porcelana fina, os cipriotas pretendem julgá-lo. Para cúmulo, dizem que era cocaína - como é possível tal confusão?!?
Ao menos a nossa embaixada em Atenas (noutro país da UE, que não Chipre) já está a acompanhar o caso.

A taxa única única de imposto

Durante a conferência "Portugal em Exame" António Borges e Miguel Cadilhe defenderam (embora por razões diferentes) a adopção de uma taxa única nos impostos. Embora o valor proposto por Borges (30%) me pareça excessivo - a razão avançada é o "equilíbrio das contas públicas" não a redução do peso do Estado - é bom sinal que o assunto apareça frequentemente referido nos media.

Nota: A este propósito leiam diversos posts do Carlos Novais no Blog da Causa Liberal.

Os gafanhotos

Franz Müntefering, o último de uma linhagem de críticos do capitalismo

Franz Müntefering, o presidente do partido governamental da Alemanha, o SPD, criticou os investidores estrangeiros (DW):

he accused international investors of being "capitalist locusts" who chew up companies and spit them out again.
A crítica teve, dertamente, origem na necessidade de apelar ao voto dos tradicionais eleitores do SPD tendo em conta que correm o risco de perder eleições estaduais que se aproximam. No entanto, deu-se origem a um debate sobre o papel do capitalismo no actual estado da economia alemã (DW):
His criticisms caused an uproar from politicians and the media, and started an intense debate about whether profit-oriented companies and globalization are at fault for Germany's own plague: frighteningly high unemployment.
Do outro lado do debate estão os que apontam o exemplo das economias que há mais tempo implementaram reformas liberalizando a economia, como em Inglaterra sobre a direcção de Margaret Thatcher.

Nós rejeitamos este mundo!

É impressão minha ou este texto é quase assustador?

Marcha Mundial das Mulheres 2005

CARTA MUNDIAL DAS MULHERES PARA A HUMANIDADE

Preâmbulo

Nós, as mulheres, marchamos há muito tempo para denunciar e exigir o fim da opressão que vivemos por sermos mulheres, para dizer que a dominação, a exploração, o egoísmo e a procura desenfreada do lucro que levam às injustiças, às guerras, às conquistas e às violências devem terminar.###

Das nossas lutas feministas e das que as nossas antepassadas protagonizaram em todos os continentes, nasceram novos espaços de liberdade, para nós, para as nossas filhas, para os nossos filhos e para as nossas netas e netos, que, depois de nós, caminharão sobre a terra .

Nós construímos um mundo onde a diversidade é uma virtude e onde tanto a individualidade quanto a colectividade são fontes de riqueza; onde as trocas flúem sem barreiras; onde as palavras, os cantos e os sonhos florescem . Este mundo considera a pessoa humana como uma das riquezas mais preciosas. Neste mundo reina a igualdade, a liberdade, a solidariedade, a justiça e a paz.Nós temos a força para criar este mundo.

Somos mais de metade da humanidade. Damos a vida, trabalhamos, amamos, criamos, militamos, divertimo-nos . Nós asseguramos actualmente a maioria das tarefas essenciais à vida e à continuidade da Humanidade. No entanto, o nosso lugar na sociedade continua subvalorizado.

A Marcha Mundial das Mulheres, da qual fazemos parte, identifica o patriarcado como o sistema de opressão das mulheres e o capitalismo como o sistema de exploração de uma imensa maioria de mulheres e homens por uma minoria.

Estes sistemas reforçam-se mutuamente. Eles fundamentam-se e articulam-se com o racismo, o sexismo, a misoginia, a xenofobia, a homofobia, o colonialismo, o imperialismo, a escravatura e o trabalho forçado. Eles legitimam os fundamentalismos e os integrismos que impedem as mulheres e os homens de serem livres. Eles geram a pobreza e a exclusão, violam os direitos dos seres humanos, em particular os das mulheres, e colocam a humanidade e o planeta em perigo.

Nós rejeitamos este mundo!

