7.9.06

Em Portugal, a geração dos 30/40 anos, que está no máximo das suas capacidades laborais e empreendedoras, cresceu rodeada de uma rede de segurança e não consegue coragem para arriscar viver.
É-o muito mais para as gerações que se seguem. A doutrina colectivista (pouco me interessa saber que é esquerdista) ganhou raízes. A geração dos quinze/trinta anos é ainda mais medrosa, mais reaccionária e conservadora que a que a precede. É como se à medida que avançamos no tempo, recuássemos nas ideias. Ler um manual do ensino básico é uma experiência esclarecedora. Ouvir um late adolescent sobre a América é uma tortura. E não, não é nem na direita nem na esquerda que existe qualquer espécie de salvação.
Porque o Liberalismo não é só económico, nem só social. De acordo com os meus parcos conhecimentos da doutrina Liberal a liberdade negativa (Isaiah Berlin) implica que, por exemplo, o reconhecimento pelo estado das uniões homossexuais (essencialmente por causa de heranças, partilhas e direitos) não seja posta em causa. Que no caso do aborto, não sejam nem os aborcionistas, nem os defensores da vida pré-concepção que determinem a Lei. A Direita, seja ela qual for não é menos intervencionista, nem nunca será, que a Esquerda. Só os temas fracturantes é que mudam.
Não há salvação possível. Haveria, se nós, os que nos consideramos Liberais decidíssemos ter mais filhos, três ou quatro por casal, e os educássemos na Liberdade. E isto é tudo o que pode ser feito.
Julgo que foi Hayek que disse que entre uma ditadura Liberal e uma democracia socialista preferia a primeira (ou algo parecido, sabendo que “ditadura Liberal” é uma contradição de termos). Infelizmente, num Mundo em que, com a colaboração prestimosa de marxistas requentados, alter globalistas impotentes, Neo-Cons, “Liberals” e socialistas de Terceira Via (não, não estou a pensar em Blair, é mais PSD, PS e social democratas suecos), a Democracia foi eleita Bem Supremo em si mesmo e se esqueceu a Liberdade e a tradição, há pouco a fazer.
Por razões profissionais lido essencialmente com gente jovem, em idade de correr riscos e o que vejo são miúdos mimados, cheios de direitos e sem a mínima noção do dever correspondente. Num certo sentido invejo a geração de sessenta, do flower power, das guerras coloniais e do Maio de 68. Com todos os erros e defeitos, aceitaram e assumiram o risco. Não desisti ainda, no entanto.