Cliente ou utente?
Imagine o caro leitor que vende panelas por grosso. Todos os dias tem clientes a quem marca uma determinada hora para que o visitem e escolham as panelas que mais lhe interessam. Marca com o Sr José (seu cliente) para as dez hora de segunda-feira. À hora marcada lá estava o dito Sr, mas o caro leitor (vendedor de panelas) só aparece às doze horas. Se lhe dissesse que aí por volta das dez e trinta o Sr José se foi embora à procura de outro fornecedor que o respeitasse mais, estou em crer que acharia muito bem.
Agora imagine que é testemunha/arguido/queixoso num processo qualquer, recebe uma carta do tribunal a convocá-lo para as nove horas, o juiz aparece às onze e às doze e quarenta e cinco, um qualquer funcionário (arrogante e investido de poder Divino) vem informar aos gritos que o caro leitor terá que comparecer no mesmo tribunal um mês depois à mesma hora. Imagine ainda que este processo se repete, uma, duas, três vezes. Compraria as panelas ao mesmo fornecedor?
Imagine o caríssimo leitor que marca uma consulta médica para as catorze horas de um certo dia. O médico chega às quinze, vai tomar um café com um colega e está pronto a recebê-lo às dezassete horas. Comprar-lhe-ia um novo trem de cozinha ou mudaria de fornecedor?
A diferença básica entre cliente e utente, é que o primeiro é respeitado e o segundo é tratado como esterco. Quando ouvir que a saúde, a justiça e outras coisas que tais não são produtos que se vendem, desconfie. O mais provável é que lhe queiram ir à carteira sem lhe prestarem o respectivo serviço.
por Helder Ferreira @ 9/06/2006 11:38:00 da tarde
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