7.11.05

Mistura social

o problema-chave [dos motins nos subúrbios de Paris] é identitário, ainda que agravado por dinâmicas de exclusão social. Agravado apenas, porque pobre não tem que ser, automaticamente, delinquente! A sistemática e fácil associação entre pobreza e delinquência, para além de não ter suporte empírico, é estigmatizante. Porém, a pobreza pode facilitar a produção da delinquência e de comportamentos violentos quando está associada à rarefacção dos controlos morais que se tornam efectivos pelo julgamento colectivo. Ou seja, embora as nossas sociedades não sejam comunidades, só são viáveis quando incluem dinâmicas comunitárias de pressão social.
e Paulo Pedroso:
Para ajudar à compreensão do que se passa em França vale a pena ler este [pdf] relatório da sua Inspecção-geral da educação, de 2004, que abordou de modo impressivo e preocupante os fenómenos de intolerância religiosa nas escolas das comunidades segregadas.

Quem pensa que o que está em causa é apenas o comportamento dos jovens islâmicos, engana-se, embora entre estes a gravidade da situação a que já se chegou pareça maior.

Uma das mais importantes conclusões conduz a um apelo à acção promotora da mistura social (e, consequentemente, religiosa) nas escolas. Só surpreende que o apelo já seja necessário e desta forma.