Erros de análise

Afirmar que um liberal não tem escrúpulos, nem preocupações sociais, é cair no mesmo erro daqueles que acreditavam serem os comunistas os únicos defensores dos trabalhadores e os fascistas/nacionalistas da pátria.

Obrigado Lutz?

Por esta "lógica", o Lutz devia agradecer ao Estaline (se calhar até agradece) por ter escravizado e usado como carne para canhão milhões de russos.

Creio que se há alguém que merece o agradecimento dos neo-nazis nesta história, esse alguém é precisamente o Lutz. Asneiras grosseiras e tão facilmente desmontáveis como esta dão certamente um enorme contributo nos esforços de recrutamento para movimentos neo-nazis.

Leitura recomendada

O triunfo do irracionalismo por João Miranda na Blasfémia.

Afinal não

Afinal Manuel Alegre afirmou que não está disponível para se candidatar a PR nas (mistério!!) "presentes circunstâncias".

O caso começa a estar mau para o PS. Nem um candidato para perder consegue...

Influências

Os doze livros e doze artigos que mais influênciaram Don Boudreaux (Professor na George Mason University e colaborador no Cafe Hayek).

10.5.05

O planeta não lê manifestos ecologistas

Conclusões de dois estudos publicados na revista Science:

Reductions in industrial emissions in many countries, along with the use of particulate filters for car exhausts and smoke stacks, seem to have reduced the amount of dirt in the atmosphere and made the sky more transparent.

That sounds like very good news. But the researchers say that more solar energy arriving on the ground will also make the surface warmer, and this may add to the problems of global warming. More sunlight will also have knock-on effects on cloud cover, winds, rainfall and air temperature that are difficult to predict.

(link via Greenie Watch)
Um "benefício" do ar mais limpo: aquecimento do planeta. Aguardo protesto dos ambientalistas junto das empresas que investiram milhões de euros em equipamentos "ecológicos"...

Edmund Burke

Um link de interesse para todos os burkeanos (não me incluo em tão distinto grupo, mas tenho simpatia pela facção liberal e por parte da facção conservadora): Edmund Burke, uma louvável iniciativa do Corcunda (um não liberal cujo anti-liberalismo está, apesar das muitas diferenças que nos separam, bastante mais próximo do liberalismo clássico do que o suposto liberalismo de muitos auto-proclamados liberais).

Peço desde já desculpa ao Rodrigo Moita de Deus por fazer mais uma referência a um autor que escrevia livros sem figuras.

Dúvidas morais

João Proença (secretário-geral da UGT), contestou o actual regime de contribuições reduzidas(via Portugal Diário):

"É imoral que sejam os trabalhadores no activo que hoje estão a descontar para terem direito às prestações familiares e à pensão que estejam a pagar as contribuições reduzidas de outros", criticou.

O secretário-geral da UGT afirmou que, "se o Estado declara socialmente necessário que haja prestações reduzidas para alguns trabalhadores", então deve ser ele a suportar os seus custos, "por via dos impostos".
Não são, de forma geral, os trabalhadores no activo que suportam as contribuições de quem nunca contribuiu de forma proporcional às prestações que recebe ou ao custo dos serviços públicos de segurança social? Há ou não uma factura que é passada à geração seguinte pela actual organização da segurança social?
Será que João Proença também considera que o adjectivo "imoral" se aplica aqui?

Considera o sindicalista que aumentar impostos não é a mesma coisa que aumentar a contribuição retirada aos rendimentos mensais sobre a designação de contribuições para a segurança social? Não é verdade que ao dar benefícios fiscais (menores contribuições) a certos grupos, o estado se empenha na sua acção de redestribuidor da riqueza, defendida pelo partido e pela associação sindical de João Proença?
Afinal, de que se queixa? De que o estado falha globalmente nessa função de uma forma geral ou só que não beneficia suficientemente quem o sindicalista favorece?

Uma campanha alegre

O Bloguítica publicou dois (numa série de três) posts sobre a eventual candidatura de Manuel Alegre à Presidência.

