Interferências

A interferência é um fenómeno natural muito complexo que geralmente ocorre quando duas ondas, com aproximadamente a mesma frequência, interagem entre si, dando origem a um resultado que se considera construtivo, destrutivo ou nulo, consoante a fase de cada uma e a amplitude final da onda resultante.

Tal como estas ondas, também os homens, eternamente condenados a actuar sobre uma ordem de grandeza muito semelhante, interferem mutuamente com os seus congéneres. Também eles conseguem cooperar através dos seus mecanismos próprios, criar sociedades prósperas, construir civilizações e dar um futuro melhor a novas gerações, que nunca chegaram a sentir as comparativamente deploráveis condições sobre as quais os seus ancestrais construíram o seu passado e as suas vidas. Infelizmente, e porque continuamos invariavelmente a falar de seres humanos, conseguem também fazer muitas vezes o oposto – criando a guerra e todas as suas consequências, através da expansão dos seus desejos de exercer poder uns sobre os outros. Como há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não, regularmente se dá uma aniquilação de parte a parte.

Como tal, esta coluna, que se espera de frequência semanal (aproximadamente 1,65 µHz) – hoje publicada um dia depois devido a imperdoáveis falhas de implementação quanto às directrizes do Plano Tecnológico – pretende ser um veículo de expressão sobre várias destas discordâncias, incoerências, pequenos paradoxos e negações sistemáticas, observadas através de um prisma que privilegia a liberdade, com a intenção, inevitavelmente, de abrir pequenas grandes frestas na obscuridade que teima em toldar a reflexão de muitos e perverter as conclusões precipitadas de tantos outros.

Para finalizar, gostaria de agradecer aos outros autores desta casa que generosamente me convidaram a partilhá-la com eles, mostrando (mais uma vez) que (muitas vezes) os defensores do individualismo também sabem e apreciam trabalhar em equipa.