7.11.05

Agenda securitária de Sarkozy

A expressão criminosa da cólera social por jovens adolescentes suburbanos representa não a rejeição do modelo social francês — os jovens violentos das "cités" são precisamente os que ficam à porta da integração nesse modelo; é por isso que, de forma cega mas significativa, atacam alguns dos símbolos dessa integração —, mas o falhanço da agenda securitária musculada conduzida nos últimos anos por Nicolas Sarkozy, o ministro da administração interna dos governos do partido de Chirac.

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Da República, Sarkozy não guardou sequer a retórica da igualdade. Guardou apenas a polícia, e no seu sentido pré-moderno: trata-se de "limpar" os bairros perigosos. Nos últimos anos, retirou das "cités" a polícia de proximidade e apostou tudo na polícia de intervenção, fortemente armada e com uma lógica de confronto. É esse hoje o rosto do Estado francês nos subúrbios difíceis; o resto é corte de subsídios às associações locais, ausência ou degradação visível das instituições públicas de integração social, sobretudo as escolas. O resultado está à vista: um incidente envolvendo a presença da polícia levou à morte de dois adolescentes. Nas "cités", a identificação clara do rosto do inimigo ateou o rastilho dum incêndio enorme que o governo agora vai ter que apagar, sabe se lá com que meios.
Ao ler-se este texto ficamos com a ideia que, anteriormente a Sarkozy, o problema da insegurança era inexistente...