A propósito das teorias da conspiração sobre o 11 de Setembro
Deadlock, por dos Santos. ###Galvanizadas pela crescente onda de especulação em torno dos ataques de 11 de Setembro, as teorias da conspiração sobre o que realmente ocorreu nesse dia fatídico ganham, a cada dia que passa, novos adeptos e mais fervorosos pseudo-investigadores que conseguem descortinar mais um pormenor sombrio que aparenta provar, irrefutavelmente, que a destruição das torres gémeas não foi somente obra da Al-Qaeda (se o foi de tudo obra da Al-Qaeda, caso exista) e que também terá contado com a conivência do governo americano (se apenas conivência) ou, provavelmente, orquestração judaica de forma a ganhar um pretexto para obrigar o estado americano a organizar ofensivas à escala global contra o mundo islâmico.
(...)
Qualquer um de nós pode afirmar que havia um plano secreto da CIA e do Mossad para destruir o WTC e o Pentágono porque nenhum de nós tem acesso a um documento que afirme claramente que a suposta existência deste plano não passa de uma fraude. E se esse documento existisse, seria obviamente suspeito. Qual seria o significado de um documento que declarasse que uma conspiração não existia, certificado pela entidade que é acusada de a pôr em prática? Minimamente intrigante e enigmático. Nunca pode existir um documento que prove que a conspiração não existia, o que perpetua a ideia de que a teoria se mantém válida até prova em contrário, prova essa que nunca pode existir e que apenas serviria para reforçar a teoria inicial.
As teorias da conspiração não são, por definição, falsificáveis nem seguem o princípio segundo o qual a explicação mais simples, lógica, óbvia e coerente é provavelmente a correcta, de acordo com as informações disponíveis. Para as provar como erradas, exigem necessariamente um mundo de 100% de certezas e de acesso a toda a informação de sistemas complexos que é impossível de reunir no mundo real, no qual não se tem possibilidade alguma de regressar ao passado. Qualquer teoria histórica sobre um acontecimento acarreta um determinado nível de incerteza e qualquer pessoa pode jogar com isso para benefício próprio da sua imaginação fértil.
por André Azevedo Alves @ 9/12/2006 05:03:00 da tarde
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