É a vida
Não conheço os amigos liberais do Rodrigo Moita de Deus (grande nome!), mas devem ser pessoas atinadas. Naquele seu jeito bem humorado diz muito com pouco e nesse sentido devia ser um exemplo para os Governos.
O Rodrigo (se me é permitido) começa por se esquecer disto:
1.A EDP não está em risco de ficar nas mãos da Iberdrola, mas mesmo que esteja, não muda nada. Passamos de um monopólio para outro.
2.A intervenção do estado nesta coisa só é necessária para tentar remediar milhentas outras intervenções anteriores, nomeadamente a sua responsabilidade na criação de um monopólio e a promiscuidade entre os negócios e a política.
3.Resolver a questão do monopólio é fácil. Liberalize-se totalmente. Quem quiser que venha cá vender energia, venha da China, de Espanha ou do Belize. E se o Sr. Patrick Barros quiser construir a famigerada central que o faça, com o dinheiro dele. ###
4.A questão do administrador nomeado pela Iberdrola é mais um exemplo. Não consta que o BCP tenha o mesmo problema e é participado pelo BPI e pela CGD. Ring a bell?
Precisamente por os mercados estarem ao serviço das pessoas é que estas têm que ter liberdade de escolha (o mercado que se amanhe a dar-lhes o melhor pelo melhor preço), precisamente por os mercados estarem ao serviço das pessoas é que tem que ser o mercado a satisfazer as necessidades das pessoas e não uma qualquer ideia de “Ah! não tenho nada no bolso, mas tenho um porta-moedas”, esquecendo que pode ter as moedas sem precisar do dito para nada.
Os gauleses eram os bons, mas para tomar um banho decente tinham que ir bater nos romanos e provavelmente morriam de constipações. Não fosse o desaparecimento do Panoramix e se calhar ainda agora andariam de carroça, a comer peixe estragado e, pior, a aturar os descendentes do Assuracentourix!
Se a Zara pagar aos empregados para aprenderem espanhol, quem fica a ganhar? Na América Latina, em Espanha e nos EUA, falar espanhol (castelhano) é uma vantagem. Porque não aproveitá-la? “Ai meu Deus (o outro) a língua”. As línguas nascem e morrem e daí não vem mal ao mundo (heresia!!!) nem a ninguém em particular. Não acredito que haja muita gente a ler um qualquer poeta português do Sec XIII no original e isso não impediu Fernando Pessoa, que está mais que traduzido. E sim, os espanhóis são provincianos no que respeita ao mercado, mas há pior. Por exemplo os franceses para quem uma empresa que faz iogurtes é estratégica (seja lá o que isso for).
Mas enfim, já sei que o Rodrigo vai transformar este post (se responder) numa coisa ridícula e hilariante. É a vida.
Do Henrique Raposo (com o devido respeito) esperava mais. No primeiro parágrafo e parte de segundo diz o óbvio e qualquer Liberal concorda. O Henrique sabe que ninguém tem tanto interesse na eficácia e na força do Estado como os Liberais e que a única maneira como o concebem é ao serviço das comunidade, o que, infelizmente está longe da realidade actual. Fala no exemplo da "nega" dos americanos aos chineses. A empresa chinesa é estatal, e os interesses dos Estados não são necessariamente os mesmos que os das empresas ou os das pessoas. Como na maior parte destes casos, não é o mercado a comprar ou a vender, são os Estados. Qual mercado? Inter-estatal?
No plano da política e das relações Internacionais como existem (o que é), o Liberalismo é impraticável e pode parecer uma ideologia* na boca ou na pena de alguns, só que por aqui, por aqui, por aqui e por aqui por exemplo, discutem-se princípios também. E não pode haver compromissos. O Henrique ainda não se esqueceu da “Lealdade e Coragem”, pois não? Lealdade ao pragmatismo? Coragem de pensar dentro da grelha conceptual social-democrata?
A globalização não tem que estar ao serviço dos Estados, tem que estar ao serviço das pessoas concretas. A globalização não ocorre entre Estados, ocorre entre as pessoas e por isso é que os medrosos lhe chamam neo-liberalismo ou exigem uma globalização-outra. Porque se fosse entre Estados seria regulável, seria possível pará-la e domá-la. O que como o Henrique bem sabe é o desejo mais profundo das elites do status-quo e do esquerdismo bem-pensante, que perdeu uma batalha, mas sabe que não perdeu a guerra. E a trégua so durou dez anos.
Claro que a economia Liberal está a montante das pessoas, não é um fim em si mesma. Não se pode é esquecer que sem economia Liberal, não é possível a vontade sequer. Seja ela qual for. E o contrário também é verdade, sem a vontade Liberal, não há economia Liberal.
Se discordar disso é recusar a tradição Liberal, pois seja, mas duvido.
* Não me vou meter por ai outra vez. Precisaria de interlocutores e são poucos.
por Helder Ferreira @ 1/05/2006 11:56:00 da tarde
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