O medo da liberdade
O Luís Rainha respondeu a este meu ‘post’ sobre a Segurança Social. Para tal, defendeu, uma vez mais, as vantagens de a segurança social continuar nas mãos do Estado por apenas assim se salvaguardarem os direitos dos mais pobres. Sempre que vem a ‘lume’ a ideia de as pessoas deixarem de ser obrigadas a fazer descontos para a segurança social, surge a mesma cantilena. Assim sendo, é importante esclarecer melhor o meu argumento.
Se o problema é o risco de os mais pobres ficarem sem reforma, então que se fale verdade e se institua uma contribuição (naturalmente menor) para criar o género de uma ‘rede de segurança’. Um fundo para quem tem menos e poucas perspectivas de conseguir uma velhice ‘digna’. No entanto, o ponto essencial de toda a discussão à volta da segurança social não é este. É antes o nada justificar que se obriguem todos, todos os meses, a descontar para algo que não lhes dá qualquer garantia.
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Qual o objectivo em coagir os cidadãos a este pagamento mensal? Só vejo um: O medo da liberdade. Durante décadas, o Estado habituou-se a controlar os cidadãos, delineando as suas reformas, alterando as regras a seu bel-prazer e não dando quaisquer satisfações do quer que seja. A possibilidade, a mera possibilidade de, em Portugal, todos sairmos por aí a correr a fazer os nossos próprios descontos, assusta muita gente. Gente demasiado zelosa para deixar cair assim o seu poder.
O Luís pode ter muito boa vontade, mas esquece que a desejabilidade de um objectivo, por muito benéfico que seja, não justifica a coerção sobre os outros. O grande problema nesta discussão é que a esquerda portuguesa, que tanto disse amar a liberdade, se cansou e, no que diz respeito a certas liberdades cívicas, está hoje do lado da autoridade. Veremos, no futuro, qual o discurso mais atractivo.
por André Abrantes Amaral @ 10/12/2006 03:33:00 da tarde
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