Interpretação autêntica... ou não?
Quando coloquei esta entrada não sabia que ela mereceria as honras das "invectivas" de um dos guardiães do templo da verdade unâmime e totalitária dos aquecimento global antropogénico. Para além destas duas entradas, já houve esta intervenção do André e uma tréplica do Filipe. Onde este já vai! E o objectivo da entrada original era tão modestizinho...
Para irmos por partes, comecemos pela questão do "tradutor", que o Filipe já tratou de explicar na sua tréplica. Independentemente desta explicação, a utilização desta palavra lembrou-me aqueles que para desvalorizarem o Mourinho chamavam-lhe sempre o "tradutor de Bobby Robson". E, não tendo nada que ver com a entrada original, isto faz-me pensar que se os professores pensam que têm o seu estatuto degradado, então como o terão os tradutores. Eu não acredito nisso, mas parece que o Filipe acredita que para se ser tradutor basta saber línguas (pelo menos duas) e que a competência do computador é exclusivamente linguística. Que erro enorme. Se assim fosse, nós os tradutores já há muito teríamos sido substituídos pelas máquinas. Seria uma espécia de transcodificação, como acontece quando se passa de um código para o outro, como quando se pega num texto escrito em alfabeto latino (por exemplo) e se transforme isto em sinais sonoros longos e curtos (código morse). Ora a tradução não é nada disto. Saber línguas é apenas uma condição necessária, mas não uma condição necessária e suficiente para se saber traduzir. Por haver muito gente a laborar neste erro, é que há muita gente que se acha capaz de traduzir e há tanta tradução de fraca qualidade.
Qualquer tradutor que ganhe a vida a traduzir sabe que tem que alargar imenso os seus conhecimentos em múltiplos domínios e, sobretudo, saber onde pode encontrar informação relevante para a tradução em questão.
Mas, isto é apenas um aspecto marginal à questão e a constatação de que há ideias feitas que são difíceis de irradicar.
De qualquer modo, não é por alguém se dizer que é tradutor, que se pode dizer que essa pessoa não tem formação académica nesta ou naquela área. Por acaso, ou não, não tenho qualquer formação académica em climatologia mas, também nem precisava de ter. Ou agora nos blogs, só se pode escrever sobre aquilo em que temos formação académica?
Por outro lado nem a minha entrada original pretendia ser um tratado científico sobre as chamadas "alterações climáticas" (já agora reparo que nessa entra há um erro: onde se lê "aquecimento tropical" deve ler-se "aquecimento global").
Não sei se este erro fez com que o Filipe compreendesse mal o que escrevi. Primeiro, o que eu vejo no meu texto é apenas uma constatação: o clima terrestre modifica-se, quer exista o homem, ou não. É simplista, sim (mas não mais do que os modelos do IPCC). Mais, embora não negue que o homem pode ter influência sobre o meio ambiente, duvido muito que o factor antropogénico seja a causa do "aquecimento global". Isto foi apenas isto que eu quis dizer.
Quanto às bases científicas, meu caro Filipe, a coisa é muito mais simples. Em tempos, ainda no tempo em se falava principalmente do buraco de ozono e do efeito de estufa, até quase acreditei na conversa. Mas, acontece que, interessando-me pelo assunto, comecei a ler sobre assunto, tanto pró como contra. Acabei por achar suspeita a teoria do "aquecimento global". Como qualquer ser inteligente, acabei por tirar conclusões. Certas? Erradas? Não sei... Sei que nem todos os cientistas embarcam nessa do "aquecimento global".
Agora, Filipe, as razões por que acha o meu texto fraco são absolutamente incompreensíveis. Eu não falei da existência do homem há 55 milhões dos anos, nem quero saber se aquelas condições se reproduzirão ou não. O meu ponto era mesmo dizer que o clima mudou no passado sem factores antropogénicos. E que, actualmente, pelo aquilo que li, é, no mínimo, especulativo falar em "aquecimento global" como sendo criado pelo homem. Só isto e nada mais.
Provavelmente, a verdadeira verdade inconveniente é esta...
por Rui Oliveira @ 6/03/2006 07:50:00 da tarde
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