25.8.06

Zeca Afonso e a idolatração do totalitarismo comunista

No passado fim de semana, a RTP exibiu um verdadeiro show de totalitarismo revivaleiro. Zeca Afonso divinizado, exaltado e tido como um "génio", deu azo a uma torrente de cançonetas de incontinente pendor marxista terceiro-mundista. As palavras sempre as mesmas (solidário, inquietação, amigo, companheiro, Maio, ceifeira), o ritmo puxando ao falso-rústico das "raízes" - outra palavra detestável - e a finalidade escancarada: tornar aceitável o abjecto (roubar, sanear, vingar, matar) e abrir portas ao totalitarismo comunista, tornando-o justificável à luz da rábula cantada. Zeca Afonso tinha um ar perturbado, queria mais, mais revolução, mais plano inclinado, mais ocupações, mais saneamentos, mais controlo operário, mais comissões de bairro - aquelas que faziam listagens com as pratas, os quadros e os aquecedores existentes nas casa dos inimigos de classe - mais poder popular, mais armas em boas mãos para defender a revolução; ou seja, mais balbúrdia que pedisse, no fim, mais um Estaline. Aquilo é Babeuf, Marat, a Comuna de Paris, a propaganda pelo facto do bombismo anarquista, mais comunalismo utópico em que entram as CEB's (Comunidade Eclesiais de Base), as Comissões de Ocupação de herdades (as célebres "comprativas"), os padres Max de gola alta e barbas à Sierra Maestra, a Teologia da Libertação, as mulheres-padres, os poetas repentistas e analfabetos (quantas vezes tivemos de engolir o banalíssimo Aleixo ?), o new-age dos alucinogénios e de outros estados de consciência alterados, o abortismo dá-cá-aquela-palha; sei lá, um sem-número de coisas sem mérito elevadas nos pedestais no culto do mau. Sintomaticamente, o programa terminou com uma discursata do inefável "Zeca": "a minha democracia não é a dos votos, mas a do poder do povo". Pois. Uma democracia da rua, de tiros na nuca, prisões arbitrárias, campos de concentração, reeducações e penúria para todos.