12.7.05

O canditato anti-investidor

Não estarei muito longe da verdade se disser que a persistência deste modelo tem a ver com a ignorância e a falta de visão estratégica do poder central e a incapacidade e a subserviência das sucessivas administrações autárquicas face a certos poderes e interesses locais. Basicamente um modelo que foi desenhado muito antes do 25 de Abril e que permanece nos seus traços essenciais.
Meu caro João Bárbara, fique a saber que concordo consigo. O modelo actual, em que o estado (central ou municipal) em tudo interfere, trouxe a ineficiência do planeamento central e a possibilidade de os gestores da coisa pública serem influenciados (por meios legais ou não) para satisfazerem os interesses de alguns particulares ou de alguns grupos. No entanto desconfio que o João Bárbara não gosta é de não poder participar nesse modelo; de não poder ser o seu partido (Bloco de Esquerda) a planear como gastar o dinheiro dos contribuintes e a satisfazer os interesses dos (muitos) grupos que apoiam o BE.

Mas o candidato do BE diz mais. Diz que por isso é contra os investimentos da SONAE em Tróia (os munícipes de Grândola saberão da sua opinião?) e contra os investimentos do grupo Amorim em Setúbal. Penso que sendo consequente, também está contra o patrocínio avultado que o grupo Amorim já assinou com o Festroia, permitindo a expansão anunciada das suas actividades. Será contra a compra pelo dito grupo empresarial do antigo "Quartel do 11", para ofertar à câmara com destino a um centro cultural. Será também contra os milhares de postos de trabalho que estes investimentos criarão em Setúbal e em Grândola para não falar nos benefícios que o aumento de oferta e concorrência poderão trazer aos setubalenses.

Ou isso, ou então o candidato do BE é inconsequente.