O dilema socialista
As críticas ao governo de Sócrates que se começam já a ouvir e se vão acentuar durante o Outono não podem, naturalmente, atribuir a este governo a exclusividade das culpas pelo estado calamitoso da economia e até mesmo dos fogos de Verão. Os problemas já existiam antes de Fevereiro de 2005 e não se resolvem em 6 meses.
Sucede que o dilema deste governo não se encontra aí. O dilema é que Sócrates disse saber resolver os problemas e tinha para eles uma receita. Ora, o que vemos é precisamente o contrário: cada dia que passa nós vamos ficando com a certeza que tudo não terá sido uma ilusão. Uma triste ilusão. O líder do PS pediu aos portugueses confiança e estes deram-lhe uma maioria absoluta. O primeiro-ministro, para quem o défice era uma mera questão ideológica, propôs-se salvar o Estado Social. Para isso, o investimento público é indispensável no estímulo da economia. Assim sendo, o falhanço de Sócrates e deste governo é uma derrota ideológica. Se a economia, com os planos deste governo, não der sinais de recuperação, será toda uma forma de pensar (naturalmente, socialista e estatal) que é colocada em causa. Sócrates tem nas suas mãos o futuro do regime, mas quem olhe para quem o rodeia, pressente um sentimento de que algo chegou ao fim.
por André Abrantes Amaral @ 8/24/2005 10:53:00 da manhã
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