Liberalismos
(Sem todos links devidos, mas que me desculpem os referidos no post, estou sem paciência)
A discussão sobre o Liberalismo mantém-se nos blogues sem azedar e muito bem. Gostaria de chamar a atenção para os posts do Rui Albuquerque (especialmente), do Rodrigo Adão da Fonseca, JCD , Miguel, A A Amaral e Carlos Novais neste assunto. A entrada da Constança Cunha e Sá (CCS), do José Manuel Fernandes (JMF) no editorial do Público e do Vasco Pulido Valente (VPV) conferem, na minha opinião, mais credibilidade ao debate. Tivéssemos Helena Matos e António Barreto envolvidos e estaria a coisa composta.
Há no entanto um problema, do qual as referidas pessoas, parecem não conseguir libertar-se.
Na blogosfera e apesar das meritórias tentativas de alguns, o debate sobre o Liberalismo mantém-se no que o Henrique Raposo ou o João Galamba chamariam o pré-político. Os habituais críticos do Liberalismo “quimicamente puro”, parecem exigir minuto sim, minuto não, a adequação do pensamento, à realidade do Portugal ou do Mundo (ou vice-versa)de Janeiro de 2006. Não é no entanto notório, nem nos mais radicais entre nós (se me é permitido) qualquer intenção de conquista de poder político ou mediatico e salvo uma ou outra excepção, nem sequer especial vaidade na própria atitude Liberal que tentamos imprimir ao nosso dia-a-dia. Para os cépticos ou desatentos, a escrita destes blogues é o reflexo de vidas de pessoas concretas que não se envergonham de viver como Liberais.### Daqui decorre (sem que os críticos o saibam) a eventual acusação de fanatismo ou deslumbramento. Não há nenhum fanatismo nem deslumbramento. Há, isso sim, discussões do ponto de vista teórico, que a prazo terão consequências, mas a realidade é o que é. Não vejo ninguém por aqui (talvez o CN e o BrainstormZ) que queira que no dia 2 de Fevereiro de 2006, o Estado passe a ter exclusivamente as funções que os Liberais lhe reconhecem como fundamentais, ou que o Mundo reconheça a validade das ideias de Bastiat, Hayek, Mises ou Rand, de um dia para o outro. As críticas ao Liberalismo “quimicamente puro” enfermam da grelha ideológica social-democrata que não concebe o pensamento político sem que este se proponha à conquista do poder.
As críticas (correctas à primeira vista e mais as de uns que as de outros) de JMF, CCS, VPV e outros, centram-se essencialmente na forma ou na táctica. Vou repetir-me. Há duas coisas absolutamente distintas:
A realidade actual, a que cedem por motivos tácticos os pragmáticos, normalmente auto-intitulados liberais-conservadores
A teoria Liberal da qual ninguém é proprietário e que eu conheço mal.
Talvez porque na maior parte dos blogues Liberais escreverem pessoas com maior formação técnica que humanística (onde é que já ouvi isto?) é-lhes mais fácil separar as duas. O que se pede aos críticos e apoiantes é que tentem fazer o mesmo e daí façam as suas críticas focadas no conteúdo do que escrevem os Liberais, sejam ou não extremistas.
Mais uma vez (lá vão as leituras), Jean François Revel, indiscutívelmente um Liberal. Os factos são anti-revolucionários. Ninguém quer o Mundo virado de pernas para o ar. O que me move é acreditar (não é Fé) que é possível ter um pouco mais de Liberdade amanhã, e um pouco mais depois de amanhã e assim sucessivamente. Sejam os meus bisnetos a viver um bocadinho melhor, que fico satisfeito.
por Helder Ferreira @ 2/01/2006 12:56:00 da manhã
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