13.11.05

Assim vai o cinema português

Com efeito, não há como um realizador português para arrombar um clássico da literatura portuguesa. Ao menos o mal é feito em casa e fica tudo em família. O Crime do Padre Amaro, um telefilme produzido pela SIC mas que se estreou primeiro nos cinemas, alega no genérico ser uma "versão livre" da obra, mas este é um caso de liberdades amplas demais.###

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Este padre Amaro chega a Lisboa e é colocado num bairro "difícil" onde há muita "exclusão" e pouca devoção. E entra logo numa onda de Bloco de Esquerda, porque anda sempre à futrica, põe-se ao lado dos moradores contra a polícia durante uma rusga para prender um dealer e angaria fiéis com concertos de rap.

Como os padres têm que cultivar a modernidade e não estamos numa telenovela da TVI, em que as coisas importantes levam 30 episódios a acontecer, Amaro pouco demora a enrolar-se com a carnuda Amélia, o que dá direito a umas cenas de sexo que fariam voar o monóculo do Eça se ele as visse. Por esta altura, o filme poderia voltar a ser titulado como Com Jeito Vai... na Sacristia!

Em redor do parzinho pecador gravitam umas beatas caricaturais, dois invertidos de revista do Parque Mayer, uns "jovens" irados contra a "ex- clusão", um vilão grunho e três padres velhos e depravados, um deles - surpresa! - pedófilo, interpretado por Nicolau Breyner (coitado!).

Um crime, Padre Amaro!
(via Miss Pearls)