No primeiro considera, quanto a mim acuradamente, que Alegre poderá ter um melhor resultado que António Guterres. O primeiro conseguirá com maior probabilidade o apoio do BE e do PCP. O segundo tendo, à priori, maior capacidade de atrair o voto do "centro" político não conseguiu ainda sacudir a péssima imagem do seu segundo mandato como PM.

No segundo post o Paulo vai um pouco mais longe e diz Alegre poderá inclusivamente ganhar a Cavaco Silva.

É neste ponto que o Paulo falha redondamente. A capacidade de atracção de Alegre é tendencialmente nula ao centro e o apoio da extrema-esquerda poderá inclusivamente ser contraproducente na captação deste eleitorado.

As vitórias de Guterres, Sócrates e Soares deveram-se ao seu "centrismo" e não ao seu "esquerdismo". Apenas se acreditarmos que a população portuguesa é capaz de inflexões ideológicas de três em três anos somos capazes de acreditar que em Fevereiro Portugal virou à esquerda quando há poucos anos tinha virado à direita. É ainda sintomático que ao mesmo tempo que as intenções de voto davam a vitória ao PS e indiciavam o catastrófico resultado do PSD, Cavaco Silva tenha tido sempre excelentes resultados nas sondagens.

Uma campanha ideológica de Manuel Alegre tenderá a evidenciar o seu esquerdismo o que lhe será extremamente prejudicial.

Como última nota confesso não perceber qual o perigo da "colagem do CDS a Cavaco Silva". Se Cavaco se conseguiu distanciar (quanto a mim cinicamente) do PSD e principalmente de Santana Lopes não vislumbro qual o problema de um apoio expresso da direcção de Ribeiro e Castro.

Aguardo a terceira parte.

The Flawed Fast Food Tax

Artigo de Jordan Ballor no Acton Institute.

But in this case, it is worth asking which is more gluttonous: the fast food consumers who order combo meals, or the governments, which constantly seek new ways to feed their own insatiable appetites. It’s a shame that those who so often lament governmental attempts to “legislate morality” don’t find anything wrong with the arbitrary taxation of certain legitimate industries and commodities.

In addition, the state’s interest in promoting healthy behavior quickly becomes contradictory when sin taxes are introduced. If such activities really are so harmful, government should not have an economic stake in the continuance of such activities. Indeed, government budgets, in seeking the short-term crutch of sin taxes, can quickly become dependent on them for long-term viability.

(...)

As a rule, governments should not seek quick and temporary fixes to structural budget problems. Sin taxes like the fast food tax are quick fixes that would have serious economic and moral consequences. Government leaders really ought to address their own appetite for spending tax dollars before they try to regulate the appetites of their constituents.

E não se pode suspender o tipo?

"Sá Fernandes pede suspensão das culturas de milho transgénico.

Leitura recomendada

A ler no Die Welt, um texto sobre Ludwig Erhard ("Dicke mit der Zigarre"), um dos construtores do modelo social da economia de mercado da Alemanha pós segunda guerra mundial e um dos participantes no encontro inicial da Mont Pelerin Society.

Esse modelo económico tem sido criticado como estando na origem dos actuais problemas da economia (e da sociedade) alemã:

The "social market economy" of Ludwig Erhard's Germany has failed. Sixty years after its inception, the economic system that led West Germany out of the pestilence and destruction of wartime planning has finally revealed the inherent weakness of its foundation. It failed because a Bismarckian welfare state cannot be fused with capitalist market order.
O aviso veio do próprio Erhard, que afirmou que o estado não pode distribuir ao seus cidadãos mais do que aquilo que antes lhes retira, descontando ainda os custos da burocracia necessária ao estado providência.

Leitura Recomendada

"Relativismo e Ética Liberal" de Rui A. no Blasfémias.

Valha-nos Deus

É bom saber que a direita social-democrata de tendência democrata-cristã tem referências sólidas. Pelo menos tão sólidas quanto as da esquerda social-democrata de tendência liberal-keynesiana. O pluralismo é uma coisa muito bonita.

