O Tabu
(post sem links, por falta de tempo)
Acho que percebi a interpretação que o João e o Tiago fizeram do que eu escrevi e espantou-me. O rigor absolutamente incrível com que o Tiago se dedicou à desconstrução da “frase do século” é brilhante (sem ironia). Quanto ao João, desde há muito tempo que acho que deve abrir-se um bocadinho mais a possibilidades diferentes. Acertaram foi ao lado.
Não há nada na frase que leve a achar que condeno ou desconsidero as ideologias. Longe disso. Normalmente até são bastante interessantes e bem construídas. Têm é sempre um problema para a sua aplicação: a realidade, que é chata que se farta.
Saber se o liberalismo é normativo ou não, está visto que não é pacífico nem entre os liberais. Esperar que quem não o é aceite a segunda hipótese ou possa ser convencido disto nem se põe em causa, por isso, é o tipo de discussão em que só me meto quando me distraio, porque já sei que é um beco sem saída.
Num post algures mais abaixo, escrevi que nunca leio nada escrito por outros pressupondo má-fé. Pelo contrário, entendo que quando ela existe tem sempre um efeito de ricochete.
Dirão ainda que presto um mau serviço à causa do liberalismo e que estas coisas afugentam quem poderia até querer perceber e se sente atraído por ele. Não tenho jeito nem paciência para a táctica e já deixei a adolescência há tempo suficiente para me andar preocupar com o sentido da vida.
Sobre o post do André. Tenho a maior admiração pela capacidade que ele tem em fazer um risco. Após tanto tempo a lê-lo na blogosfera, é exactamente o que esperaria. É sempre um prazer quando ele escreve assim (incluindo o tom), porque não tenho esta capacidade e a minha atitude é provavelmente menos honesta que a do André, tendo a ser mais conciliatório e a deixar que os outros “levem a bicicleta” quando acho que não vale a pena. E este debate é um desses casos.
“O liberalismo não trata do que deve ser, trata do que é.”
Já respondeu o João Miranda, assim.“…mais importante que saber como é que o mundo deve ser é saber como ele funciona.”
E o André nesta citação de Mário Vargas Llosa.liberalism is not an ideology, that is, a dogmatic lay religion, but rather an open, evolving doctrine that yields to reality instead of trying to force reality to do the yielding
Não vou aconselhar leituras, senão ainda me mandam ler Marx ou Negri e não me apetece mesmo nada. Aconselho antes um pouco mais de humor e boa disposição que entre outras coisas evita rugas prematuras.
E agora tenho outro químico à minha espera.
por Helder Ferreira @ 11/28/2005 01:53:00 da tarde
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