8.6.05

A “bovinidade”*

Se, com cerca de 50% do produto nos gastos públicos, Portugal funciona mal, não haverá dinheiro que chegue para funcionar bem;
E aqui, isto:

Que uma economia que cresce durante um quarto de século à taxa anual média
de 2% não pode sustentar, ao longo de mais outro quarto de século, uma despesa
pública que continua a subir, anualmente, à taxa de 4,7%, porque se isto fosse
pensável, as despesas públicas corresponderiam, em 2030, a 97% do Pib;


Sendo uma das pessoas que mais tem escrito e avisado sobre as consequências nefastas da evolução da despesa do estado obeso que temos, não se percebe como pode concordar com o crescimento imediato da receita por via do aumento das taxas dos impostos. Como ele e outros estão cansados de explicar, se a despesa pública aumentar a um ritmo superior ao do crescimento da economia, o défice há-de perpetuar-se e crescer e por consequência as taxas de imposto, juros, etc. até sermos todos pagos com senhas das Lojas do Povo e recebermos autorização para ir ao Stand do Partido buscar um Lada em terceira mão de dez em dez anos. Das duas uma: ou o estado diminui a despesa - que é diferente de diminuir o aumento da mesma - e deve baixar impostos libertando meios que as empresas e as pessoas possam investir (ou consumir), ou usa todos os meios para tentar fazer a receita crescer aumentando os impostos indefinidamente num ciclo vicioso em que à medida que estes aumentam, diminui a actividade, aumenta o desemprego,cresce o défice e lá vamos nós para a fila do pão.
Não há contradições, logo não percebo nada disto.

*copyright da Blasfémia