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Estar longe das notícias e das coisas do mundo é esclarecedor. Coisas que passariam como normais no ópio dos dias surgem-nos em cores garridas que são as suas. Numa semana, um bando de assassinos juvenis mataram um homem, branco, homossexual, toxicodependente e sem-abrigo. Levantam-se vozes a reclamar a superioridade da vida do homossexual sobre a de todos os outros representados. O Governo aprova (?) a obrigatoriedade de quem sustenta os seus (e dos outros) pais, que o façam duas vezes e na sua vida privada, esquecendo a aternativa de levar os velhos à montanha e abandoná-los aos lobos. Após anos, décadas de políticas estatistas de destruição da solidariedade familiar, eis que iluminados vários obrigam famílias desavindas a entenderem-se e todos os filhos a tornarem-se “Pródigos”, sob pena de serem levados a tribunal pelos progenitores. No Ministério da Escravidão Social, descobre-se novo paradigma ao melhor estilo soviético: as contribuições sociais têm componente redistributiva. Baixam-se as pensões de uns e sobem-se as de outros à custa dos primeiros, até qualquer Comissário barbudo decidir que se atingiu a desigualdade “aceitável”. Pergunta-se: para quê os impostos? Sami Nair diz no El País que a liberdade de expressão é sagrada e que é preciso defendê-la, perguntando-se se significa o exercício deliberado da irresponsabilidade. Não sabe que não, mas que o inclui. É o conceito de liberdade sui-generis tão bem demonstrado pelo nosso inefável MNE. Este chamar “sagrado” ao que de mais profano existe descansa as consciências e permite-lhes relativizá-lo, pois não é o sagrado relativo? Junta-se ainda na semana, a obsessão dos campeões nacionais económicos (CNE). A E.ON, já de si um CNE criado pelo estado alemão quer OPAr um CNE espanhol, vai daí os paladinos da liberdade no caso Telefonica/O2, bramem de fúria, outros que já elegeram os iogurtes como “estratégicos” (imprescindíveis numa food-fight), apressam-se em criar outro CNE Francês antes que um CNE Italiano anterior OPe qualquer coisa. Os governantes do país dos potenciais OPAntes rasgam as vestes, esquecidos do que fizeram ao BBVA. Enfim, hipócritas, mentirosos, ladrões, prepotentes, ditadores de pacotilha, socialistas requentados, idiotas descerebrados são poucos e ligeiros adjectivos para definir os que nos governam. Mas a cereja no bolo deve ter sido o Carnaval de João Paulo, estudante de 19 anos, no jornal Público segundo o próprio: "vou mascarar-me de árabe ou de militante." Militante?
por Helder Ferreira @ 2/28/2006 11:55:00 da tarde
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