[este post não foi inspirado por este escrito do CAA ] O André (Azevedo Alves) publicitou aqui recentemente um post do Rui A. sobre Juan de Mariana . O autor concluiu que:"Juan de Mariana foi um liberal e um percursor dos clássicos e é, também, entre outros, um excelente exemplo para contrariar os fanatismos obscurantistas que pretendem reduzir a instituição que é a Igreja Católica, a sua História e os homens que a fizeram, nas perseguições da Inquisição." O propósito do post é digno de aplauso, ainda para vais vindo de um não católico. Na sequência da leitura deste post, fiz algumas pesquisas na Catholic Encyclopedia de 1917 e recorri à única obra de Juan de Mariana que se encontra publicada na Internet: A Treatise on the Alteration of Money . Por muito que eu queira fazer coro com a conclusão acima citada, não posso deixar de referir que:Algumas das opiniões de Juan de Mariana citadas no post (e no texto de Jesus Huerta de Soto indicado como referência) não são compatíveis, nem nunca foram compatíveis, com a doutrina da Igreja. Falo, nomeadamente, da posição atribuída a Juan de Mariana sobre:a propriedade privada. O post refere que Mariana considera que a propriedade é um direito absoluto. A Igreja, apesar de ter historicamente defendido o direito de propriedade nomeadamente contra as pretensões marxistas, submete o referido direito ao princípio do destino universal dos bens . (Curiosamente, esta posição apresenta algumas semelhanças com a posição defendida por John Locke na sec. 31 e sgs do 2º Tratato sobre o Governo Civil ). sobre o tiranicidio. Apesar da Igreja reconhecer o direito à resistência armada em situações muito específicas , o tiranicidio viola a Lei Moral. Aliás, a posição de Juan de Mariana foi expressamenta condenada: As a matter of fact, Mariana stated that his teaching on tyrannicide was his personal opinion, and immediately on the publication of the book the Jesuit General Aquaviva ordered that it be corrected. He also on 6 July, 1610, forbade any member of the order to teach publicly or privately that it is lawful to attempt the life of a tyrant . sobre “governo da sociedade de Jesus”: The further development of the order and the further papal confirmation of the principle of the order show Mariana to have been wrong in his criticisms, though his subjective culpability is much lessened by the circumstances. He never left the order; and there seems to have been an entire reconciliation in his last years . Algumas das opiniões de Juan de Mariana referidas neste livro não seriam aceitáveis por muitos libertarians , em particular a sua defesa da imposição de impostos sobre a importação de ’bens de luxo’ e da confiscação parcial de bens das vítimas das burlas perpetradas por funcionários do fisco (último capítulo do livro). Pelo menos uma das opiniões dos escolásticos espanhóis citadas no texto de Jesus Huerta de Soto é, aparentemente, citada fora do contexto; faz-se uma leitura moderna do conceito escolástico de ‘justo valor’:"common estimation" was a traditional scholastic way of discovering a just price. Common estimation was the common opinion of men in general as to what was a reasonable price, and though it might in many cases be based in part on factors that included certain market forces, such as the "abundance or scarcity" of the item in question, the important point to recognize is that common estimation and the market price of Austrian or neoclassical economics do not mean the same thing. That is, even if in some cases they might coincide, they do so for different reasons .
[este post não foi inspirado por este escrito do CAA ] O André (Azevedo Alves) publicitou aqui recentemente um post do Rui A. sobre Juan de Mariana . O autor concluiu que:"Juan de Mariana foi um liberal e um percursor dos clássicos e é, também, entre outros, um excelente exemplo para contrariar os fanatismos obscurantistas que pretendem reduzir a instituição que é a Igreja Católica, a sua História e os homens que a fizeram, nas perseguições da Inquisição." O propósito do post é digno de aplauso, ainda para vais vindo de um não católico. Na sequência da leitura deste post, fiz algumas pesquisas na Catholic Encyclopedia de 1917 e recorri à única obra de Juan de Mariana que se encontra publicada na Internet: A Treatise on the Alteration of Money . Por muito que eu queira fazer coro com a conclusão acima citada, não posso deixar de referir que:Algumas das opiniões de Juan de Mariana citadas no post (e no texto de Jesus Huerta de Soto indicado como referência) não são compatíveis, nem nunca foram compatíveis, com a doutrina da Igreja. Falo, nomeadamente, da posição atribuída a Juan de Mariana sobre:a propriedade privada. O post refere que Mariana considera que a propriedade é um direito absoluto. A Igreja, apesar de ter historicamente defendido o direito de propriedade nomeadamente contra as pretensões marxistas, submete o referido direito ao princípio do destino universal dos bens . (Curiosamente, esta posição apresenta algumas semelhanças com a posição defendida por John Locke na sec. 31 e sgs do 2º Tratato sobre o Governo Civil ). sobre o tiranicidio. Apesar da Igreja reconhecer o direito à resistência armada em situações muito específicas , o tiranicidio viola a Lei Moral. Aliás, a posição de Juan de Mariana foi expressamenta condenada: As a matter of fact, Mariana stated that his teaching on tyrannicide was his personal opinion, and immediately on the publication of the book the Jesuit General Aquaviva ordered that it be corrected. He also on 6 July, 1610, forbade any member of the order to teach publicly or privately that it is lawful to attempt the life of a tyrant . sobre “governo da sociedade de Jesus”: The further development of the order and the further papal confirmation of the principle of the order show Mariana to have been wrong in his criticisms, though his subjective culpability is much lessened by the circumstances. He never left the order; and there seems to have been an entire reconciliation in his last years . Algumas das opiniões de Juan de Mariana referidas neste livro não seriam aceitáveis por muitos libertarians , em particular a sua defesa da imposição de impostos sobre a importação de ’bens de luxo’ e da confiscação parcial de bens das vítimas das burlas perpetradas por funcionários do fisco (último capítulo do livro). Pelo menos uma das opiniões dos escolásticos espanhóis citadas no texto de Jesus Huerta de Soto é, aparentemente, citada fora do contexto; faz-se uma leitura moderna do conceito escolástico de ‘justo valor’:"common estimation" was a traditional scholastic way of discovering a just price. Common estimation was the common opinion of men in general as to what was a reasonable price, and though it might in many cases be based in part on factors that included certain market forces, such as the "abundance or scarcity" of the item in question, the important point to recognize is that common estimation and the market price of Austrian or neoclassical economics do not mean the same thing. That is, even if in some cases they might coincide, they do so for different reasons .
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