Re: A questão do financiamento

Pela minha parte, declaro-me disponível para aceitar patrocínios (mas não para vender os meus discos...), mesmo que não tão generosos como aqueles de que beneficiam os bloquistas. Em alternativa, também me declaro disponível para aceitar uma coluna no DN, desde que o padrão esperado de qualidade dos artigos seja o mesmo que se pode constatar nos seus inémeros colunistas progressistas.

Enquanto tal não acontece, teremos de nos ficar pela CIA e pela Mossad. Não se pode ter tudo.

As razões de Estaline

Por mais que leia sobre o assunto, nunca percebi o que levou Estaline a virar-se contra Hitler. Se a traição por este cometida ou o facto de o líder soviético ter percebido que as contas de divisão do leste europeu lhe tinham saído furadas.

Um dado é certo, não foi a monstruosidade de Hitler que terá levado Estaline a invadir a Europa. Por serem feitos da mesma massa, Estaline terá sido o primeiro a compreender o chanceler alemão e viu nele a oportunidade de finalmente levar a Rússia para o centro da Europa, fazendo fronteira com a Alemanha. O que Estaline não esperava era a reacção apaixonada (e algo louca) de Hitler. Estaline, que era frio e racional, deve ter encarado o ataque alemão à Rússia não apenas como uma traição, mas também uma aventura que o ia obrigar a esforçar-se mais pelo objectivo a que se proponha: Subjugar o Leste da Europa. Em vez de o conseguir em 1940, teve de esperar até ao final da década.

Morreram mais soldados soviéticos que aliados. Ninguém nega essa evidência. Sucede que, enquanto os últimos libertavam, os primeiros morriam devido aos erros de cálculo de Estaline (que se aliou a Hitler) e à vontade imperial do regime soviético em se expandir e esmagar a Europa.

Será isto libertar?

O modelo europeu

Uma breve leitura da imprensa francesa dá-nos uma boa ideia sobre a visão que a França (tanto os que votam a favor como contra) tem da Europa.

Apenas para exemplificar, podemos ler no L'Express a opinião que o presidente da Schneider Electric tem da Europa.

Saliento o segundo parágrafo:

L'Europe est une idée française qui a été portée par ses pères fondateurs, Jean Monnet et Robert Schuman. La Constitution a largement été inspirée par la France. Elle porte en elle le modèle français. Elle marque une étape fondamentale dans la construction européenne. Nous devons nous en réjouir.


Sou a favor da Europa, mas de uma Europa plural, não a seguir o modelo de um único país.

O medo holandês

Os holandeses também.

Trente-sept pour cent des électeurs néerlandais qui comptent prendre part au référendum du 1er juin sur le traité constitutionnel européen ont l'intention de voter "non", 22% comptent voter "oui" et 41% sont indécis, selon un sondage rendu public vendredi 6 mai.


Mais leitura no Nouvel Observateur.

A escolha é entre Bruxelas e o holocausto

A Comissária Margot Wallstrom afirmou que a recusa em aprovar o projecto constitucional europeu significará um "regresso aos horrores nazis dos anos 30 e 40".

[via Johan Norberg]

Constituição europeia

A luta continua renhida em França. O "Sim", apesar de uma descida no últimos dias, voltou a liderar as intenções de voto embora marginalmente. Com 14% de indecisos e 19 dias ainda tudo pode acontecer.



A questão do financiamento

No seguimento de uma solicitação irrecusável de uma acólita do Grande Defensor da Democracia Portuguesa (GDDP) (para a qual fui oportunamente alertado) passo a divulgar as fontes (e o respectivo peso no orçamento) de financiamento d'O Insurgente - bloggers fascistas reunidos, Lda

  • receita da venda de autocolantes para o vidro do carro "vai chamar fascista à tua mãe" (c) : 30%
  • receita obtidas com o estacionamento de veiculos (extorsão): 25%
  • CIA: 20%
  • Mossad: 20%
  • receita da venda dos discos do AAA: 5%
  • 9.5.05

    Uma questão de (in)competência

    Via Impertinências, Jorge Bleck em entrevista ao Semanário Económico (link directo não disponível):

