A Lugia vive na água e é azul e branca
Declaro que estou de acordo com o Engenheiro Sócrates em muitas coisas. Desde logo, que neste país de fadistas esfarrapados com falta de grãos, confunde-se frequentemente quem é assertivo com arrogante. No caso do nosso PM, não o acho minimamente arrogante. Errado muitas vezes, mente frequentemente, omite mais ainda, mas acho que acredita genuinamente nos erros, mentiras e omissões e defende aquilo em acredita contra seja quem for, seja como for.###
Vem isto a propósito da entrevista a Maria João Avilez, na SIC, há momentos. Disse que “como foi preciso diminuirmos a despesa naquele ano (2005), fomos obrigados a aumentar os impostos ”. É reler, não bate a bota com a perdigota. Dizia ainda que o Governo está a criar um bom ambiente para os negócios, a apostar na educação e no desenvolvimento tecnológico e que a partir daí a empresas que façam o seu trabalho. Quanto às duas últimas “apostas” (sempre achei piada ao termo escolhido), não faço ideia se é verdade ou não. No caso da primeira, é uma anedota. O pilar fundamental de um bom ambiente para os negócios é a Justiça. Não há volta a dar-lhe. Sem uma justiça célere e justa (perdoem-me o pleonasmo), não há negócio, contracto ou riqueza que resista. Não adianta nada do que for feito sem resolver o maior entrave que se põe a quem quer investir. Mais, não adianta criar uma empresa na hora se a atribuição de uma coisa como a licença de mudança de destino, demorar mais de seis anos (!!!). Não é conversa, é assim mesmo. O estado nunca será Estado enquanto não deixar de ser um factor de empobrecimento por via de uma burocracia feita de pequenos poderes, uma justiça que pura e simplesmente não existe e um sorvedouro de recursos espoliados e aplicados de modo discricionário e sem critério a não ser a satisfação de interesses espúrios.
Versou o Engenheiro Sócrates, omitiu e mentiu sobre o problema da Segurança Social. Disse que a proposta do PSD não faz sentido porque exige a emissão de dívida pública para financiar a fase de transição, dizendo que o que temos que fazer é diminui-la. Omitiu que o seu Governo conseguiu a proeza de aumentá-la em 2005. Mentiu quando disse que os países que seguiram a receita do PSD já se arrependeram e que no Chile, dado o fracasso, o Estado é agora obrigado a socorrer o sistema, devido ao facto de o pilar de capitalização privado conseguir reformas demasiado baixas. É uma mentira barbudíssima. O facto é que o novo governo chileno comunga das ideias socráticas, porque quanto à capitalização do sistema privado, funciona e bem. No Chile como na Suécia. Não se pode é esperar investir durante cinco anos e ficar rico.
Enfim, o Engenheiro Sócrates quer acelerar a modernização da sociedade, o que não passa de um eufemismo vulgarmente utilizado pelos adeptos da engenharia social que imaginam o Homem-Novo, a Sociedade Perfeita e que invariavelmente dão com os burros n’água.
por Helder Ferreira @ 7/13/2006 11:50:00 da tarde
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