3.8.05

Realidade paralela

A raiz das dificuldades com que Portugal se debate assenta no facto de o País se ter "especializado", durante demasiado tempo, em produções assentes em mão-de- -obra barata e trabalho pouco qualificado e precário. A economia portuguesa foi sujeita a fortes constrangimentos desde a integração europeia, mais tarde exacerbados pela participação no euro e depois pelo alargamento da UE e pelo aprofundamento da globalização económica.

Não houve respostas adequadas do lado das políticas públicas e muito menos do sector privado. As empresas, pressionadas por um contexto de maior concorrência, em vez de adoptarem estratégias de valorização produtiva, de inovação, de elevação do nível de qualificação da mão-de-obra, procuraram a compressão dos custos, a precarização dos empregos e a redução dos direitos laborais. O resultado foi a ineficiência do sector produtivo privado, a qual é bem mais grave e estrutural que a do sector público.