Mundo Moderno
Um indivíduo esperou dois anos por um julgamento, parte significativa deles em prisão preventiva, para o tribunal acabar por entender que não havia razões suficientes para ele ser sequer acusado. Um outro foi alvo de buscas em sua casa, ao mesmo tempo que o próprio Procurador afirmava não haver qualquer razão para suspeitar dele. Um outro ainda está há vários meses à espera de ser ouvido pela primeira vez acerca de um crime de que é suspeito. O sistema de justiça, por sua vez, terá de esperar muitos mais até ter alguma credibilidade. José Saramago afirma que não participará em eventos oficiais em que Cavaco Silva esteja presente, caso seja eleito. A Juventude Popular decide não apoiar Cavaco. A ambos, o país mostrou a sua indiferença. A ambos, Cavaco agradeceu. No debate parlamentar sobre o Orçamento, Louçã continuou a sua campanha presidencial. Na campanha presidencial, continuou a sua demagogia parlamentar. Sem diferenças, para não se confundir. No Reino Unido, o governo de Tony Blair pretendia viabilizar uma lei permitindo a detenção, durante 90 dias sem acusação formada, de indivíduos suspeitos de terrorismo. A maioria dos eleitores estava a favor. A maioria do Parlamento estava contra. Blair acusou os últimos de ignorarem os primeiros. Ignorando ele próprio que a função do Parlamento não é a de seguir a opinião pública, e que se fosse, então não seria preciso para nada. Michael Howard pediu a demissão de Blair. Segundo ele, Blair perdeu a autoridade sobre o seu partido. Isto dito pelo mesmo homem que sairá em Dezembro da liderança dos Conservadores. Em França, os "jovens", certamente "frustrados" com a sua "condição social", foram fazendo arder mais uns carros durante a semana. Chirac, Villepin e Sarkozy, certamente frustrados com a sobrevivência política uns dos outros, procuraram queimar-se mutuamente. A culpa, claro está, é das "políticas neo-liberais". De Bush, certamente, porque em França não há "políticas neo-liberais".
por Anónimo @ 11/13/2005 09:58:00 da tarde
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