O Freitas - II
(Continuação)
Se o percurso político de Freitas não me choca, o mesmo já não poderei dizer das suas posições anti-americanas e da sua escolha para Ministro dos Negócios Estrangeiros. Comecemos pelo primeiro choque. Após o 11 de Setembro 2001, o Professor Freitas do Amaral, criticou de forma dura e violenta as decisões de política externa da Administração Bush. Estava no seu direito. Muitos chamaram a atenção para o perigo de decisões precipitadas que poderiam levar a um verdadeiro ‘choque de civilizações’. Sucede que Freitas não se ficou por aqui. Foi mais longe. Chamou de Hitler a Bush, afirmou, mencionando os neo-conservadores, que a extrema-direita dominava a Casa Branca e que a intervenção no Iraque equiparava-se à invasão da Áustria pelo exército nazi. Para além de tais afirmações revelarem uma enorme má-fé, elas são o prenúncio de uma clamorosa ignorância do que se passa nos EUA. Do que é o movimento neo-conservador que, ao contrário do que por aí se diz, não é extremista nem radical, mas constituído por muitas pessoas que transitaram do trotskismo para o partido republicano. Pior que tudo, Freitas fez gala desta ignorância, não a escondeu nem ocultou. Pelo contrário, expô-la a céu aberto, assumiu um ar professoral, tratando todos os que o criticavam, muitos de forma fundamentada, com uma enorme complacência. Digamos que para um académico tal atitude não é, nem a mais correcta, nem a mais esperada.
É aqui que chego a meu segundo choque. A chegada de Freitas do Amaral a Ministro dos Negócios Estrangeiros. É importante saber até que ponto, as suas declarações de há 2 e 3 anos atrás não prejudicarão a posição de Portugal na sua relação transatlântica. Será que Freitas de Amaral ainda considera Bush como semelhante a Hitler? Será que já procurou saber um pouco mais sobre o neo-conservadorismo, ou continua a considerá-los de extrema-direita? Se olharmos para o que se passa em Espanha que, em virtude dos devaneios de Zapatero, anda perdida, não se encontrando nem na sua relação com a Europa nem com os EUA, temos muitas razões para nos preocuparmos e mais ainda para exigir de Freitas do Amaral uma clarificação rápida e sincera.
por André Abrantes Amaral @ 3/07/2005 02:11:00 da tarde
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