Liberdade crucificada
A retirada dos crucifixos nas escolas públicas tem dado ‘pano para mangas’ na blogosfera. De um lado, quem considera a sua existência um ultraje à liberdade religiosa, do outro os que entendem a sua proibição um ataque à Igreja. No meio de tudo isto, muitos concluem não passarem os liberais, que defendem a manutenção dos ditos crucifixos, de uns míseros conservadores do antigamente.
Não era, no entanto aqui que gostaria de colocar o debate. A questão é: Qual o mal dos crucifixos? O que há de errado com os símbolos religiosos? No início deste mês de Novembro, Timothy Garton Ash (e é Timothy Garton Ash...) chamava a atenção da importância dos símbolos (entre os quais os religiosos) para a recuperação da Europa. As pessoas precisam de recordações, de algo que as oriente e lhes dê alento. E são precisamente essas pessoas que ficaram fora da discussão. O Ministério da Educação descobriu existirem escolas no norte do país com crucifixos nas salas de aula, mas nem lhe passou pela cabeça que talvez ainda assim seja, porque os pais dos alunos ainda assim o desejam. Se as escolas querem ter crucifixos, tenham-nos. Se não querem, não os possuam. Os pais que decidam onde colocar os filhos a estudar. A liberdade está aqui. Na livre escolha de cada um. Não está na decisão unilateral e centralizada de um homem que, sentado num gabinete em Lisboa julga, sozinho, saber o que é melhor para todos, regulando tudo pela mesma bitola. A dele. A batalha da liberdade consiste nisto: Em convencer os governos que sabemos mais da nossa vida que eles. Por esta razão, e ao contrário de alguns comentadores deste blogue, considero importante este assunto dos crucifixos nas escolas. Tal como julgo ter o André Azevedo Alves batido no ponto quando concluiu ser imprescindível encontrar alternativas de liberdade à escola pública. Liberdade religiosa não é laicidade. Liberdade religiosa é cada um ter espaço para seguir como entender a sua religião.
por André Abrantes Amaral @ 11/30/2005 11:35:00 da manhã
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