    Repare que em 2001 Portugal tinha mais de 40% de juizes que Espanha ou França. Tinha três vezes o número de juizes do Reino Unido. Só para lhe dar uma ideia. Em termos de tribunais por 100.000 habitantes Portugal tem um índice de 3,2, em Espanha o índice é de 1,3, e em França é de 0,8. Quer melhores indicadores de que não é preciso mais dinheiro para a Justiça? Isto é como o problema da saúde. Não é preciso mais dinheiro, nem para a saúde, nem para a educação. Há nesses sectores recursos a mais, eles estão é mal geridos. E esta é que é a questão fundamental. Um gestor para a justiça já. É um erro continuar com a ideia que o ministro da Justiça tem que ser um advogado ou um magistrado.
    O actual ministro da Justiça, Alberto Costa, é advogado/político...

    E tu?



    Quantos livros tens em casa?

    Suspense

    «Recebemos a informação de que a Rússia irá apoiar a candidatura de António Guterres a ACNUR», declarou José Sócrates
    Estas palavras do nosso PM, e os seus contactos em Moscovo, demonstram que se tem empenhado na escolha do líder da Internacional Socialista para aquele cargo. Mesmo não vencendo o processo de selecção e recrutamento da ONU (que funciona à base de cunhas, como se vê - os outros candidatos farão o mesmo de certeza), Guterres pode optar por não tentar a sorte contra Cavaco, dados os resultados das sondagens, embora este também ainda não se decidisse. Será que Cavaco Silva também está à espera da conclusão deste processo de recrutamento?
    Outra hipótese, é que Guterres esteja a construir um currículo do que "poderia ter sido" (mas não foi) e que pretenda com esse currículo valorizar-se aos olhos dos portugueses, de modo a melhor se posicionar face a Cavaco.

    Os cenários da nomeação de Guterres para ACNUR ou da sua decisão de não se candidatar, podem dar origem a uma disputa interna no PS entre os veteranos mais à esquerda e os que maioritariamente apoiaram Sócrates nas directas. Manuel Alegre pode considerar que a manutenção do estado socialista está em causa com as derivas sociais democratas de Sócrates e decidir afirmar-se como candidato. Do lado maioritário, pode haver a vontade de empurrar Vitorino para que se decida a concretizar, de uma vez por todas, as potencialidades que sempre lhe são reconhecidas.

    Lá como cá

    Carta de um leitor da Economist.

    SIR – In India, we have a progressive tax system and a multiplicity of exemptions that distort taxpayers' behaviour the same as elsewhere. However, our system is counter-productive as it also teaches people to avoid and evade taxes and encourages a whole range of activities by taxpayers and taxmen that includes corruption, harassment, intimidation and downright fraud. The last decade has seen the abolition of wealth tax, estate duty and gift tax and a consolidation of tax rates with no adverse effect on tax revenues. Bureaucratic re-engineering of the economy through multiple tax rates is a foolish hope, which is slow in fading. A flat rate for income tax, VAT, customs duty and excise duty would eliminate corruption, encourage compliance, make for better revenues and improve governance.
    Gautman Pingle
    Hyderabad, India

    Atrasados mas sinceros

    Os meus parabéns ao Mar Salgado pelo segundo aniversário.

    Leitura recomendada

    "Europa o fim do embuste" de J.M.M. Cabral no Diário de notícias

    A Europa conseguiu mesmo mobilizar para o financiamento da expansão do seu modelo social uma maior proporção dos seus impostos do que noutras circunstâncias lhe seria possível, graças à protecção estratégica que lhe foi assegurada pelo escudo nuclear e pela capacidade militar norte-americana, nomeadamente durante a Guerra Fria e a ameaça soviética. Daí o interessante paradoxo de terem sido as opções políticas dos EUA - que os europeus normalmente contestam e cujo modelo social, mais individualista e menos dependente do Estado, consideram normalmente inferior - e os seus impostos aplicados na defesa militar do Ocidente, a favorecerem uma maior abrangência do MSE que, por sua vez, os EUA criticam e consideram moralmente errado... É assim que a despesa pública na Europa Ocidental foi crescendo de 30% do PIB no início dos anos 60 (27% nos EUA), acelera para 45% na década de 80 (31% nos EUA) e está na casa dos 50% (33% nos EUA)... "A despesa pública europeia não foi nem é "virtuosa" e criou um mundo de ilusões cuja factura cresce exponencialmente! A Europa continental tornou-se um monstro de direitos sociais e de corporações de interesses. A desresponsabilização, crescente e colectiva.

