Se
Bash the Fash
Era de prever: mal se abriu uma oportunidade, logo começaram as zurzidelas no Presidente Cavaco Silva e respectivo fascismo em crisálida. Que vai fazer tudo para tapar as fugas de informação, que vai ser assessorado por cripto-fascistas, que baniu o PCP e o BE do Conselho de Estado. Os temas são todos fascinantes, em particular este último. Os maiores queixosos foram, evidentemente, os visados pela decisão do Presidente em não usar a sua quota de nomeações para o Conselho de Estado a fim de assegurar a presença de representantes de partidos que não tinham entrado pela quota do parlamento. Convém perceber que o Conselho de Estado é um órgão consultivo do Presidente que não tem nada que representar o espectro partidário nacional. A decisão revela mesmo uma certa sensatez: quem realmente quer ouvir as opiniões de Odete Santos ou Luís Fazenda a propósito de importantes problemas nacionais? Mas há mais.###
São estes partidos que andam sempre com a palavra fascismo (ou insinuações equivalentes) a propósito de quem não partilhe as suas luminosas ideias. São estes partidos de tradição profundamente anti-democrática, outrora amantes da URSS e da China comunista, e ainda hoje amantes de Cuba, da Coreia do Norte ou da Venezuela chávista que passam a vida a acusar os outros de tentações fascistas. Nada de especial. Este é o código da linguagem política do século XX, onde os movimentos políticos mais anti-democráticos sempre se reivindicaram de uma “outra” concepção de democracia que não a “liberal” ou “burguesa” para acusarem os partidários desta de serem “fascistas”. Também está explicado no 1984, de Orwell. Talvez, dado estarmos já no século XXI, eles quisessem mudar de código. Mas não querem. Alguém se lembra da campanha para as Presidenciais? Jerónimo fartou-se de explicar que a “democracia” poderia ficar “mutilada” com a eleição de Cavaco, que ele poria a “democracia” em “perigo” ou em “risco”, que tinha tendências “autocráticas”. Louçã atirou a Cavaco que desejaria a “morte” dos funcionários públicos, que era um candidato visando “diminuir a democracia”, etc., etc., etc.
Pois são estas criaturas tão dadas ao insulto que agora se vêm queixar de ser maltratadas pelo Presidente. Primeiro atiram-lhe tudo à cara, depois vêm pedir batatinhas. Se fosse eu o Presidente (Deus livrasse e guardasse a Pátria de semelhante desgraça), talvez lá metesse os rapazes. Mas isso sou eu, que tenho bom coração. Agora, um político a sério não tem que ter pena de ninguém. A mensagem de Cavaco é simples: não vale a pena ter a fama sem ter também um bocadinho do proveito. Não sendo igualmente de desdenhar a dimensão pedagógica. Trata-se de explicar aos amigos de Kim e Hugo que, se querem lugares que o Presidente possa escolher, comecem primeiro a falar e actuar como pessoas crescidinhas.
por Anónimo @ 3/22/2006 02:23:00 da tarde
<< Blogue