Os heterónimos extremistas e os provedores
O João Miranda levanta uma questão muito pertinente sobre os empenhados "consumidores do canal público" que pedem insistentemente a Paquete de Oliveira, provedor do Telespectador da RTP, para rever o "documentário" Loose Change, uma peça de propaganda grosseira e paranóica que reúne uma boa parte das mais absurdas teorias da conspiração sobre o 11 de Setembro.
Ainda há pouco tempo, foi possível detectar uma instrumentalização semelhante do provedor do Público pela extrema-esquerda, nessa altura para pressionar José Manuel Fernandes relativamente aos seus editoriais sobre a resposta de Israel às agressões do Hezbollah.
Quem compreender os mecanismos da acção colectiva facilmente se apercebe de que os provedores são uma ferramenta ideal para que grupos minoritários extremistas - como o PCP e o BE - consigam através da acção directa aumentar ainda mais a sua já desmesurada influência na comunicação social. A utilização destes mecanismos permite-lhes simular uma representatividade que de facto não têm. A perversidade maior destas situações está em que, ao serem-lhes concedidos mecanismos que permitem levar a cabo essas simulações e manipulações, os grupos extremistas acabam por beneficiar em termos bem reais da (falsa) imagem criada, não só pelos efeitos de propaganda conseguidos mas especialmente pelo poder efectivo que lhes é atribuído. Assim se explica também a preferência da extrema-esquerda pelas experiências de "democracia" participativa e pelas acções de rua como alternativa à democracia eleitoral burguesa. Para a extrema-esquerda, o padrão é o mesmo de sempre. Só os meios usados e os idiotas úteis que são manipulados vão mudando.
por André Azevedo Alves @ 9/17/2006 02:44:00 da tarde
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