7.3.05

Educação e bom senso

…um país não pode viver sem trabalhadores braçais e só com funcionários de secretária. Pior de tudo, a escola, que se julga a solução mágica do desenvolvimento, como é livresca e abstracta não forneceu aos jovens a produtividade que lhes garanta salários altos. Só lhes deu o sonho de os ter…

Depois, o desemprego sobe com muitos empregos desocupados. Uma vaga num escritório tem milhares de candidatos, mas faltam jornaleiros, carpinteiros, canalisadores.Quanto aos estudantes que avançam para o ensino superior, eles são vítimas das modas intelectuais…"o que interessa é fazeres o que gostas!"

…Faltam licenciados em cursos técnicos, mas estudam-se matérias que, por muito interesse que tenham, dificilmente serão absorvidas pela circunstância do país…

Multiplicam-se as licenciaturas hiperespecializadas…que amontoam os licenciados competindo pelos poucos lugares disponíveis no respectivo sector

…esta é uma das formas pelas quais o ensino, alegadamente motor essencial do progresso, acaba por distorcer e atrasar aquilo que deveria promover.

A educação não gera o desenvolvimento. Só a boa educação o faz. A má, aqui como em tudo, é apenas um desperdício de tempo e recursos. A principal diferença entre a boa e a má educação é o bom senso.

João César das Neves
DN, 07/03/2005