30.11.05

A metadona do intolerante laicismo substitui o ópio do povo?

  • No Manifesto Fundador da Associação República e Laicidade pode ler-se:
    A percentagem de casamentos civis sem cerimónia religiosa em 2001 foi de 37.5%, um nítido progresso relativamente a 2000 (35.2%), e que mais que duplica a percentagem de 1973 (17.8%).
    Pergunto eu: porque razão é que numa República Laica é um progresso a diminuição da percentagem de casamentos religiosos ? Esta é uma estranha noção de neutralidade.

    E porque razão é que na lista de links que se encontram na página da associação só se encontram associação ateístas, humanistas/livre pensadoras e cépticas/racionalistas ? Afinal, o manifesto fundador afirma que o movimento república e laicidade deverá dar voz aqueles que concordam com os objectivos da associação "independentemente de se identificarem ou não com qualquer confissão religiosa".###

  • Entretanto, ainda ninguém me explicou porque razão a bandeira nacional, o calendário e as nossas notas e moedas não são inconstitucionais. (Existem muitos mais exemplos divertidos).

  • Aguardam-se também os estudos sobre o sofrimento psicológico dos alunos cristãos resultante da retirada das crucifixos das escolas. Não estará o estado a tentar transmitir de forma pouco subtil uma determinada mensagem e a impor uma determinada doutrina às criancinhas?

    Em simultâneo, podiam ser publicados os estudos sobre os efeitos psicológicos nefastos da presença dos crucifixos nas aulas e, em anexo, a extensa lista de queixas apresentadas nas últimas décadas por alunos e pais sobre esta matéria.

  • E que mal é que faz estarem os crucifixos nas paredes? Se Deus não existe, se não possível conhecê-lo ou se Cristo não é Deus, tando faz lá estar o Crucifixo como não estar. É um adereço, uma decoração de parede, um cabide. Ou será que ateus, agnósticos e membros das outras religiões têm dúvidas ? Pelo contrário, para os alunos cristãos, que ainda vão sendo muitos, o crucifixo recorda-lhes a presença de Deus, a Paixão de Cristo, a Redenção, o amor que Deus tem pelas suas criaturas, recorda-lhes que não há maior amor do que dar a vida pelos amigos, recorda-lhes o Céu. Enfim, mal não fará...
P.S. Para saber o que é a realmente a separação entre o Estado e a Igreja, leia-se este post:

- É não identificar a lei religiosa com a civil. A existência de crucifixos nas escolas é uma forma de identificar a lei religiosa com a lei civil ? Não é.

- É pretender que o Estado não se intrometa, não exija ou não impeça os actos especificamente religiosos (profissão da fé, prática dos actos de culto e dos sacramentos, doutrinas teológicas, comunicação recíproca entre as autoridades religiosas e os fiéis, etc.), a menos que a ordem pública assim o exija. A existência de crucifixos nas escolas é uma forma exigir a prática de actos espeficificamente religiosos ? Não é.

- É pretender que o reconhecimento dos direitos civis e políticos e a realização de serviços públicos não esteja condicionada a convicções ou prestações de natureza religiosa da parte dos cidadãos. A existência de crucifixos nas escolas nega algum direito civil ou político ou a prestação de algum serviço público? Não.