25.10.05

Unesco e Conselho Supremo da Revolução Cultural do Irão: a mesma luta

No princípio da semana, o Conselho Supremo da Revolução Cultural iraniano proibiu os filmes estrangeiros "laicos", "feministas", "liberais", "niilistas" e que "denigram a cultura oriental", bem como os CD que estimulem "a violência e o consumo de droga e façam a propaganda da opressão mundial", terminologia que designa os EUA no Irão. O recém-eleito presidente Mahmoud Ahmadinjead, que também encabeça aquela instituição, declarou ainda que "os iranianos têm por missão criar uma sociedade ideal baseada no Corão".###

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Na quinta-feira, foi aprovada pela Conferência Geral da UNESCO, em Paris, a pomposamente designada Convenção Sobre a Diversidade Cultural - com 148 votos a favor, dois contra, dos EUA e Israel, e quatro abstenções -, uma iniciativa da França, secundada pelo Canadá, na qual se estipula que "as actividades, bens e serviços culturais (...) não devem ser tratados como tendo exclusivamente um valor comercial", e autoriza os países membros a tomar "as medidas que julguem apropriadas" para protegerem o seu património cultural.

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O Irão, membro da UNESCO desde 1948 e imbuído, por antecipação, do melhor espírito da Convenção Sobre a Diversidade Cultural, acaba assim de tomar uma medida exemplar no combate ao "imperialismo cultural americano" e na defesa da sua "diversidade cultural". Sem esquecer o estímulo ao "diálogo de culturas", claro.


(via Miss Pearls)