10.5.05

Uma campanha alegre

O Bloguítica publicou dois (numa série de três) posts sobre a eventual candidatura de Manuel Alegre à Presidência.

No primeiro considera, quanto a mim acuradamente, que Alegre poderá ter um melhor resultado que António Guterres. O primeiro conseguirá com maior probabilidade o apoio do BE e do PCP. O segundo tendo, à priori, maior capacidade de atrair o voto do "centro" político não conseguiu ainda sacudir a péssima imagem do seu segundo mandato como PM.

No segundo post o Paulo vai um pouco mais longe e diz Alegre poderá inclusivamente ganhar a Cavaco Silva.

É neste ponto que o Paulo falha redondamente. A capacidade de atracção de Alegre é tendencialmente nula ao centro e o apoio da extrema-esquerda poderá inclusivamente ser contraproducente na captação deste eleitorado.

As vitórias de Guterres, Sócrates e Soares deveram-se ao seu "centrismo" e não ao seu "esquerdismo". Apenas se acreditarmos que a população portuguesa é capaz de inflexões ideológicas de três em três anos somos capazes de acreditar que em Fevereiro Portugal virou à esquerda quando há poucos anos tinha virado à direita. É ainda sintomático que ao mesmo tempo que as intenções de voto davam a vitória ao PS e indiciavam o catastrófico resultado do PSD, Cavaco Silva tenha tido sempre excelentes resultados nas sondagens.

Uma campanha ideológica de Manuel Alegre tenderá a evidenciar o seu esquerdismo o que lhe será extremamente prejudicial.

Como última nota confesso não perceber qual o perigo da "colagem do CDS a Cavaco Silva". Se Cavaco se conseguiu distanciar (quanto a mim cinicamente) do PSD e principalmente de Santana Lopes não vislumbro qual o problema de um apoio expresso da direcção de Ribeiro e Castro.

Aguardo a terceira parte.