22.3.06

Sobre o vazio da direita portuguesa

Órfãos e sem razão de ser, os partidos à direita da esquerda resolveram transformar-se. Muito bem. Se a simples viabilização do Estado Social é agora a causa do eng. Sócrates, talvez valesse a pena explorar outros horizontes, como por exemplo um outro modelo social, assente na responsabilidade individual e participação cívica dos cidadãos. Se os antigos líderes são agora colaboradores do eng. Sócrates, era tempo de aparecer uma nova vaga, disposta a empenhar-se, sem medo e desde já, no trabalho difícil de arranjar uma alternativa ao eng. Sócrates. Não é, porém, isto que se vê. Ninguém, à direita, apresenta projectos políticos, e toda a gente concorda que é ”muito cedo” para disputar abertamente a liderança.

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As elites do PSD e do CDS não se prestigiaram na oposição ao eng. Guterres, e saíram desacreditadas dos governos de 2002-2005. Mas o truque de promover o dr. Santana a bode expiatório poupou a todos o trabalho de perceber o que correu mal. Ninguém, assim, aprendeu nada. Para criar uma alternativa ao eng. Sócrates, convinha começar desde já a definir orientações, trabalhar em políticas, convencer os cidadãos. Três anos não são muito tempo – para quem tem grandes projectos e grandes ambições. Por isso, quando vemos as elites do PSD e do CDS proclamar que ”é muito cedo”, uma coisa se torna claro: não há ali líderes, mas apenas seguidores; não há ali ideias, mas apenas truques. De que estão à espera? De um golpe de secretaria na véspera das eleições de 2009, para depois fazerem, à pressa, uma campanha eleitoral com meia dúzia de ‘sound bites’ que ninguém levará a sério? Ou já deram por perdidas as eleições de 2009, e só contam com o dia seguinte? Talvez não seja cedo: talvez seja é demasiado tarde.