1.8.05

Euromilhões, Ota e TGV

Desta vez, apesar dos portugueses, os mais fervorosos adeptos do Euromilhões, terem voltado a apostar em força na nova lotaria, o ‘Jackpot’ não ficou cá na terra.

É pena. Portugal é um país de jogadores, como provam as receitas dos casinos, que voltaram este ano ao crescimento. E isso reflecte-se nas mais altas esferas do Estado.###

É com este ‘feeling’ do jogador que Mário Lino, um ministro com inatacáveis credenciais intervencionistas, e Manuel Pinho, que em declarações públicas recentes proclamou orgulhosamente não ser um liberal, que Portugal avança para a construção do novo aeroporto da Ota e para as linhas ferroviárias de alta velocidade. Existem estudos que provam que devemos o crescimento das últimas décadas a doses industriais de investimento público. Mas existem igualmente teses académicas - além de inúmeros casos práticos - que provam exactamente o contrário. Os estudos económicos são como os pareceres jurídicos: há-os para todos os gostos, basta encomendar as conclusões.

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O facto de o Governo não acreditar na utilidade de efectuar estudos que apoiem o seu ponto de vista não é original. Já no século XIX, Benjamin Disraeli, primeiro-ministro britânico, proclamava: “existem três tipos de mentiras: mentiras, mentiras vergonhosas e estatísticas”.

Assim sendo, para quê gastar dinheiro em mais estudos? Entre a Ota, o TGV e o que mais for, aposte-se uma dupla no ‘1’ e no ‘X’. É fácil. Não é barato. Mas com alguma sorte, algum dos projectos há de dar milhões.