29.3.05

Smoking but not inhaling

Ken Lay says his name is synonymous with scandal — and for good reason. When his Houston-based energy company, Enron, collapsed in 2001, there had never been anything like it. Once the seventh-largest company in America, Enron was wiped out in what seemed like a matter of days. Employees were sent out on the street, and billions of dollars were gone. Now, Lay is under federal indictment, and his long-awaited trial is scheduled for January.

Lay faces a maximum statutory sentence for these charges of 175 years. How does he feel about having his name associated with scandal? “I don’t like it at all as you'd expect,” says Lay. “The last thing I would have ever expected to happen to me in my life would be that, in fact, I would be accused of doing something wrong and maybe even something criminal.”Lay admits there were criminals at Enron. But throughout the interview, he insisted he was a victim, not a villain. What responsibility does he take, as chief executive officer, for the failure of Enron? I have to take responsibility for anything that happened within its businesses,” says Lay. “But I can't take responsibility for criminal conduct of somebody inside the company.

“This is what I call the Elmer Fudd defense — that I went to work every day and was paid $6 million a year and had a Ph.D. in economics -- and somehow, despite all of this, I didn't know anything that was going on. It's laughable” says Bill Lerach, a lawyer who sued to stop document shredding by Enron’s accountants. Now, he’s leading an investor lawsuit against the company, its bankers, its accountants and Lay. “What was he doing every day in his office? Reading comic books? This man was the CEO of the company," says Lerach. “He had an obligation to be informed about what was going on in that business every day in every way. And he utterly failed to do it.”
O novo relatório preliminar da Comissão Volcker foi hoje divulgado, em conferência de imprensa que pode ser acompanhada ao vivo na BBC. Excertos da notícia de ontem da CNN, sobre o teor geral das conclusões do relatório:
The committee's 70-page report, due out Tuesday, will find that Annan did not exert any influence on the $10 million annual contract awarded to a Swiss company that employed his son, Kojo. But the committee, led by former U.S. Federal Reserve Board chairman Paul Volcker, will fault Annan for management lapses and failing to correct bureaucratic flaws in an under-audited program that was exploited by former Iraqi dictator Saddam Hussein to extort billions of dollars from his chosen oil buyers and goods supplier.

The report will be "pretty difficult for the secretary-general," said someone familiar with the report. Annan critics have questioned whether he or other U.N. officials might have steered a major oil-for-food contract in 1998 to Cotecna, which employed his son. That contract called on Cotecna to authenticate shipments of food, medicine, and supplies into Iraq as part of the $64 billion humanitarian program -- the largest in U.N. history. Both Annans have steadfastly denied any favoritism in the deal, and the source said the report's emphasis is less on how Cotecna won the contract than on how it was implemented.
Recapitulando:

1. O CEO da Enron pode ser condenado a 175 anos de cadeia pela sua responsabilidade na falência da empresa, que provocou perdas de milhares de milhões de dólares. O acusado nega ter tido qualquer conhecimento de condutas sancionáveis penalmente por parte doutros elementos da empresa. O advogado responsável pela defesa dos accionistas acusa a Enron de destruir documentação incriminatória e ridiculariza a pretensão de inocência de Ken Lay, considerando que a alegação de desconhecimento deste é "hilariante" e que era a sua "elementar obrigação" saber o que se passava na empresa.

2. O programa Oil for Food permitiu a Saddam Hussein extorquir milhares de milhões de dólares, que foram desviados das utilizações consignadas no programa para as suas "finalidades electivas". No total, são mais de 21 milhares de milhões de dólares de receitas ilícitas. Kofi Annan nega qualquer conhecimento da gigantesca corrupção envolvida neste programa administrado pela ONU sem que tal seja, aparentemente, considerado "hilariante". Durante a conferência de imprensa, em resposta a questões de diversos jornalistas, Paul Volcker admitiu que uma série de documentos que poderiam conter informação relevante foram destruídos na altura em que o inquérito teve início:
"It accused Annan's former chief of staff, Iqbal Riza, who retired in January, of giving the OK to shred three years of files on April 22, 2004 the day after the U.N. Security Council authorized the Volcker investigation. The files which Riza said were duplicates contained documents related to the oil-for-food program that were unavailable in the U.N. records file, the report said."
3. A empresa suíça Cotecna consegue um importante contrato no âmbito deste programa, que representa cerca de 10% da sua facturação total. O filho de Kofi Annan, Kojo, foi contratado por esta empresa em 1995 e continuou a receber pagamentos a título de remuneração de serviços e de reembolsos por "despesas efectuadas" até Fevereiro de 2004. No total recebeu cerca de 400 000 dólares da empresa suíça. Entre 1999 e 2004, Kojo Annan recebeu 2 500 dólares de salário mensal. Kofi Annan nega qualquer conhecimento das "ligações empresariais" do filho. O relatório da Comissão Volcker declara que não existem provas "suficientes" para acusar o Secretário-geral da ONU de corrupção e sugere que o filho de Kofi Annan não terá dito "a verdade" ao pai e à Comissão de inquérito acerca da natureza e extensão da sua relação com a empresa em questão. É "ponto assente" que Ken Lay "não podia" desconhecer o que se passava no seu grupo empresarial, mas parece ser pacífico que Kofi Annan desconheça por completo as actividades profissionais do seu filho durante 10 anos, ainda por cima quando estas podem estar na origem de conflitos de interesses.

Da comparação das duas situações cada um conclua o que quiser. A implicação política de toda a sequência de escândalos inadmissíveis em que a ONU se vê envolvida parece-me incontornável e já a explicitei em mais do que uma ocasião: a demissão de Kofi Annan é uma condição necessária para qualquer reforma que pretenda devolver um módico de credibilidade à ONU. Independentemente das agendas políticas dos diversos países com assento no Conselho de Segurança (e de outros que gostariam de ter).