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Manual do Perfeito Idiota Europeu
Já tem alguns anos o Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano (da autoria, entre outros, de Alvaro Vargas Llosa, filho de Mario, o escritor peruano). Nesse livro, faz-se a recensão das idiotices costumeiras do latino-americano, que consistem normalmente em culpar pelas suas desgraças a colonização europeia, a “colonização” americana, o capitalismo, a globalização, enfim, não vale a pena prosseguir a enumeração, toda a gente conhece a conversa. Mas talvez um livro que merecesse ser escrito fosse O Manual do Perfeito Idiota Europeu. Nem sequer custava muito. Tratava-se quase só de, em todo o livro, substituir latino-americano por europeu, e estava feito. A única coisa mais trabalhosa seria um ensaio introdutório onde se explicaria como a América Latina e os seus folclores (o folclore índio, o folclore socialista, o folclore populista, etc.) se transformaram numa espécie de horizonte onírico do perfeito idiota europeu.###
O perfeito idiota europeu, que por enquanto (por enquanto…) parece ter desistido de aplicar as suas mais profundas convicções políticas nos países europeus, excita-se a pontos praticamente orgásticos com a mais recente palhaçada latino-americana: o Subcomandante Marcos, Chávez, Morales ou (se pudesse) Humala, sem esquecer o velho clown Fidel. Durante algum tempo, o perfeito idiota europeu esperou que Lula também fizesse os seus números circenses. Alguma coisa fez, mas em muitos tópicos essenciais, para grande desgosto do perfeito idiota europeu, deu-lhe para seguir a “cartilha neo-liberal”. Agora, foi na Colômbia. Os colombianos reelegeram um presidente que tem sido muito eficaz no combate ao narcotráfico e ao terrorismo marxista (as duas coisas são, na verdade, uma), para além de disposto ao comércio legal com os EUA. Nada disto merece qualquer atenção do perfeito idiota europeu. Limpar um país (cerca de 1/3 do território colombiano escapa ao controlo das forças de segurança nacionais) da actividade gangsterista dessa outra maravilha do folclore latino-americano que é o narco-marxismo, é coisa sem valor. Teria talvez mais graça que um dia o narco-marxismo conquistasse o poder na Colômbia. O perfeito idiota europeu veria logo nisso “outra maneira” de entender a política, a democracia, a liberdade. Logo descobriria um potencial de vitalidade e regeneração do mundo. Um renascimento, longe do podre cinismo da “civilização ocidental”. Quem sabe se um dia…
por Anónimo @ 6/02/2006 12:49:00 da tarde
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