12.7.05

A obsessão anti-francesa

The Almighty in His infinite wisdom did not see fit to create Frenchmen in the image of Englishmen.

Winston Churchill

Ocorre em Portugal um fenómeno que pode ser preocupante e não é único na Europa: A culpabilização da França por todos os males da Europa e por qualquer instabilidade que, de quando em vez, existe na relações transatlânticas. A censura, a maioria das vezes certeira, peca ao atingir os próprios pilares da cultura e modo de estar francês e quando visa os fundamentos filosóficos da França.

Até há poucos anos atrás a França era Deus na Terra para a sociedade portuguesa dominante. Poucos a punham em causa e político algum a ousava criticar. Depois da longa e forte aliança com a Inglaterra, a França era o modelo social, o modelo político e económico a ser seguido. Estávamos no tempo do mon ami Mitterrand e de Jacques Delors. Era um extremo.

Já nada é assim. A unanimidade desapareceu, mas a sociedade portuguesa (a da blogosfera incluída) deveria ter cuidado em não cair no outro exagero: Uma esmagadora preferência pela cultura anglo-saxónica e o esquecimento total da mais-valia francesa.

Prefiro a cultura anglo-saxónica. Em muitos aspectos revejo-me mais na tradição protestante que na católica. É, no entanto, do domínio público o fascínio que a França e a sua cultura sempre exerceram sobre os ingleses. A Inglaterra admira a França, sempre a estudou, a quis compreender e constantemente esteve a aprender com ela. Esquecer esta complexidade e olhar para a pátria de Sua Majestade, venerando-a como se fosse única, pode não ser a melhor opção e faz-nos correr o risco de deitarmos fora, uma vez mais, muitas das experiências que mais falta nos fazem.