Se
Responsabilidades
Que existe a tragédia do chamado “povo palestiniano”, o qual deveria mais apropriadamente chamar-se “povo árabe da Palestina” (Palestinianos são ali todos, incluindo os israelitas), não tenhamos dúvidas. Já a responsabilidade por ela é que deve ser apropriadamente atribuída. Os árabes da Palestina, fortemente apoiados pelos árabes e restantes muçulmanos do resto do Médio Oriente, nunca aceitaram a existência do Estado de Israel. Não o aceitaram em 1948, não o aceitam agora. Se o fizessem, e actuassem em conformidade, as chamadas reacções “desproporcionadas” de Israel deixariam de existir. Diz-se muitas vezes que isto não é verdade e, como prova, apresenta-se a ocupação da Cisjordânia. Porque não sai Israel de lá? Talvez valha a pena reconstituir brevemente a história que levou a essa ocupação. Quando Israel foi criado, os israelitas aceitaram a agora tão propalada solução dos “dois estados”. Os árabes, não. Por isso, no dia seguinte a Israel ter sido criado, Líbano, Síria, Jordânia, Egipto e Iraque lançaram uma guerra para a destruição ab ovo do novo país. Perderam a guerra mas nunca perderam a vontade de destruir Israel. Por isso, persistiram nas ameaças militares, para além de patrocinarem os mais diversos movimentos terroristas palestinianos.
Depois de diversas escaramuças, em 1967 teve lugar nova guerra, chamada dos “Seis Dias”, do qual resultou então a ocupação da Cisjordânia (entre outros territórios, como a faixa de Gaza, por exemplo) por Israel, depois de mais uma vitória contra a Síria, a Jordânia, o Egipto e o Iraque. Portanto, a Cisjordânia só ficou sob controlo israelita muito depois de os árabes terem recusado a solução dos dois estados. E assim ficou, sobretudo por razões de segurança. Basta olhar para o mapa acima.###
Ao contrário do que parece pelas notícias de jornal e televisão, que fariam pensar em Israel como uma espécie de colosso local esmagando vizinhos indefesos, Israel é um país pequeníssimo, com uma elevada densidade populacional, que lhe permite albergar cerca de 6 milhões de pessoas. Em certos pontos, a fronteira entre a Cisjordânia (ou seja, aquilo que seria a parte principal de um presumível futuro estado árabe na Palestina) e o Mar Mediterrâneo (com Telavive pelo meio) não ultrapassa os 15 Km. Quando Israel saiu do sul do Líbano, o Hezbollah ocupou o território desocupado e encheu-o de rockets para atacar Israel. Quando Israel saiu da faixa de Gaza, o Hamas ocupou o território com rockets que passou a lançar contra Israel. Os rockets agora lançados pelo Hezbollah chegaram bem dentro do território israelita, a distâncias muito maiores do que Telavive ficaria do tal futuro estado palestiniano. Como pode Israel sair da Cisjordânia sem pôr em causa a sua segurança e sobrevivência? A intransigência palestiniana resulta nisto. Israel saiu do Líbano e de Gaza e prometeu sair da Cisjordânia. Aquilo que obteve em troca foi o aumento das ameaças à sua segurança e a incapacidade de ser reconhecido enquanto país legítimo. Esta guerra que está em curso vai muito provavelmente resultar numa reocupação do sul do Líbano e (quem sabe?) da faixa de Gaza. Mas se isso acontecer, como sairá Israel da Cisjordânia? Não sai. Com esta guerra, portanto, o optimisticamente chamado “processo de paz” acabou (se alguma vez realmente chegou a começar). Quem sofre com isto é, efectivamente, o tal povo palestiniano. Israel, nem por isso, já que tem meios militares suficientes para enfrentar os seus vizinhos, a menos que o Irão decida usar de meios “desproporcionados”. Os países árabes e o Irão também não sofrerão muito, porque já aprenderam a não enfrentar directamente Israel. Quem sofre são realmente os palestinianos. Mas disso só se têm de culpar a si próprios. E também, já agora, a todos os seus apoiantes que persistem em alimentar os seus delírios. Se estes apoiantes largassem o seu relicário de ideias feitas vindas do tempo da guerra fria, talvez constituíssem pressão suficiente para introduzirem realismo nos planos palestinianos. Mas talvez não seja isso que de facto lhes interessa.
por Anónimo @ 7/19/2006 02:36:00 da tarde
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