    Foi na Europa que se gerou, e em Portugal de uma forma mais acelerada, o conjunto de ilusões que nenhum líder europeu quer alertar ou confrontar os seus citoyens para o seu fim próximo! Muito antes da China, do alargamento a Leste, já a Europa e Portugal viviam com produtividades muito inferiores a um mundo em globalização crescente. Sempre olhei para a pompa e circunstância do Tratado Constitucional Europeu como mais um exercício de retórica e de fuga em frente e que, principalmente, produziu um monstro jurídico onde a incompetência e incapacidade dos Estados em tratar os seus verdadeiros problemas se transferisse para a política externa, na procura do "inimigo" que servisse ao embuste que estava em jogo. Convenientemente surgiu a Administração Bush.

    Que a história não se repita (ainda vamos a tempo)

    Quando ouço o Dr. Francisco Louçã afirmar que o seu Bloco é o único partido da democracia do século XXI, dou comigo a recordar o que os comunistas e fascistas disseram durante todo o século XX.

    Dissolução

    Pelas muitas reacções intempestivas e absurdas a este post do João Miranda (O contributo dos soldados nazis para a democracia), resta-me concluir que a moral da história é a seguinte: na democracia pluralista em que vivemos, ser "anti-fascista" é altamente recomendável (mesmo que se seja partidário dos regimes que mais carnificina e sofrimento geraram na história da humanidade) enquanto que duvidar da bondade do Exército Vermelho e do comunismo (que, bem vistas as coisas, se limitou a escravizar metade da Europa durante escassas décadas) é suspeito e mesmo perigoso.

    O mais curioso é que nenhuma das referidas reacções põs em causa a substância do post, pela simples razão de que tudo o que lá está escrito é rigorosamente verdade.

    Sinais dos tempos...

    Ornitorrico - O Insurgente esclarece

    Calma Miss Pearls! O estranho caso do "liberal-keynesianismo" encontra-se contraditado aqui pelo blasfemo João Miranda.

    Notas:
    (1) Quem me tornar a chamar straussiano vai ter de responder em tribunal.
    (2) Sou 85% hayekiano; 65% nozickiano e 30% lockeano (não, pode parecer que a soma está errada mas não está). Não sou misesiano porque ainda não tive coragem para ler o "Human Action". Estou à espera que o AAA me faça um resumo.

    Os méritos dos comércio "justo".



    [via Liberal Order]

    Ornitorrinco

    Depois dos liberais-keynesianos também já temos os democratas-trotskystas.

    "(...) este é o único partido da democracia do século XXI"
    Declarações do Grande Defensor da Democracia Portuguesa.

    Relembrar o Exército Vermelho

    O contributo dos soldados nazis para a democracia

    8.5.05

    In Utero

    Para ajudar ao meu dilema descrito no post anterior, vai agora começar no canal de televisão National Geographic o documentário "Vida no Ventre" ("In the Womb"), no qual é mostrado o desenvolvimento do feto através de imagens computadorizadas a partir de "ecografias a 4 dimensões". Link via o blog Catacumbas.

    Outros horários de emissão:
    10 de Maio (terça-feira) - 21:00
    11 de Maio (quarta-feira) - 02:00

    De parasita a ser humano

    Directamente do dicionário:

    Parasita: organismo que vive à custa de outro (o hospedeiro)

    Humano: o género humano
    Do debate político sobre o descriminalização da prática de Aborto (ou o eufemismo Interrupção Voluntária da Gravidez) a única coisa que ouço dos seus defensores - principalmente de bloquistas e comunistas - é que se trata da mulher ter direito ao seu próprio corpo. Do outro lado, mencionam apenas que é necessário proteger a vida humana. Muita retórica. Pouca informação.

