8.9.06

A asneira é livre

"Quando ouvir que a saúde, a justiça e outras coisas que tais não são produtos que se vendem, desconfie"
Agora, como compatibilizar este facto com o dogma liberal-clássico que a Justiça é um serviço do tipo "bem comum"?

Pergunta o António Costa Amaral em comentário a este post e muito bem. Tenho dúvidas que esse seja um dogma liberal-clássico, desde logo porque creio que o conceito de “bem-comum”não cabe na doutrina liberal. O “bem comum” depende tanto da interpretação individual que não é possível qualquer acção colectiva que vise atingi-lo.
Por mim não tenho problema em defender a Justiça em bases utilitaristas. Ou seja, não é uma questão de bem ou mal, é apenas uma ferramenta que regula e garante o contrato social implícito. O verdadeiro utente da organização burocrática judicial é a própria Justiça, que não é um bem em si mesmo, é apenas um contributo para que possamos viver em comunidade sem cair numa sociedade hobbesiana.
No fundo, é uma questão de mind-frame, de paradigma. Em vez de pensarmos em “bem comum” pensemos em utilidade.