Se
Vá lá
Vá lá, faltam só 90 minutos, a bola é redonda e, na verdade, tudo pode acontecer. Não vale a pena desvalorizar a equipa francesa, que tal como nós é uma equipa de ratolas que joga muito bem quando possível. Na realidade, a equipa francesa é uma equipa, como vem no Dicionário da Academia das Ciências, f****a. Mas também não vale a pena deixar de imaginar que lhes podemos ganhar.
O espertalhão nacional continua a achar que o que a selecção fez até agora foi mais ou menos por acaso. Deve ter sido. O mesmo espertalhão nacional deve achar que despachar a Holanda e a Inglaterra é ocasional. De acordo com as informações mais recentes, Holanda e Inglaterra são duas das melhores selecções do mundo, a menos que o facto de terem perdido com Portugal as tenha colocado entretanto entre as piores. É verdade que chegámos até aqui com um futebol assim ao estilo de um tractor, mas chegou para aquelas duas. Assim como chegou para o México, uma equipa que ia ganhando à Argentina, e jogámos com a nossa equipa B.###
O espertalhão nacional deve estar à espera de perdermos na final para arrasar definitivamente a selecção e Scolari, isto num campeonato em que as supostas maravilhas brasileira e argentina já meteram a viola no saco. A acumulação de jogadores incríveis nas selecções do Brasil e da Argentina torna a vida de qualquer treinador mais fácil. Foram estes treinadores que se deram ao luxo de deixar Messi e Robinho no banco a maior parte do tempo e, mesmo assim, ainda terem os melhores jogadores do campeonato em campo. Já Portugal, quando não estão (ou estão mal) Deco, Figo ou Cristiano, vê baixar drasticamente a qualidade média da equipa. É por isso que, independentemente do que possa acontecer hoje, já foi um belíssimo percurso, se pensarmos em selecções que tiveram o caminho muito mais facilitado.
O estilo desta selecção é o que me faz nunca ter gostado de Scolari: é pouco imaginativo, pouco arriscado e muito previsível. E é trágico quando apanhamos uns tipos que jogam da mesma maneira mas são mais ratolas do que nós, como a Grécia da final do Euro. Por outro lado, por comparação com o historial de treinadores da selecção, Scolari é magnífico (será necessário recordar Oliveira, Artur Jorge e Carlos Queirós, as diversas nulidades, entre o boçal e o pseudo-intelectual, que o antecederam?). Nessa perspectiva, Scolari é sem dúvida o melhor treinador da selecção desde, provavelmente, Otto Glória. O que não basta para ser um treinador excepcionalmente apreciável.
Dentro do tal estilo tractor, não se pode deixar de louvar a flexibilidade demonstrada até agora, que, com os recursos existentes, se tem adaptado bem a cada um dos adversários. Por causa de castigos, lesões e jogos atípicos, a selecção ainda não teve praticamente oportunidade de jogar como deve ser, ou seja, com a parte da frente da equipa estabilizada na linha preferível: Costinha, Deco, Maniche, Figo, Cristiano e Pauleta ou Nuno Gomes. Em princípio, estarão todos prontos para jogar contra a França. Seria então a altura de esquecer o espartilho scolariano e, finalmente, sacar aquela exibição que a gente sabe de que a nossa selecção é capaz. Até se podia perder. Mas da outra maneira também– já estamos aqui a lidar com a crème de la crème. E que melhor maneira de ganhar do que mostrando o que é jogar futebol?
Vá lá rapazes, só falta um bocadinho.
por Anónimo @ 7/05/2006 11:04:00 da manhã
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