Comprometedor silêncio
Jacques Chirac falou ontem pela primeira vez sobre os confrontos que assolam a capital francesa. Fê-lo ao décimo dia. Calou-se os primeiros nove. A estranheza sentida no atraso de Chirac aumenta por ninguém a comentar, nem tão pouco referir.
Comparemos esta situação com o que sucedeu com George Bush aquando da Katrina. Nessa altura, uma cidade da dimensão de Lisboa, foi na sua maioria evacuada e choveram críticas à lenta reacção do presidente norte-americano. Quanto a Chirac, o silêncio paira. Mas, ao contrário do que é frequente, este não é de ouro. A ausência de críticas demonstra a apatia conformada de um povo. O nível de exigência é menor em França que nos EUA.
Desta forma, os confrontos de Paris não evidenciam apenas a falência do modelo social e o falhanço da integração dos imigrantes. Mostra a falta de reacção dos franceses, o desnorte que os rege e a falta de discernimento que os persegue.
A França não assiste apenas ao fim da sua especificidade. Permite que o mundo inteiro acompanhe a sua decadência. O que é mau. Na verdade, uma França à deriva é um perigo para a Europa.
por André Abrantes Amaral @ 11/07/2005 11:59:00 da manhã
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