O Lisboa-Dakar

O próximo Dakar, ao que parece partirá de Lisboa. Se, de início, quando ouvi esta notícia fiquei satisfeito o que veio a seguir tirou-me todas e quaisquer ilusões. Um dos responsáveis dizia que só com a ajuda do Governo seria possível honrar aquele compromisso acrescentando, claro está, que a realização do evento era essencial para o nosso país. Eu sei que isto soa a desmancha-prazeres, mas a questão não é essa. Eu fico satisfeito com o Dakar partir de Lisboa, o que já não me agrada é quando nos apresentam a factura depois de tomada a decisão. Da mesma forma, incomoda-me a ideia de um pequeno número de pessoas, para quem, por razões profissionais, o desporto automóvel é essencial, nos tente fazer crer que o bem estar do país dele depende. Como nunca conseguiriam arranjar patrocínios suficientes para trazer a prova até cá, apostam de imediato em pedir dinheiro ao Estado. Esquecem, no entanto, uma coisa que espero que o governo se aperceba: O Lisboa-Dakar é apenas relativamente importante, na medida em que nós não dependemos dela e apenas é essencialmente importante para quem do desporto automóvel faz a sua vida.

Os grandes beneficiários da prova são os seus organizadores, não o país. Não quem vive no Porto, em Bragança ou em Viseu. Eu sou de Lisboa, mas entendo que o Estado não deveria envolver-nos a todos nestes eventos que apenas beneficiam, directamente, muito poucos.