6.9.05

Os amantes do Katrina

O mundo está hoje repleto de amantes de Katrina, como ontem de admiradores de bin-Laden.###

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Tantos são os crimes e tantos os criminosos na longa preparação da tragédia, que os primeiros jamais serão investigados e os segundos jamais serão punidos. O remédio, naturalmente, é cuspir no culpado de sempre. George W. Bush provocou o furacão porque não assinou o protocolo de Kyoto. George W. Bush gastou no Iraque o dinheiro da reforma das barragens. George W. Bush não convocou a Guarda Nacional em tempo. George W. Bush não mandou o Exército para socorrer a multidão de vítimas, porque eram negras e ele é um maldito racista branco.

Adianta dizer que mil Protocolos de Kyoto não mudariam o clima terrestre em tão pouco tempo, sobretudo porque essa fraude monumental isenta de restrições ecológicas os maiores poluidores do mundo, China e Índia?

Adianta dizer que o dinheiro que foi para o Iraque não era da reforma e que, se a verba inteira da guerra fosse para a reforma, jamais a barragem ficaria pronta antes de chegar o furacão? Adianta dizer que não faz sentido acusar os EUA, ao mesmo tempo, de estar no Iraque para ganhar dinheiro e para desperdiçar dinheiro? Adianta dizer que os cortes de verbas para a Louisiana já vinham do tempo de Clinton e que aliás deixar de fazê-los não construiria barragem nenhuma, só encheria ainda mais os bolsos dos políticos locais?

Adianta dizer que quem não quis a Guarda Nacional em tempo foi o governo da Louisiana, e que aliás a Guarda Nacional é uma organização de voluntários, espalhados por suas casas e empregos, impossíveis de reunir em número suficiente para um desafio dessas proporções em menos de três ou quatro dias?

Adianta dizer que uma lei americana centenária (Posse Comitatus, de 1879) proíbe a mobilização do Exército para qualquer assunto interno, que mudar essa lei seria uma discussão de meses no Congresso e que George W. Bush não é o Congresso?

Não, não adianta. Nos EUA, é claro, só uma fração mínima da opinião pública levou a sério as calúnias escabrosas que, como sempre, vieram pela boca dos Jesses Jacksons e Michael Moores. No Brasil, elas passam por verdades absolutas.

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Sabem que ninguém, nos EUA, quer um metro quadrado, um centímetro quadrado, um milímetro quadrado da América Latina, nem dado de graça. Sabem que, se a população do Brasil inteiro, de joelhos, implorar aos americanos: "Invadam-nos", a resposta será: "Não, obrigado. Vocês têm idéia de quantos soldados e funcionários teríamos de enviar para botar ordem nessa bagunça infernal que vocês armaram aí? Têm idéia de quanto custaria isso? Daria para reconstruir duzentas New Orleans."

Pois é, aqueles fulanos sabem de tudo isso, mas mentem, porque só são jornalistas nominalmente. Em substância, são agentes de influência, o que é coisa totalmente diversa. Explicarei a diferença num dos próximos artigos.