Os cromos dos negócios
Nos últimos dias o governo tem pedido que os portugueses inovem. O Dr. Cravinho chegou mesmo, na semana passada, a criticar os empresários por não serem inovadores. Há dois pontos muito interessantes a analisar nesta questão. Em primeiro lugar, o governo, assumindo uma posição crítica perante os portugueses em geral e a classe empresarial em particular, acaba por atirar a batata quente que é a crise do desemprego, para cima da sociedade civil. Com o maior dos desplantes, o governo parece esquecer que a actual crise tem origem na má gestão do Estado e aponta a culpa à falta de iniciativa dos privados. O segundo aspecto em análise é a gravidade que este pedido por inovação representa. É que os empresários não têm que inovar, mas tão só fazer dinheiro. Criar riqueza. Ganhar pilim. Ao pedir inovação aos portugueses, os vários ministros deste governo, demonstram ver o mundo dos negócios como idêntico ao da política e da gestão das empresas públicas. A fé na imaginação, ou utilizando a dita expressão actualmente mais bem aceite, da inovação, como resolução de todos os problemas. Antes ouvíamos nas barbearias os cromos da bola. Agora, no governo, temos os cromos da vida empresarial. Há quem diga que ainda não batemos no fundo...
por André Abrantes Amaral @ 5/03/2006 11:48:00 da manhã
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