    10 semanas, 12, 16. Chutam números esperando que, a todo o momento, alguém grite "Bingo". Discutem semanas sem, no entanto, tocar na questão essencial: quando é que um feto no útero da mulher passa do estatuto de "parasita" a "ser humano"? É este horizonte temporal que, uma vez ultrapassado, concede ao feto o direito à vida.

    No campo pró-vida diz-se que a vida humana deve ser protegida desde o momento da concepção. O Estado, ao autorizar a venda da pílula do dia seguinte, discorda. Logo, presentemente, a lei portuguesa define que o feto humano deixa de ser um parasita no corpo da mulher a partir do segundo dia de gestação.

    Parte da população (vamos esperar pelo referendo para quantificar) defende que 1 dia é pouco. Querem que o Estado alargue o prazo para 3 a 4 meses. Porque não 7 ou 8 meses? Não sei. E, a julgar pela estratégia de comunicação dos políticos pró-aborto, nunca saberei.

    Assim, quando tiver de votar em referendo sobre a questão, terei de escolher o lado dos que não têm voz para se defenderem: o meu voto é NÃO à descriminalização da prática do Aborto. Porém, um cidadão informado decide (e vota) melhor. Espero que a blogosfera pró-aborto possa disponibilizar os factos que me façam mudar esta intenção de voto.

    Double standards

    Imagine-se o que não diria a nossa extrema-esquerda (assim como a nossa imprensa de referência) se uma qualquer manifestação "progressista" tivesse sido interrompida por acção de milhares de contra-manifestantes "anti-comunistas"...

    German neo-Nazi march stopped on WW2 anniversary

    A neo-Nazi march in Berlin was stopped by thousands of anti-fascist demonstrators Sunday after a tense standoff that overshadowed Germany's ceremonies marking the end of World War II in Europe 60 years ago.

    Parabéns, Fritz! (*)



    Hoje, comemora-se o 108ª aniversário do nascimento de F.A.Hayek.

    Para mais informações vejam o Hayek Links ou o Hayek Center.

    (*) Título escandalosamente roubado a um post de Bob Subrick.

    Re: Todd e Ayn Rand


    Estou certo de que o Todd deve ser uma pessoa muito interessante mas há algo que me deixa desconfortável na certeza absoluta dos objectivistas. A ideia de uma mente que é como um "sharp, focused laser beam" (uma descrição que me parece adequada no caso de Ayn Rand) é fascinante mas também algo assustadora. Fico satisfeito por Rand estar, politicamente falando, do lado certo, mas às vezes acho que isso é (pelo menos em parte) acidental.

    Enfim, mas também é verdade que sempre simpatizei mais com Hank Rearden do que com John Galt...

    Bloco move-se para o centro II

    Gil Garcia (GG), responsável pela Ruptura FER, partido fundador do Bloco de Esquerda (BE), em entrevista ao Expresso [conteúdo pago] (meu destaque):

    Expresso: O que representa a Ruptura FER?
    GG: É uma sensibilidade política dentro do BE, na área da esquerda revolucionária, e um dos seus partidos fundadores, tal como o PSR e a UDP.

    Expresso: Porque não tem então a mesma visibilidade?
    GG: A direcção do BE não quer expor que tem uma sensibilidade à esquerda no seu interior, o que revela algum défice democrático. Nós estamos sub-representados na Mesa Nacional, enquanto a ala direita é promovida a cargos nacionais.

    Expresso: Não é uma questão de falta de importância da FER?
    GG: Não. A sensibilidade de Miguel Portas, por exemplo, com excepção do apelido, não tinha mais importância que a minha. É por estratégia política que se privilegia o campo mais à direita do BE.
    Com o crescimento dos votos nos bloquistas aumentará, também, a luta pelo poder. Adivinha-se, a médio prazo, o desmantelamento do Bloco Soviético de Esquerda...